sábado, 30 de julho de 2022

Eduardo Bolsonaro pode ser incluído em investigações sobre invasão do Capitólio

  |ManchetePolítica |

O deputado americano Jamie Raskin afirmou a representantes de entidades da sociedade civil brasileira que planeja citar o Brasil nas investigações feitas pelo comitê especial da Câmara dos EUA que investiga a invasão do Capitólio, em 6 de janeiro de 2021, por apoiadores do então presidente Donald Trump.

O parlamentar democrata se reuniu nesta sexta-feira (29) com uma comitiva brasileira que está em Washington. De acordo com o relato de participantes do encontro, ele teria ficado surpreso ao saber que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) esteve na capital americana dias antes da invasão do Congresso e se reuniu com pessoas próximas a Trump, informa a Folha de S.Paulo.

Raskin disse ao grupo de brasileiros que uma das linhas da investigação feita pelo Congresso sobre o 6 de Janeiro deve envolver a partir de agora as conexões internacionais da extrema direita americana. Assim, o caso de Eduardo poderá ser incluído entre os temas a serem analisados em breve pelo comitê.

“A reunião para mim foi muito educativa. Está claro que as forças pró-democracia e pró-direitos humanos no Brasil estão com medo de que algo parecido com o que ocorreu nos EUA em 6 de Janeiro [de 2021] possa acontecer em seu país”, disse Raskin, após o encontro.

Questionado por jornalistas sobre a possibilidade de mencionar o Brasil no relatório final da comissão, disse não saber ao certo em que medida entrará em casos específicos. “Thomas Paine disse que os EUA seriam um refúgio para pessoas fugindo da opressão política e econômica, e eu espero que o país cumpra esse papel neste século, derrotando o fascismo e cumprindo um papel de apoiar as democracias, as instituições democráticas e as eleições no mundo todo.”

Em fevereiro do ano passado, os sites americanos Media Matters e Proof apontaram que Eduardo, filho do presidente Jair Bolsonaro (PL), teria se encontrado com o empresário Michael Lindell e outros aliados de Trump envolvidos no planejamento do ataque ao Congresso.

Na ocasião, o deputado brasileiro negou ter participado de reuniões secretas sobre a invasão. Ele esteve em Washington naquela semana e se encontrou com Ivanka Trump, filha do republicano, e Jared Kushner, marido de Ivanka e assessor do então presidente, no dia 4 de janeiro. A Folha entrou em contato com a assessoria de imprensa e com o gabinete de Eduardo nesta sexta, mas não obteve resposta até a publicação deste texto.

Grupos de extrema direita são acusados de terem atuado diretamente no planejamento e no ataque ao Capitólio, que visava a tentar impedir a certificação da vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais de 2020, último passo para confirmar a derrota de Trump. O republicano acusa, desde o pleito, que a votação foi fraudada, mas suas alegações nunca foram provadas.

No Brasil, Bolsonaro também tem feito uma série de ataques ao sistema eleitoral, que incluem ameaças golpistas e a reciclagem de teorias conspiratórias já desmentidas, como parte de sua campanha à reeleição. Esse comportamento alimenta temores de que o presidente pode não aceitar o resultado em caso de derrota e de que seus apoiadores poderiam tentar um movimento como o do 6 de Janeiro.

 

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Comentário do dia: Dez vezes em que o presidente Jair Bolsonaro fez ameaças à democracia


Congresso em Foco | RUDOLFO LAGO A 28.07.2022 16:21

Se Bolsonaro desconhece as vezes em que fez ameaças à democracia, lembramos de algumas delas aqui. Foto: Instagram

O presidente Jair Bolsonaro sentiu claramente o golpe. A carta promovida pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP) já tem mais de 250 mil assinaturas (é possível aderir a ela. Para isso, clique aqui). Na manhã desta quinta-feira (28), Bolsonaro demonstrou o quanto a carta o incomodou. E, na sua reação, o presidente traz alguns argumentos que seriam risíveis se, dados os riscos institucionais que hoje estamos correndo, não fossem trágicos.

A um manifesto que foi iniciativa de uma faculdade de Direito e já conta com mais de 250 mil assinaturas, Bolsonaro atribui a responsabilidade a uma insatisfação de banqueiros com algumas ações do seu governo, que, conforme Bolsonaro, teria inventado o PIX e estaria estimulando o desenvolvimento dos bancos digitais, gerando insatisfação dos bancos tradicionais.

Basta abrir a lista de signatários da carta para perceber claramente que ela é principalmente uma iniciativa inicial da comunidade acadêmica. Todos os primeiros signatários são membros da própria USP ou de outras universidades. Depois, há a adesão de advogados, juristas e ex-ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). O primeiro signatário de alguma forma ligado a bancos é o economista Armínio Fraga, ex-presidente do Banco Central. Há mais de 400 nomes na lista antes de chegar ao nome de Armínio Fraga. Até, por exemplo, o nome do empresário Emerson Kapaz, é preciso ler mais de mil nomes. Mais uma centena depois de Kapaz para chegar a Horácio Lafer Piva. E outro tanto para chegar a José Olympio Pereira, ex-presidente do Credit Suisse. Milhares e milhares de nomes depois, está, por exemplo Luís Eulálio Bueno Vidigal Filho. Mesma situação de Olavo Setúbal, do Banco Itaú.

É mais do que evidente que a carta não foi iniciativa dessa elite bancária e empresarial. Que tem seus nomes na carta misturados ao de artistas, como o compositor, poeta e escritor Chico Buarque ou a cineasta Monique Gardenberg, e até ex-jogadores de futebol como Raí.

Quanto ao argumento furado a respeito do PIX, se tal insatisfação de fato houvesse ela deveria ser dirigida ao governo Michel Temer, que começou a imaginar a ferramenta. O governo Bolsonaro somente a implementou. E não teria havido a rápida adesão ao sistema se os bancos não tivessem da mesma forma que os usuários aderido a ele. Uma reportagem feita pela CNN em fevereiro deste ano informava que, de fato, o PIX teria retirado R$ 1,5 bilhão em receitas dos bancos. Mas dizia que, mesmo com esse impacto, as receitas dos quatro maiores bancos brasileiros tinham atingido R$ 122 bilhões.

O que há, de fato, é uma preocupação com a manutenção da democracia brasileira. E por que banqueiros e empresários preocupam-se com os riscos à democracia e unem-se às demais pessoas nessa preocupação? Porque negócios dependem de previsibilidade. Dependem de estabilidade. Dependem de tranquilidade. E o que mais falta hoje no Brasil são previsibilidade, estabilidade e tranquilidade.

Bolsonaro pergunta, então, qual é a ameaça que ele oferece à democracia. Listamos aqui dez vezes em que o presidente ofereceu ameaça à democracia.

  1. No último domingo, 23 de agosto, o presidente Jair Bolsonaro mais uma vez atacou o Supremo Tribunal Federal (STF). Chamou os ministros de “surdos de capa preta”. Enquanto ele falava, seus apoiadores gritavam que “Supremo é o povo”. O artigo 2º da Constituição afirma que os três poderes da República devem ser “independentes e harmônicos”. A todo momento, o presidente provoca desarmonia entre os poderes. Toda vez que ele provoca desarmonia entre os poderes, ele ameaça a democracia. 
  2. No mesmo domingo, 23 de agosto, o presidente convocou as pessoas a irem às ruas no dia Sete de Setembro “pela última vez”. Para que o Supremo entenda o que é “a voz do povo”. Um princípio basilar do Direito é que o juiz deve julgar de maneira imparcial. Ainda que isso seja uma impossibilidade prática do mundo real, ainda que se sabia que um juiz, como qualquer cidadão, tem suas posições políticas, ele deve se esforçar ao máximo para evitar que elas interfiram nas suas decisões. Os ministros do Supremo devem procurar realizar seus julgamentos à luz do Direito, e não da pressão popular. Se Bolsonaro ou qualquer pessoa do governo diverge de alguma decisão do STF, precisa divergir tecnicamente, com recursos jurídicos. Quando coloca o povo contra as decisões tomadas por um poder, Bolsonaro ameaça a democracia.
  3. Bolsonaro começa a repetir, assim, o que fizera no Sete de Setembro do ano passado, quando disse, em discurso, que não mais obedeceria a decisões judiciais que fossem tomadas pelo ministro Alexandre de Moraes. Qualquer cidadão que desrespeita uma ordem judicial sofre sanções por isso. Normalmente, o cidadão comum vai preso. Quando um presidente diz que não cumprirá uma ordem judicial, dá um péssimo exemplo para os demais cidadãos. Na ocasião, o STF deixou claro ao presidente que, nessa balada, haveria consequências. Bolsonaro recuou. E recuou porque sabia que, naquele momento, ameaçava a democracia.
  4. Quando concedeu perdão ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), que sofreria sanções por desobedecer a ordens judiciais, Bolsonaro realizou o mesmo tipo de ataque. Sinalizou ali que os “amigos do rei” estão libertos de obedecer à Justiça. Tipo de situação que faz engrossar o coro de que “Supremo é o povo”. Quando um dos poderes é desacreditado e tem sua harmonia e independência comprometida, a democracia está ameaçada.
  5. Bolsonaro reuniu embaixadores de diversos países para repetir inverdades sobre o sistema eletrônico de votação. No mínimo, para repetir questionamentos sobre os quais ele não tem a menor comprovação. Valeu-se, assim, da estrutura de governo para lançar questões que só interessam a ele. Quebrou o princípio da impessoalidade. Lançou dúvidas à democracia. É inquestionável aqui a ameaça à democracia.
  6. Ao longo de sua vida política toda, Bolsonaro enalteceu o regime militar brasileiro, que foi uma ditadura. A Comissão Nacional da Verdade (CNV) reconheceu 434 mortes e desaparecimentos políticos ocorridos durante a ditadura militar.
  7. Ao votar a favor do impeachment de Dilma Rousseff, Bolsonaro fez uma homenagem ao general Brilhante Ustra, o primeiro militar brasileiro condenado por tortura. No regime militar, Dilma Rousseff foi torturada. Não há tortura em uma democracia.
  8. Quando deputado, certa vez Bolsonaro pregou o “fuzilamento” do então presidente Fernando Henrique Cardoso. Curiosamente pela defesa que Fernando Henrique fazia á época da privatização de estatais. Hoje, o presidente Bolsonaro privatiza a Eletrobrás e seu ministro da Economia, Paulo Guedes, defende a privatização da Petrobras. Pode-se até discutir a privatização de estatais. Mas sugerir fuzilamento de presidente é ameaça à democracia.
  9. Em uma entrevista em 1999, Bolsonaro pregou que os problemas brasileiros só se revolveriam com uma guerra civil em que morressem “uns 30 mil”. Emendou dizendo que morreriam “uns inocentes, mas tudo bem”. O estado democrático de direito não pode admitir por normal uma situação em que morram inocentes. A declaração é uma ameaça à democracia.
  10. Somente pela covid-19, já morreram no Brasil mais de 600 mil inocentes.


Se Bolsonaro não percebe as seguidas ameaças que faz à democracia, e o dano que isso provoca, dado ele ser o presidente da República, ainda há tempo de mudar. Há gente no seu entorno, inclusive, que o vem aconselhando nesse sentido.




AUTORIA

RUDOLFO LAGO 

Diretor do Congresso em Foco Análise. Formado pela UnB, passou pelas principais redações do país. Responsável por furos como o dos anões do orçamento e o que levou à cassação de Luiz Estevão. Ganhador do Prêmio Esso. rudolfo@congressoemfoco.com.br



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sexta-feira, 29 de julho de 2022

A chacina sem capuz e a estatização das mortes

questões de segurança pública

No Rio de Janeiro, atividade criminosa de grupos de extermínio foi substituída pela ação brutal de policiais em serviço

Daniel Hirata, Carolina Grillo, Diogo Lyra e Renato Dirk | 28 jul 2022_14h11
 https://piaui.folha.uol.com.br/wp-content/uploads/2022/07/chacina-home.jpg

Mais de trinta anos após a promulgação da Constituição de 1988, a assustadora frequência das chamadas chacinas policiais, praticadas por policiais em serviço, demonstra que a violência de Estado contra a população pobre, negra e favelada ou periférica é característica intrínseca à nossa “democracia”. No Rio de Janeiro, a ostentação da violência policial em massacres avalizados por autoridades públicas, contra a ordem democrática, parece integrar o fenômeno a que denominamos “desencapuzamento”: a paulatina substituição da atividade criminosa dos grupos de extermínio pela atuação brutal de policiais em serviço, especialmente em operações de incursão em favelas. As chacinas ocorridas na década de 1990 eram praticadas por grupos de extermínio formados por policiais ou ex-policiais, mas resultaram, majoritariamente, de atividades extraoficiais desses agentes. Foi a partir dos anos 2000 que as práticas de extermínio passaram a contar com crescente e escancarado respaldo institucional, tendência que se agravou a partir dos anos 2010 e que encontra hoje o seu ápice.

Três das cinco maiores chacinas policiais da história do Rio de Janeiro ocorreram nos últimos quinze meses, sob a vigência de uma decisão do Supremo Tribunal Federal que restringiu a realização de operações policiais enquanto durasse a pandemia da Covid. A maior delas, que resultou em 28 mortes, ocorreu no bairro do Jacarezinho, em 6 de maio de 2021, foi nomeada pela Polícia Civil de Operação Exceptis, em alusão à excepcionalidade das operações interposta pelo STF. Na ocasião, o representante da Polícia Civil criticou o “ativismo judicial” que estaria “impedindo o trabalho da polícia”. Pouco mais de um ano depois, a chacina da Penha resultou em mais 23 mortes. Segundo o porta-voz da Polícia Militar, a culpa seria do STF, que estaria provocando a “migração de criminosos de outros estados”. Na quinta-feira da semana passada, após a chacina no Alemão, com dezessete mortos, autoridades policiais chamaram defensores de direitos humanos de “narcoativistas”. O presidente da República se pronunciou sobre existirem “áreas protegidas pelo STF” onde “a bandidagem cresce”.

A liminar do STF, alvo dessas acusações, foi proferida no âmbito da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental de nº 635, a ADPF das favelas, iniciada por uma coalizão de movimentos de favelas e familiares de vítimas de violência de Estado. A ação assegurou parâmetros legais para a realização de operações policiais, interrompendo uma escalada ininterrupta da violência policial (crescimento de 313% de 2013 até 2019). Em 2020 observou-se a maior redução anual na letalidade policial dos últimos quinze anos (em 34%). Isso ocorreu concomitantemente a uma redução tanto os crimes contra vida (24%), como dos crimes contra o patrimônio (39%), demonstrando que o respeito aos direitos humanos não se opõe ao controle do crime.

A trégua experimentada pelos moradores de favelas em 2020 foi interrompida desde a ascensão de Cláudio Castro ao governo do Rio de Janeiro, quando a liminar do STF passou a ser deliberadamente desobedecida. Segundo dados do datalab Fogo Cruzado, nos últimos anos as ações oficiais produziram quase três vezes mais chacinas (ocorrências com três ou mais mortes), do que a soma de todos os grupos armados (facções do tráfico de drogas e milícias) e vitimaram praticamente o triplo de pessoas. Está em curso um fenômeno de “estatização das mortes”, no qual o peso da letalidade policial no total das mortes violentas foi avançando ao longo dos últimos anos. Em 2021 as polícias foram responsáveis por um terço do total das mortes na região metropolitana do Rio (35%), três vezes o limiar considerado aceitável por parâmetros internacionais (10%) e até mesmo que a média brasileira (12,9%). Não seria de se esperar que com o avanço do regime democrático o uso da força pelo Estado fosse publicamente pactuado e limitado legalmente?

Nossa hipótese é de que, historicamente, as polícias do estado do Rio de Janeiro reagiram com violência e por meio de chacinas às tentativas de controle democrático de sua atividade. As duas gestões de Leonel Brizola (1983-87 e 1991-94) enfrentaram esses problemas. Em seu primeiro governo, procurou impor limites práticos ao exercício arbitrário do uso da força, como a proibição das invasões de domicílio em favelas ou das prisões para averiguação. A polícia reagiu a essas mudanças se recusando a fazer seu trabalho, em uma espécie de greve branca e de chantagem – o suficiente para criar uma sensação de “desordem” que seria amplificada pelos jornais e canais de televisão.

Foi na esteira desse processo que Moreira Franco (1987-91) se elegeu, prometendo acabar com a violência em seis meses. Restituiu à polícia a permissão para exercer a sua discricionariedade autoritária, e esse descontrole potencializou a imersão de agentes policiais em mercados criminais de roubos, sequestros e extorsões. Esse modelo autoritário de polícia foi rechaçado nas urnas em 1990, e Brizola assumiria novamente com a missão de combater os grupos de extermínio dentro da polícia. Grupos de policiais encapuzados responderam ao governo estadual através de massacres como a chacina de Acari (1991); as chacinas da Candelária e de Vigário Geral, em 1993. O motim policial anunciava uma nova fase de enfrentamento e desestabilização dos governos.

Já no mandato de Marcello Alencar (1995-99), a letalidade policial passou a ser premiada com uma bonificação que chegava a triplicar o salário dos agentes que matavam mais – era a época da gratificação faroeste. Com esse estímulo, as chacinas foram incorporadas ao modus operandi das corporações, tornando-se uma política de Estado. Esse é o momento em que as chacinas passam a mudar de autoria, migrando dos grupos de extermínio para o cotidiano das polícias. Começa aí o processo de “desencapuzamento” das chacinas. Mesmo que em algumas operações os policiais ainda estejam de rosto coberto (numa prática questionável do ponto de vista da transparência do serviço público), o que se vê é que as mortes cometidas por policiais contam com a anuência das autoridades.

Essa trajetória foi brevemente interrompida no governo de Anthony Garotinho (1999-2002) que, sob os auspícios de Luiz Eduardo Soares, investiu na modernização da polícia, até que este fosse exonerado do cargo de subsecretário de Segurança Pública depois de denunciar a chamada “banda podre” da polícia e virar alvo de ameaças desse grupo. Foi então que grupos criminosos de policiais começaram a se organizar sob a forma das milícias, que se tornaram conhecidas durante o governo Rosinha Garotinho (2003-07). É também no mandato de Rosinha que novos dispositivos jurídicos propiciaram o cerco autoritário às favelas: mandados de busca e apreensão genéricos, contra comunidades inteiras, passaram a ser expedidos; o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro confere ao testemunho do policial o status de fé pública, a partir da Súmula 70; e os delegados passaram a autuar moradores de favela que protestavam contra a brutalidade policial pelo crime de associação ao tráfico.

 O programa das Unidades de Polícia Pacificadora, iniciado no governo de Sérgio Cabral Filho, proporcionou um período de significativa contenção da letalidade policial, pois, com a ocupação permanente de favelas, as operações policiais se reduziram drasticamente. Já o governo de seu sucessor, Luiz Fernando Pezão, foi marcado pela crise política e econômica e a falência fiscal do governo do estado – a letalidade policial e as chacinas em operações subiram drasticamente, concomitante ao aumento de todas as demais ocorrências criminais. Essa piora dos indicadores culminou, em 2018, com uma intervenção federal na segurança pública do estado, coordenada por um general do Exército, e abriu caminho para a chegada ao poder da extrema direita, representada no Rio de Janeiro pela chapa Wilson Witzel/Cláudio Castro.

O primeiro ano do governo Witzel conseguiu atingir a cifra macabra de 1814 mortos pelas polícias e 75 chacinas policiais, os patamares mais elevados de toda a série histórica – tanto a do ISP, a partir de 1999, como a do Geni/UFF, que analisa os dados desde 2007. A extinção da Secretaria de Segurança Pública (Seseg) e da Corregedoria Geral Unificada (CGU) conferiu grau máximo de autonomização às polícias, que passaram a atuar de forma ainda mais brutal. As chacinas se tornaram ainda mais frequentes. Foram sendo fechados os poucos canais de diálogo entre o estado e a sociedade civil, o que impulsionou a utilização dos meios judiciais como forma de enfrentamento da letalidade policial, como no caso da Ação Civil Pública da Maré e, atualmente, a ADPF das Favelas – no âmbito da qual se conseguiu que o STF circunscrevesse algumas das devidas cautelas durante a atuação das polícias em operações.

Algumas das conquistas populares na justiça e contra as quais a polícia se insurge atualmente são: a solicitação da presença de ambulâncias durante operações; a proibição de utilizar escolas, creches e hospitais como bases operacionais; a exigência de que as cenas dos homicídios sejam preservadas; a prioridade de investigação dos casos envolvendo a morte de crianças e adolescentes; e a investigação independente de homicídios de autoria policial, dentre outras medidas visando à preservação da vida e a observância à lei. Resta saber em que sentido essas conquistas “atrapalham o trabalho policial”. Que tipo de atividade policial é essa que não pode ser submetida a nenhum controle legal?

As políticas de segurança pública baseadas no confronto armado e no extermínio de suspeitos proporcionam custos altíssimos à sociedade e não contribuem para a diminuição da ocorrência de crimes, mas proporcionam retornos eleitorais. Além dos números inaceitáveis de mortos, todos os dias milhares de pessoas são impedidas de comparecer ao trabalho e a escolas, creches e serviços de saúde deixam de funcionar nas áreas onde a polícia realiza operações. Enquanto isso, os grupos armados dispõem de um contingente pronto para substituir agentes do rés ao topo da hierarquia criminal. A ausência de controles sobre as incursões armadas em favelas colabora para a corrupção do aparato policial, pois o uso não regulado da força oficial abre caminho para a obtenção de vantagens privadas.

Defender que as chacinas policiais são eficientes para o controle do crime é negacionismo ou, pior, perversidade. As chantagens e chacinas que se sucedem às tentativas de controle democrático da atividade policial são os maiores sintomas de algo que cresce corroendo as instituições democráticas. Já não se trata mais apenas de uma questão de segurança pública, mas da própria democracia.


Daniel Hirata, Carolina Grillo, Diogo Lyra e Renato Dirk

Coordenadores do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense (Geni/UFF).

 

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ARTIGO: Não vai ter golpe!


PODER | Redação | Opinião | Paulo Baía·| 29 de julho de 2022 - 06:15 |

Última atualização:


 * Paulo Baía

O ministro da Defesa, General Paulo Sérgio Nogueira, até pouco tempo atrás Comandante Geral do Exército Brasileiro nomeado por Jair Bolsonaro, participou da conferência da décima quinta Conferência de Ministros da Defesa das Américas, em Brasília, e afirmou seu respeito à democracia.  Tenho ido na contramão da análise de muitos jornalistas e da maioria dos cientistas políticos e sociólogos, que falam o tempo todo em golpe, em risco à democracia. Eu sempre digo que a democracia, por sua própria característica, tem que ser barulhenta, tem que ser conflituosa  e sempre, no regime democrático, a democracia está em risco, existem pessoas totalitárias. Outra coisa que afirmo é que o Presidente da República, Jair Bolsonaro, não tem apreço pelo regime democrático, por ele existiria uma ditadura.

 O presidente Jair Bolsonaro não é um democrata. Foi eleito no regime democrático, foi eleito por eleições com regras democráticas e é legitimamente presidente da república, mas ele não tem apreço pela democracia. O fato de ele não ter apreço pela democracia, o fato de ele ter permanentemente, ao longo de seu mandato, feito falas e provocações contra a democracia, não significa que a democracia brasileira está prestes a sofrer um golpe. Creio efetivamente que as instituições que poderiam lastrear um golpe de estado tradicional, ou de novo tipo como da Turquia, não estão apoiando essa decisão, não entrariam nessa aventura. Digo, o conjunto das Forças Armadas, as três armas: o exército brasileiro, a marinha brasileira e a aeronáutica brasileira, assim como o sistema financeiro brasileiro com suas conexões internacionais. Portanto, hoje você não tem uma conjuntura semelhante a dos anos 60 e 70, da mesma forma que não existe uma conjuntura parecida nas Américas com a possibilidade de um golpe de estado, como aconteceu na Bolívia, por exemplo, em que se deu um golpe de estado atípico, sem o apoio das forças armadas, mas comandado por milícias de policiais civis e liderança da igreja católica ultraconservadora.  Meses depois se reverteu a situação. Existe hoje um papel vigilante da organização dos Estados Americanos, existe um papel vigilante da Organização das Nações Unidas e de toda a sociedade civil brasileira. Aliás, no momento, é muito  bem-vindo e bem visto o manifesto a favor da democracia intitulado ‘Carta pela Democracia’, que já tem mais de 300 mil assinaturas por todo o Brasil. Espero que chegue a 50 milhões,  a 100 milhões de assinaturas, porque disso a democracia precisa: a democracia precisa que sempre vocalizemos que queremos mais e mais democracia. Apesar dos defeitos da democracia, apostar em soluções autoritárias, tanto à esquerda como à direita, é um ato estéril, pois não existe autoritarismo que seja melhor do que a pior democracia.

Eu sou a favor da democracia como valor universal, assim eu creio que o fato do ministro da defesa, representando o estado brasileiro e o governo brasileiro, não hesitar em assinar a Declaração de Brasília, documento que reforça o apoio à Carta Democrática Interamericana, junto a todos os ministros da defesa das Américas é a grande notícia desse final do mês de Julho. E não o fato de que vamos ter golpe. Muita gente me chama de bobo ou de ingênuo por dizer que não vai ter golpe. A página me parece virada em relação à sociedade brasileira e a própria democracia brasileira e, digo eu, todas as democracias são falhas e a sociedade brasileira tem muitos erros  estruturais históricos: o racismo escravista é um deles.

Para finalizar digo: a grande notícia, que meus colegas da mídia e meus colegas das Universidades não estão comentando, é a carta divulgada no dia 28 de julho  defendendo a democracia.  Essa carta é um pacto pela democracia que todos os países fazem, ou seja, todos os países da Organização dos Estados Americanos não permitirão que um dos signatários dessa carta apoiem um golpe de estado. Da mesma maneira que afirmo: não existe viabilidade técnica, financeira ou operacional para um golpe de estado no Brasil  antes ou após as eleições.

O que veremos, venho falando em todas as matérias que escrevo, é uma eleição muito tensa, uma eleição violenta, uma eleição com mortes, uma eleição com atentados, uma eleição com brigas de rua, mas sobretudo porque ela está polarizada, e o fato do Presidente da República que é candidato à reeleição, estar muito bem posicionado e ser contra a democracia gera essa nostalgia de “vai ter um golpe”. Teremos eleições tensas e quem ganhar a eleição tomará posse, seja Jair Bolsonaro, seja Luiz Inácio Lula da Silva, seja Ciro Gomes, seja Simone Tebet,  seja quem for o vencedor.

 * Sociólogo, cientista político, técnico em estatística e professor da UFRJ.

 

https://www.agendadopoder.com.br/opiniao/artigo-nao-vai-ter-golpe%ef%bf%bc/ 


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quinta-feira, 28 de julho de 2022

A corrupção no governo Bolsonaro: PF encontra transações entre “laranjais” de deputado do PL e de suspeitas na Codevasf

 

 Gustavo Kaye·| GeralManchete·28 de julho de 2022 - 16:33

 

Empresas ligadas a Josimar Maranhãozinho (PL-MA) fizeram pagamentos a construtoras de supostos laranjas de preso na operação de corrupção ligada à Codevasf. A informação é do jornal Folha de São Paulo, que aprofunda as ligações entre os dois casos na edição de hoje.

A Polícia Federal encontrou transações financeiras entre empresas que são alvos de duas investigações até agora paralelas. Uma trata de supostas fraudes com verbas da estatal federal Codevasf, enquanto no outro caso é apurado se o deputado licenciado Josimar Maranhãozinho ( PL-MA) comandou um esquema de desvio de emendas parlamentares do orçamento secreto.

Os dados em posse dos investigadores mostram que uma empresa que tem o congressista como sócio formal, além de outra da qual ele é apontado como dono oculto, fizeram repasses a construtoras ligadas ao empresário Eduardo José Barros Costa.

Conhecido como Eduardo DP ou Eduardo Imperador, o empresário foi preso no último dia 20 em ação da PF, e solto três dias depois, sobre suposto desvio de dinheiro em convênios da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) com prefeituras do Maranhão.

A polícia não citou no pedido de prisão uma ligação entre os esquemas atribuídos pelos investigadores a Eduardo DP e a Maranhãozinho.

Folha verificou as conexões ao cruzar os dados das apurações relativas à Codevasf com os dos autos do inquérito em trâmite no STF (Supremo Tribunal Federal) contra o parlamentar.

Ainda que os agentes concluam que há relação entre estes casos, Maranhãozinho tem prerrogativa de foro e só pode ser alvo de apurações por determinação do STF.

Relatórios de inteligência financeira do Conselho de Controle de Atividades Financeiras analisados pela PF mostram que a Construtora Madry, que pertence formalmente ao congressista, transferiu R$ 100 mil para a E. R. Distribuição de Asfalto, que tem Eduardo DP como sócio oculto, segundo as apurações policiais. Este valor foi repassado entre setembro de 2019 e o mesmo mês do ano seguinte.

A investigação ainda encontrou repasses de ao menos R$ 215 mil da Águia Farma, da qual o deputado é suspeito de ser sócio oculto, para a Construservice, empreiteira pivô de investigações sobre fraudes com verbas da Codevasf.

O empresário Eduardo DP é sócio oculto da Construservice, como mostrou a Folha em maio. A empresa utiliza laranjas para vencer obras de pavimentação com verbas da Codevasf.

A transação entre a Águia Farma e a Construservice foi feita entre 2016 e junho de 2021, segundo a PF. Os dados foram analisados dentro da investigação sobre o desvio do dinheiro da estatal federal.

Após diligências, os policiais ainda concluíram que a Construservice e a E. R. são, na prática, a mesma empresa e que os próprios funcionários delas reconhecem Eduardo DP como o real proprietário.

Já há uma investigação contra Maranhãozinho em trâmite no STF aponta que o congressista é o dono de fato da Águia Farma. Nesta apuração, o deputado licenciado é suspeito de desviar dinheiro de emendas parlamentares.

A Águia Farma estaria formalmente registrada em nome de laranjas do deputado, uma delas empregada doméstica de Maranhãozinho, afirma o mesmo inquérito no Supremo.

O congressista ainda foi formalmente sócio da Águia Farma de agosto de 2013 a julho de 2015, mas depois deu lugar a esta suposta laranja, segundo uma apuração do Ministério Público no Maranhão.

Além da Águia Farma e da Construtora Madry, da qual Maranhãozinho é dono, aparecem nos relatórios da PF sobre a suposta fraude com verbas da Codevasf uma terceira firma, cujo controle de fato também é atribuído ao parlamentar no STF.

É a Joas Empreendimentos e Serviços, que no papel pertence à suposta empregada doméstica do deputado, além de outra pessoa. A firma repassou R$ 158 mil à E. R.

Levantamento da Folha nos registros da Câmara dos Deputados mostra que a Joas, cujo nome fantasia é TV Maranhão, recebeu do gabinete do parlamentar R$ 12 mil para divulgar nas redes sociais as atividades do parlamentar.

A Joas ainda emitiu notas fiscais de R$ 8.000 para prestar o mesmo serviço ao gabinete do deputado federal Paulo Marinho (PL-MA), suplemente de Maranhãozinho.

Eduardo DP também utiliza ao menos um funcionário particular como laranja em empresas.

Um dos dois sócios formais da Construservice é o motorista Adilton da Silva Costa.

Em depoimento de 2015 para investigação da polícia civil do Maranhão, ele reconheceu trabalhar para a família do empresário desde 1982 e disse que recebia um salário mínimo, sem carteira assinada, para fazer serviços gerais.

Folha não conseguiu contato com a Joas e Águia Farma nem com os sócios formais destas empresas. Procurada, a E. R. não se manifestou. Os advogados de Maranhãozinho também não se manifestaram sobre os dados levantados pela PF.

O deputado licenciado é filiado ao mesmo partido do presidente Jair Bolsonaro (PL). Após a revelação de casos como o da Codevasf, o mandatário mudou o discurso sobre corrupção em seu governo.

A estatal federal foi entregue por Bolsonaro ao controle do Centrão em troca de apoio político.

 

https://www.agendadopoder.com.br/manchete/a-corrupcao-no-governo-bolsonaro-pf-encontra-transacoes-entre-laranjais-de-deputado-do-pl-e-de-suspeitas-na-codevasf/ 


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Governadores de 16 Estados e DF são favoritos à reeleição


Em Espírito Santo, Mato Grosso, Pará e Rio Grande do Norte disputa pode ser decidida já no 1º turno; Poder360 compilou pesquisas


Rafael Barbosa e Victor Schneider 28.jul.2022 (quinta-feira) - 5h50

Claudio Castro, Romeu Zema e Ibaneis Rocha em foto prismada
Os governadores Cláudio Castro (esq.), Romeu Zema (centro) e Ibaneis Rocha (dir.) concorrem à reeleição no Rio de Janeiro, Minas Gerais e Distrito Federal, respectivamente


                                                     

Goveres de 16 Estados e do Distrito Federal lideram as últimas pesquisas de intenção de voto e podem ser reeleitos em outubro para um 2º mandato. Levantamento do Poder360 compilou os estudos mais recentes com metodologias confiáveis e das quais foi possível verificar a origem das informações em 24 unidades da Federação, os disponíveis até o momento.

Renato Casagrande (PSB-ES), Mauro Mendes (União Brasil-MT), Helder Barbalho (MDB-PA) e Fátima Bezerra (PT-RN) podem vencer já no 1º turno. Esses pré-candidatos têm mais intenções de voto que todos os outros adversários somados.


O PT, com Fernando Haddad, está em 1º em São Paulo –unidade da Federação com mais eleitores aptos a votar (34,7 milhões). Em 2018, o Estado elegeu João Doria, do PSDB. Rodrigo Garcia, vice do tucano, assumiu o governo local em março de 2022, e vem crescendo nas pesquisas.

No 2º maior colégio eleitoral do Brasil, Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) está em 1º lugar. O mineiro busca a reeleição. O ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD) aparece logo na sequência.

No Rio de Janeiro, o governador Cláudio Castro (PL) está numericamente à frente, mas empatado no limite da margem de erro com o deputado Marcelo Freixo (PSB).

O levantamento do Poder360 entende como candidatos competitivos os que lideram em 1º lugar isolados ou estão empatados, dentro da margem de erro, nessa posição. Foram considerados os nomes testados no cenário estimulado com mais pré-candidatos. Em caso de mais de uma simulação com a mesma quantidade de nomes, foi considerada a elencada como principal pela empresa de pesquisa.

Entre os partidos, o União Brasil é –atualmente– a sigla com mais pré-candidatos competitivos nos Estados, 6 no total.

Com a adição de Mato Grosso Sul e Roraima, ausentes no levantamento anterior, e a ascensão de Paulo Dantas em Alagoas, o MDB saltou de 2 para 5 nomes competitivos e agora aparece em 2º lugar no ranking.

O PT e o PL, partidos de Lula e Jair Bolsonaro, ainda patinam nos Estados. As alianças mais fortes são com candidatos de outras siglas –como Kalil (PSD-MG), com o PT, e Ibaneis (MDB-DF), com o PL

 


A entrada de novos quadros no PSB –Marcelo Freixo, no Rio, e João Azevêdo, na Paraíba– ajudou a sigla a ganhar força. O partido tem agora 4 candidatos competitivos a governador.

Todos os levantamentos estão disponíveis no Agregador de Pesquisas do Poder360, o mais completo acervo de dados de estudos eleitorais disponível no Brasil.


Em caso de erro nos quadros acima, envie uma mensagem no e-mail: erro-em-pesquisa@poder360.com.br.

ÍNTEGRA DE PESQUISAS Os levantamentos compilados pelo Poder360 estão registrados na Justiça Eleitoral nos seguintes números:


  • AC-04884/2022; 
  • AL-07421/2022; 
  • AM-02872/2022; 
  • BA-05185/2022; 
  • CE-05080/2022; 
  • DF-02081/2022; 
  • ES-01975/2022; 
  • GO-02114/2022; 
  • MA-01386/2022; 
  • MT-00632/2022;
  • MS-04968/2022; 
  • MG-05124/2022;
  • PA-02344/2022; 
  • PB-08632/2022; 
  • PR-06745/2022; 
  • PE-01527/2022; 
  • PI-00421/2022; 
  • RJ-07420/2022; 
  • RN-08156/2022; 
  • RS-07079/2022; 
  • RR-04257/2022; 
  • SC-06333/2022; 
  • SP-05804/2022; 
  • TO-04883/2022.


O levantamento do Poder360 não é uma pesquisa eleitoral. As informações são de responsabilidade das empresas que fizeram os levantamentos. Eis as íntegras.

AGREGADOR DE PESQUISAS 

O Poder360 mantém acervo com milhares de levantamentos com metodologias conhecidas e sobre os quais foi possível verificar a origem das informações. Há estudos realizados desde as eleições municipais de 2000. Trata-se do maior e mais longevo levantamento de pesquisas eleitorais disponível na internet brasileira.

O banco de dados é interativo e permite acompanhar a evolução de cada candidato. Acesse o Agregador de Pesquisas clicando aqui.

As informações de pesquisa começaram a ser compiladas pelo jornalista Fernando Rodrigues, diretor de Redação do Poder360, em seu site, no ano 2000. Para acessar a página antiga com os levantamentos, clique aqui....
 

autores 

Rafael Barbosa editor-assistente enviar e-mail rafaelbqo 

Victor Schneider REDATOR enviar e-mail
colaborou: Vitória Queiroz 



https://www.poder360.com.br/eleicoes/governadores-de-16-estados-e-df-sao-favoritos-a-reeleicao/


 

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Alianças, plano de segurança e transparência são elementos básicos para cobrir a Amazônia, dizem jornalistas especializados na região


Com o aumento da preocupação global com as mudanças climáticas, meios de comunicação do mundo todo passaram a ver com crescente interesse a Amazônia, considerada por muitos como o epicentro do aquecimento global.

Por César López Linares | 26 julho, 2022



No entanto, depois que o jornalista britânico radicado no Brasil Dom Phillips e o indigenista brasileiro Bruno Pereira desapareceram enquanto realizavam uma cobertura na floresta em junho deste ano, e foram encontrados mortos dias depois, se impuseram no centro da discussão os perigos que a cobertura da Amazônia representa para os trabalhadores da imprensa.

Assim como Phillips e Pereira, cerca de 60 líderes e moradores indígenas foram mortos entre 2016 e 2021 na região amazônica de Brasil, Colômbia, Equador e Peru, segundo o site especialista em meio ambiente Mongabay. De acordo com o site, acredita-se que, na maioria dos casos, os possíveis autores dos referidos assassinatos sejam membros de grupos dedicados a atividades ilícitas, como tráfico de drogas ou mineração e extração ilegais de madeira.

Mas, apesar das circunstâncias, a cobertura jornalística na Amazônia continuou e se fortaleceu nos últimos anos graças a múltiplos fatores, entre os quais se destacam o jornalismo colaborativo, iniciativas de organizações não governamentais e metodologias com novas tecnologias.

Consultados pela LatAm Journalism Review (LJR), cinco jornalistas com experiência na cobertura de conflitos na Amazônia compartilharam algumas medidas e dicas básicas para uma cobertura bem-sucedida e segura dessa região natural da América do Sul.

1. Elabore um plano de ação detalhado

Antes de pisar em território amazônico, jornalistas que vão fazer uma investigação devem ter um plano estabelecido em forma de roteiro, detalhando exatamente o que querem alcançar e como vão chegar lá.

Fazer investigação documental prévia e identificar as fontes com antecedência é o mais fundamental, segundo jornalistas que cobrem aquele território. Também é aconselhável consultar pessoas que conhecem melhor o território, como ambientalistas, cientistas, jornalistas comunitários da Amazônia ou organizações sem fins lucrativos, entre outros.
O co-fundador da InfoAmazonia, Gustavo Faleiros, disse que o planejamento detalhado é essencial antes de sair para o campo. (Foto: Twitter)

“Toda situação precisa de um planejamento super detalhado. É quase fazer uma história antes da história. E isso eu diria que é o começo: nunca saia pensando 'agora eu vou e vamos ver o que acontece'”, disse Gustavo Faleiros, cofundador do portal brasileiro de geojornalismo e jornalismo de dados InfoAmazonia, à LJR. "Muito antes de entrar em campo, muita atenção e planejamento são essenciais, pois as situações sempre mudam."

A partir do planejamento dessa abordagem inicial, o jornalista deve estar ciente de que os conflitos dentro da Amazônia são complexos e requerem contexto suficiente para que os leitores possam entendê-los em sua devida dimensão. Portanto, os repórteres devem entender que sua abordagem dos fenômenos da Amazônia não pode ser a mesma que exercem em outras coberturas, mesmo de outras regiões naturais, considera o jornalista colombiano César Molinares.

“Muitas vezes o que eles procuram são notícias e isso [a Amazônia] tem outra narrativa, tem outra aproximação”, disse Molinares à LJR. "Estamos acostumados a um jornalismo mais urbano, mas [a Amazônia] tem outra face, outros riscos, outra abordagem."

2. Tenha protocolos de comunicação claros

Os mecanismos de busca para localizar Dom Phillips e Bruno Pereira foram acionados quando a dupla não comunicou sua chegada à cidade de Atalaia do Norte, onde deveriam ter chegado na manhã do domingo em que foi noticiado o desaparecimento.

Por isso, é fundamental que qualquer jornalista que pretenda entrar na Amazônia estabeleça protocolos de comunicação detalhados com sua equipe na redação.
O jornalista César Molinares acredita que uma abordagem diferente deve ser adotada ao cobrir a Amazônia. (Foto: livestream do YouTube)

“O que precisamos é de treinamento [...] em como manter a comunicação e como responder a situações de emergência em todas as investigações de campo que incluem viagens a locais com algum risco. Os protocolos de comunicação devem ser muito claros e com uma resposta muito clara em caso de prisão ou desaparecimento”, disse Faleiros.

Molinares concorda que, muito antes de sair a campo, deve-se definir claramente quem será o integrante da redação que acompanhará a cobertura, quem atuará como contato de emergência e deverá estar pronto para responder em caso de qualquer eventualidade.

Da mesma forma, os protocolos de comunicação devem incluir quem o denunciante deve contatar em caso de emergência no local, bem como quem são as autoridades locais que podem apoiá-lo.

“Você tem que ter as provisões de segurança, avisar toda vez que chegar a algum lugar, ligar para um contato e dizer 'cheguei a esse local”, disse Molinares.

3. Estabeleça colaborações e alianças

Fazer esforços investigativos concentrados entre dois ou mais meios de comunicação, ou entre meios de comunicação e organizações sem fins lucrativos, ajuda a aprofundar as histórias e ampliar seu alcance e difusão. Mas no caso da Amazônia, o jornalismo colaborativo é um fator que também contribui para questões de segurança e na difusão das mensagens adequadas.

“As alianças são algo que facilita as reportagens, as aprofunda. Se eu quiser entender como é a mineração na Venezuela, é muito mais fácil para mim entrar em contato [com jornalistas locais] para colaborar do que tentar ler os documentos sozinho e tentar entender tudo desde o início”, disse à LJR o jornalista independente brasileiro Hyury Potter.

O jornalista realizou investigações na Amazônia com o apoio da Rainforest Investigations Network (RIN) do Pulitzer Center e em aliança com organizações como a norte-americana Earthrise Media, que se dedica a desenvolver iniciativas de inteligência artificial, machine learning e design para combater as mudanças climáticas.

A RIN promove a colaboração transfronteiriça para "abordar histórias na interseção das mudanças climáticas, corrupção e governança nas três principais regiões de floresta tropical do mundo: a Amazônia, a Bacia do Congo e o Sudeste Asiático".

No caso da segurança de jornalistas que cobrem a Amazônia, as alianças são um fator importante quando os meios da região se juntam à equipe.
O jornalista Hyury Potter, natural da Amazônia brasileira, fez reportagens investigativas em parceria com o Centro Pulitzer. (Foto: Twitter)

“Criar condições para que esses jornalistas cheguem ao lugar com segurança, acredito, pode ser alcançado com colaborações entre meios locais e internacionais: levando os recursos que meios internacionais têm para os meios locais e abrindo frentes de investigação”, disse Faleiros.

O interesse de meios internacionais pela Amazônia vem crescendo desde a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2007 em Bali, na Indonésia, que incluiu formalmente o desmatamento na agenda climática global, de acordo com um estudo da cientista Anne R. Kapuscinski, editora-chefe da revista Elementa: Science of the Anthropocene da Universidade da Califórnia em Santa Cruz.

Para esses jornalistas estrangeiros, é fundamental colaborar com os colegas locais para entender o contexto da floresta, livrar-se de vieses e preconceitos, bem como transmitir as mensagens corretas e evitar a reprodução de estereótipos, acredita Potter.

“É importante quando as pessoas da Amazônia contam as histórias da Amazônia porque nós temos uma visão diferente, uma forma diferente de contar histórias, sem preconceitos”, disse o jornalista, que é natural de Belém, capital do estado brasileiro do Pará e um dos pontos de entrada para a floresta amazônica. “Outra forma seria o jornalista morar na Amazônia por meses, mas isso é difícil de fazer e é muito caro. Então [...] acho que a forma mais prática é entrar em contato com jornalistas locais e tentar fazer alianças”.
4. Aja com transparência

Identificar-se como jornalista na Amazônia pode ser perigoso, porque grupos criminosos que atuam na floresta e algumas autoridades tendem a ver a imprensa como inimiga, segundo Faleiros. O mesmo acontece com ambientalistas e defensores de direitos humanos cujas agendas são consideradas contrárias aos interesses desses grupos, pelos quais se sentem empoderados para atacá-los.

No entanto, é aconselhável que os repórteres que cobrem a floresta ajam com total transparência na interação com as comunidades e grupos que ali vivem, concordam os jornalistas.

“Jamais aconselharia alguém a criar algum tipo de mentira ou disfarce para fazer uma investigação”, disse Faleiros. "Não é assim que se faz, você sempre tem que ser bem claro ao investigar, dizer 'sou jornalista'. Isso, em qualquer situação”.

“Sou muito contrário a câmeras escondidas ou a não dizer quem você é”, disse Molinares por sua vez. "Você tem que dizer isso nessas áreas."
Alexis Serrano, editor do Equador Chequea, enfatizou a importância de combater a desinformação sobre a Amazônia. (Foto: Twitter)

Apresentar-se como um membro da imprensa faz parte da conquista da confiança dos habitantes e das fontes amazônicas no terreno, o que pode ser um grande desafio, já que os meios externos não fazem parte da realidade de muitas dessas comunidades.

“Não é fácil ganhar a confiança das pessoas nesta região”, acrescentou Molinares. “Estamos indo para comunidades onde as formas de comunicação são diferentes: se comunicam por rádio-telefone, voz a voz, não têm televisão, não têm internet, não sabem o que são os meios de comunicação, então não é fácil para você chegar e dizer 'sou jornalista, me conte sua história'”.

O apoio de fixers ou jornalistas comunitários geralmente facilita o acesso às comunidades que estão nos pontos mais remotos da floresta, além de poderem servir como facilitadores no processo de conquista da confiança dos moradores, disse o jornalista colombiano, quem este ano realizou investigações como “El ganado acorrala a la Amazonía” e “La deforestación tras la carne que comemos en Bogotá” para o meio independente 360-grados.co.
5. Coloque a lupa na desinformação

Em abril deste ano, o Facebook revelou que dois oficiais do Exército brasileiro foram responsáveis ​​por divulgar informações falsas sobre desmatamento na Amazônia e atacar organizações legítimas desde o perfil de uma suposta ONG ambientalista.

Em 2019, uma série de imagens de supostos incêndios florestais na Amazônia viralizou após ser compartilhada por políticos e celebridades de diversos países, na tentativa de conscientizar sobre a crise climática. Mais tarde descobriu-se que essas imagens não correspondiam à floresta amazônica ou haviam sido feitas há vários anos.

Por ser um território inóspito em que ainda há regiões inexploradas, a Amazônia é terreno fértil para as notícias falsas. Por esse motivo, jornalistas que desejam cobrir esse território devem evitar ao máximo contribuir para a disseminação de desinformação.

O jornalista Antonio Paz, editor do Mongabay, destacou a importância de consultar fontes hiper-especializadas e específicas ao cobrir a Amazônia. (Foto: Twitter)

"Ainda há pessoas que negam as mudanças climáticas, ainda há pessoas que não prestam a atenção que deveriam à Amazônia, então realmente é uma possível fonte de desinformação", disse à LJR Alexis Serrano, editor do site de checagem de fatos Ecuador Chequea, da organização Fundamedios. “Nós, jornalistas, devemos colocar muito mais uma lupa sobre aquela região […]. Quanto mais muros de contenção contra a desinformação puderem ser estabelecidos, melhor. E sempre falamos com nossos usuários: 'não seja apenas mais um elo da corrente [de desinformação]'".

A melhor maneira de jornalistas evitarem cair na desinformação sobre a Amazônia é estudar o tema em profundidade, documentar-se e consultar fontes variadas e especializadas sobre o assunto, aconselhou o jornalista colombiano Antonio Paz, editor do Mongabay.

“Ao contrário de outros temas, onde várias disciplinas podem falar com grande propriedade sobre o mesmo tema, em temas ambientais e científicos você tem que recorrer à especificidade”, disse Paz à LJR. “Gostaria que houvesse uma fórmula mágica, mas neste caso quando falamos sobre esses assuntos é necessário se preparar muito bem e estudar os temas sobre os quais você vai falar, porque se não, você pode cair na desinformação mesmo sem ter esse objetivo em mente como jornalista”.

Jornalismo Ambiental

 

https://latamjournalismreview.org/pt-br/articles/aliancas-plano-de-seguranca-e-transparencia-sao-elementos-basicos-para-cobrir-a-amazonia-dizem-jornalistas-especializados-na-regiao/ 

 

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quarta-feira, 27 de julho de 2022

No Brasil, secretário de Defesa dos EUA diz que militares devem estar sob controle civil


Reuters | Por Phil Stewart | 26/07/22 - 13h51 - Atualizado em 26/07/22 - 13h54

Os comentários --embora não especificamente dirigidos ao Brasil-- provavelmente chamarão atenção para a eleição presidencial brasileira (Crédito: Tom Williams/Pool via REUTERS)

BRASÍLIA (Reuters) – O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, enfatizou nesta terça-feira a necessidade de os militares estarem sob firme controle civil durante uma conferência entre autoridades de Defesa das Américas no Brasil, onde a lealdade das Forças Armadas à Constituição tornou-se questão central antes das eleições presidenciais de outubro.

Os comentários de Austin vêm em meio a seguidas declarações de Bolsonaro se referindo ao Exército brasileiro como “meu Exército”, chegando a afirmar que “tenho as Forças Armadas ao meu lado”.

Bolsonaro lançou publicamente dúvidas sobre o sistema eleitoral brasileiro, e as pesquisas de intenção de voto o mostram atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

BRASÍLIA (Reuters) – O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, enfatizou nesta terça-feira a necessidade de os militares estarem sob firme controle civil durante uma conferência entre autoridades de Defesa das Américas no Brasil, onde a lealdade das Forças Armadas à Constituição tornou-se questão central antes das eleições presidenciais de outubro.

Os comentários de Austin vêm em meio a seguidas declarações de Bolsonaro se referindo ao Exército brasileiro como “meu Exército”, chegando a afirmar que “tenho as Forças Armadas ao meu lado”.

Bolsonaro lançou publicamente dúvidas sobre o sistema eleitoral brasileiro, e as pesquisas de intenção de voto o mostram atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

“A dissuasão crível exige Forças Armadas e forças de segurança que esteja preparadas, capacitadas e sob firme controle civil”, disse Austin durante o evento realizado em Brasília. “Quanto mais aprofundarmos nossas democracias, mais aprofundaremos nossa segurança.”

Austin, general aposentado do Exército dos EUA, terá reuniões bilaterais com a delegação brasileira na quarta-feira, incluindo o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira.

“Para a região como um todo, ele (Austin) vai trazer uma mensagem muito forte e clara sobre a necessidade de os militares respeitarem as democracias”, disse um alto funcionário da Defesa dos Estados Unidos, falando sob condição de anonimato, antes das declarações do secretário.

A autoridade se recusou a “prejulgar” o que Austin poderia dizer, no entanto, a seus homólogos brasileiros.

Bolsonaro, um ex-capitão do Exército, disse a diplomatas no início deste mês que os militares brasileiros deveriam ser chamados para ajudar a garantir a transparência nas eleições de 2 de outubro. Ele pressiona as autoridades eleitorais a aceitar uma contagem paralela dos votos a ser realizada pelas Forças Armadas. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) descarta essa possibilidade e já esclareceu, mais de uma vez, que a totalização dos votos é pública, ao contrário do que Bolsonaro alega de forma falsa e constantemente.

Essas movimentações de Bolsonaro geraram preocupação nos observadores do Brasil em Washington, inclusive no Congresso norte-americano.

“(Austin) deve simplesmente deixar claro que os militares devem permanecer fora das eleições e permitir que quaisquer disputas sobre a eleição sejam resolvidas por meios constitucionais”, disse o deputado norte-americano Tom Malinowski, democrata e membro do Comitê de Relações Exteriores da Câmara, à Reuters.

“E ele deve lembrar a seus colegas que a lei americana restringe nossa cooperação com militares estrangeiros que participam de qualquer coisa que possa se assemelhar a um golpe.”

Os líderes militares têm repetidamente dito que as Forças Armadas do Brasil respeitarão qualquer resultado da eleição.

Alguns oficiais militares têm ocupado as manchetes, no entanto, fazendo eco aos comentários de Bolsonaro sobre possíveis fraquezas no sistema eleitoral brasileiro.

“TEMPESTADE POLÍTICA”

Bolsonaro baseou grande parte de sua carreira política na nostalgia da ditadura militar brasileira, que governou o país entre 1964 e 1985, atacando o Congresso e o Judiciário, ao mesmo tempo que enchia seu governo com membros das Forças Armadas da reserva e da ativa.

Thomas Shannon, ex-embaixador dos EUA no Brasil, disse que os brasileiros estavam procurando sinais sobre como seus militares poderiam agir se Bolsonaro se recusasse a aceitar a derrota nas urnas.

“O secretário Austin… está entrando numa tempestade política na qual os brasileiros estão tentando medir o nível de apoio institucional para um esforço potencial de desfazer os resultados das eleições”, disse Shannon à Reuters.

Ex-funcionários norte-americanos, incluindo Shannon, advertiram que o Brasil não responde bem às ameaças, e que qualquer mensagem tem que ser focada na parceria EUA-Brasil “em oposição a dizer: ‘Não faça isso e não faça aquilo’.”

“Mas tem que ser (uma mensagem) que deixe claro que a parceria entre militares dos EUA e do Brasil depende de um compromisso comum com os valores e práticas democráticas”, disse Shannon.

O Departamento de Estado dos EUA afirmou recentemente sua confiança no sistema eleitoral brasileiro, um passo raro durante uma campanha acalorada e polarizadora.

“Nós não queremos entrar no meio das eleições brasileiras, de forma alguma. Mas queremos garantir que o fato de acreditarmos que o sistema eleitoral brasileiro é crível e capaz de administrar uma eleição livre e justa (seja conhecido)”, disse o alto funcionário da Defesa dos EUA.

Nicholas Zimmerman, um ex-funcionário sênior da Casa Branca, disse que “o risco de que alguns elementos das Forças Armadas concordem com os esforços antidemocráticos… deve ser levado a sério”.

Com o aumento das tensões políticas, o presidente do TSE, ministro Edson Fachin, advertiu no início de julho que o Brasil corre o risco de enfrentar um incidente ainda mais grave do que o ataque de 6 de janeiro de 2021 contra o Capitólio dos EUA.


https://www.istoedinheiro.com.br/no-brasil-secretario-de/?utm_medium=email&utm_campaign=istoe&utm_source=newsletter

 

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