segunda-feira, 13 de setembro de 2021

Olha o peixe, aí: doença da urina preta põe o Pará em alerta

 

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  Olha o peixe, aí: doença da urina preta põe o Pará em alerta

A doença de Haff, que já registrou mais de 40 casos no Amazonas, chegou ao Pará, e já apresenta casos suspeitos, inclusive com a morte de um homem de 55 anos, em Santarém , no último dia 7. Ela é considerada emergente, sendo descrita incialmente há menos de um século. É caracterizada por sintomas de rabdomiólise associado ao consumo de pescados de água doce, devido uma toxina que induz a rabdomiólise e consequentemente o desenvolvimento da doença.

É bom seguir algumas recomendações do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs/Sespa), onde suspeita da doença deve ser notificada (há o endereço de e-mail e telefone no final da matéria).

A rabdomiólise, também conhecida por doença da urina preta, é uma doença caracterizada pela destruição das fibras musculares. Conforme os tecidos musculares são acometidos, diferentes substâncias são liberadas na corrente sanguínea, afetando rins e sistema urinário, causando mais sintomas para o indivíduo.

No Brasil, o primeiro relato de surto da doença foi descrito em 2009, e uma das espécies associadas com esse surto foi o Mylossoma duriventre (conhecido
popularmente como pacupeba ou pacu-peba). Deste então, diversos casos e surtos tem sido relatados em diferentes regiões do Brasil.

No segundo semestre de 2020, o município Entre Rios, localizado no estado da Bahia, informou a ocorrência de três casos suspeitos de doença de Haff relacionados ao consumo de pescado. Sabe-se que, no mês de agosto, cinco pessoas de uma mesma família alimentaram-se de um peixe conhecido como “olho de boi” e em menos de 12 horas, três pessoas apresentaram mialgia intensa, tontura, náuseas e astenia buscando atendimento hospitalar.

Nos dois meses subsequentes em Salvador, o hospital notificou seis casos de doença de Haff em pacientes que procuraram atendimento médico com queixa de intensa mialgia de início súbito e com etiologia desconhecida. Destes, três casos necessitaram de hospitalização. Ainda, quando avaliado os exames laboratoriais, observou-se elevação de Creatinofosfoquinas (CPK) com média de 63.029 U/LI.

Em comum, todos os pacientes relataram ingestão de peixe em menos de 24 horas, não apresentaram febre, sintomas respiratório ou gastrointestinal. As principais manifestações clinicas foram: início súbito de mialgia, cervicalgia com irradiação para membros superiores e inferiores, em seguida, apresentando alteração na coloração da urina (cor de café).

No segundo semestre de 2021, o município de Itacoatiara no estado do Amazonas, registrou 34 casos da doença de Haff, onde um destes casos evoluiu a óbito. Em seguida, outros quatro municípios e a capital do Amazonas registram total de 10 casos, onde os sintomas apresentados foram astenia, dor muscular e mudança na coloração da urina para preta, onde os mesmos continuam hospitalizados.

Há suspeita que o surto ocorreu após ingestão de pescado, porém ainda não foi confirmada a possível espécie que ocasionou a doença. As autoridades de saúde estão investigando os casos para que seja elucidado e orientações mais direcionadas sejam realizadas.

Esta doença é considerada rara, porém tem-se observado aumento no número de notificações no país. Diante disto, o CIEVS Pará emite o presente alerta epidemiológico com objetivo principal de alertar profissionais de saúde da rede pública e privada do estado com recomendações e orientações para que seja
identificado e investigado de forma precoce um caso suspeito.

Recomendações

A doença de Haff não possui tratamento especifico, sendo assim diante de uma suspeita é recomendado dosagem de creatinofosfoquinase (CPK) e transaminase glutâmico oxalacética (TGO) para que seja avaliado possível alteração;

Observar a coloração da urina, caso esteja escurecida (cor de café), deve ser entendido como sinal de alerta, bem como o desenvolvimento de rabdomiólise, diante desta situação o paciente deve receber hidratação de 48h até 72h horas, conforme necessidade clínica;

Diante de um caso suspeito, estabelecer vigilância com a rede de contato do paciente que possa também ter consumido o mesmo pescado e estejam sentindo manifestações similares, e assim identificar possíveis novos casos;

O uso de antibiótico não é recomendado, mesmo em caso suspeito;

Orientar a população que em caso de manifestações clinicas compatíveis busque atendimento médico para avaliação.

Notificação

Os casos suspeitos devem ser confirmados de forma imediata. Compreende-se por caso suspeito, o paciente que apresente os seguintes sintomas: mialgia intensa de início súbito, com maior ênfase na região cervical e trapézio, dor nos membros superiores e/ou dorso, membros inferiores sem causa aparente e com alterações de CPK;

Obs: Mesmo que não seja possível realizar CPK, o paciente deve ser notificado. A notificação deve ser realizada ao Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS/SESPA) por meio dos seguintes contatos:

E-mail: cievs.sespa@gmail.com Telefone: (91) 4006-4811

 

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