terça-feira, 26 de julho de 2022

A investigação de ouro ilegal da Amazônia que respingou nas Big Techs

Economia

Empresas acusadas de garimpo ilegal constam na lista de fornecedores da Apple, Amazon, Google e Microsoft


Por Renan Monteiro | Atualizado em 26 jul 2022, 11h00 - Publicado em 25 jul 2022, 19h06

Conforme relatórios, a comercialização para as gigantes da tecnologia ocorreu entre 2020 e 2021 - Caio Guatelli/VEJA 

Investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal apontam que a empresa italiana Chimet e a brasileira FD’Gold extraíram e exportaram ilegalmente ouro de terras indígenas na Amazônia acabou sendo utilizado na confecção de tablets, telefones, acessórios para aparelhos digitais e até consoles 

Para chegar no destino final, existe uma longa e cruzada cadeira de produção, passando por atravessadores e empresas de extração e exportação de minérios, seja dentro do Brasil ou para o mercado internacional. A comercialização final para as gigantes da tecnologia ocorreu entre 2020 e 2021, conforme a listagem dos relatórios das companhias. Por lei, as empresas americanas precisam apresentar ao SEC, órgão regulador, a origem de minerais em suas cadeias de produção. 

As investigações da PF e MPF tiveram foco nas empresas de extração de minérios e as companhias de tecnologia não foram anexadas ao teor investigatório, até o momento. Afinal, a comercialização passou pelo crivo da auditoria, mesmo que ela possa ter sido insuficiente para identificar as irregularidades. “Na questão criminal, a responsabilização é subjetiva, considerando a ação direta no ato penal. A partir do momento que as empresas de tecnologia são, em tese, levadas a crer que aquela extração foi feita de maneira legalizada, elas não estariam concorrendo para o crime. Porém, certamente cabe apuração penal se todas as providências cabíveis foram tomadas pelas big techs para garantir a origem legal do minério”, avalia Bernardo Souza, advogado especialista em direito minerário e ambiental do Lima Feigelson

Empresas como a Chimet estavam extraindo ouro ilegal da terra indígena kayapó desde 2015, segundo a Polícia Federal. A VEJA, a Procuradoria do MPF no Pará confirmou o ajuizamento de ações contra as distribuidoras FD’Gold, Carol e OM, acusadas de despejar no mercado nacional e internacional mais de 4,3 mil quilos de ouro ilegal nos anos de 2019 e 2020. O ouro estava sendo extraído de garimpos ilegais na região sudoeste do Pará. A ação civil pública contra a FD’Gold — fornecedora da Marsam, que, por sua vez, vendia para as grandes empresas de tecnologia — foi ajuizada em agosto de 2021 e continua na primeira instância, sem decisão. O MPF está demandando multa de 10,6 bilhões de reais por danos sociais e ambientais para as três empresas.“Se uma fundição ou refinadora não conseguir ou não quiser atender aos nossos padrões rígidos, nós a removeremos de nossa cadeia de fornecimento e, desde 2009, orientamos a remoção de mais de 150 fundições e refinarias”, menciona em nota. A Microsoft e Amazon preferiram não comentar sobre o assunto. Já o Google não respondeu à reportagem antes de sua publicação. 


https://veja.abril.com.br/economia/a-investigacao-de-ouro-ilegal-da-amazonia-que-respingou-nas-big-techs/


Abaixo temos local, para receber seus comentários: Avaliações, Ponto de Vista, Criticas, Elogios e Sugestões:

Obs: Pode ser assinados ou anônimos


Nenhum comentário: