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Por Tomás Adam, para Coletiva.net
O imperador Marco Aurélio era o homem mais poderoso do mundo quando escreveu um monumento literário que sobrevive até hoje: suas Meditações. São reflexões em formato de aforismos, epigramas e breves anotações - e compõem um dos pilares da filosofia estoica. O autor sequer desejava que a obra fosse publicada: a intenção era redigir seus pensamentos como exercício para se orientar e ser uma pessoa melhor.
Para além dos ensinamentos contidos, a própria relação do líder romano com a escrita é uma lição valiosa e absolutamente atemporal. Encarar uma página em branco e construir um argumento com senso de hierarquia, concisão, inteligência, ritmo e uma boa dose de elegância: eis a prova de que aquela ideia, de fato, para em pé. E, sustentada em texto, torna-se mais facilmente assimilável por quem está lendo - e quem a escreveu.
Parece uma contradição, mas, 19 séculos depois de Marco Aurélio, nunca se escreveu tanto - e, ao mesmo tempo, de forma tão desfocada e efêmera. Embora exerçam um papel importante, redes sociais e aplicativos de mensagens instantâneas banalizaram a escrita. Tomam um gigantesco espaço mental e temporal que precisa ser modulado.
Na Critério, trabalhamos ao lado de líderes do setor público e da iniciativa privada com perfis muito distintos. De gestores a médicos, passando por engenheiros e advogados: a grande maioria compreende o papel da comunicação e sua importância para alcançar os objetivos de suas organizações. No entanto, há quem diga que "não serve para escrever", como se isso fosse ato exclusivo de jornalistas ou redatores.
Eis um equívoco. Todo profissional deve incorporar a escrita à sua rotina, independentemente da área de atuação. Escrever cria credibilidade e autoridade, além de ser uma forma efetiva de compartilhar experiências e demonstrar expertise e diferenciação. Quando publicado e lido por um público que ultrapassa o círculo de relacionamentos do próprio autor, um artigo bem posicionado ou um conteúdo estratégico fortalece a confiança, a admiração e, consequentemente, a reputação.
E, assim como Marco Aurélio fizera em seu reinado, escrever facilita a absorção de conhecimentos e ajuda a organizar ideias e conceitos. Se a página em branco intimida, ela também é um convite à meditação, à claridade, à criatividade, ao foco - e, acima de tudo, à reflexão sobre quem somos e quem desejamos ser.
Tomás Adam é sócio-diretor da Critério - Resultado em Opinião Pública.
https://coletiva.net/artigos/nao-tenha-medo-da-pagina-em-branco,396581.jhtml
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