A Amazônia segundo Lúcio Flávio Pinto
Por Lúcio Flávio Pinto - Publicado em: 14/07/2021 às 11:08
Por qualquer critério adotado, está entre os maiores do mundo o trem de propriedade da mineradora Vale, que transporta minério de ferro, outras cargas (principalmente soja) e passageiros entre a mina de Carajás, na região centro-sul do Pará, e o porto da Ponta da Madeira, em São Luís do Maranhão, num percurso de 892 quilômetros.
A ferrovia iniciou sua atividade em fevereiro de 1985. Foi a maior obra de infraestrutura do Brasil inaugurada pelo último presidente da ditadura militar, o general João Figueiredo. Desde então, foi continuamente ampliada para permitir também a expansão da produção de Carajás, hoje a maior fonte de extração do melhor minério de ferro do mundo.
Nunca, em seus quase 80 anos de vida (a serem completados em 2022), a Vale investiu tanto quanto em Carajás. A soma desse investimento passa de 40 bilhões de dólares (mais de 200 bilhões de reais), que consolidou a sua condição de maior vendedora de minério de ferro do planeta, A China é o seu maior mercado, absorvendo 60% do que sai de Carajás.
Seu último grande investimento quase duplicou a capacidade de transporte de carga da ferrovia, de 120 milhões para 230 milhões de toneladas por ano. A composição padrão arrasta 330 vagões, com capacidade para 33 mil toneladas de minério por viagem. Ele demora mais de três minutos para passar por um trecho. Pela ferrovia podem trafegar ao mesmo tempo 35 composições. A Vale acumula quase 11 mil vagões e 217 locomotivas, em condições de operar 24 horas por dia.
Agora, cada trem de minério poderá ter 660 vagões e seis locomotivas, com capacidade para 66 mil toneladas, carga no valor atual de mais de seis milhões de dólares (ou 30 milhões de reais). Na realidade, são seis trens de 110 vagões acoplados, sob o comando de um único maquinista, monitorado através de satélite por uma central, capaz de manobrar a composição em caso de acidente, inclusive se o comandante morrer em atividade. Cada trem é do tamanho dos navios que aportam em Vila do Conde, às proximidades de Belém, para embarcar alumínio, alumina ou bauxita.
O protótipo desse novo trem, agora, sem qualquer dúvida, o maior do mundo, vem fazendo o percurso em caráter experimental, já transportando minério até o porto, com todo sigilo possível. Ainda não entrou em operação comercial devido às passagens de nível, que evitam estradas secundárias, fazendas ou pequenas comunidades.
A China não pode esperar.
A fotografia que abre este artigo é do trem de Carajás (Foto: Agência Vale)
Além de colaborar com a agência Amazônia Real, Lúcio Flávio Pinto mantém quatro blogs, que podem ser consultados gratuitamente nos seguintes endereços:
* lucioflaviopinto.wordpress.com – acompanhamento sintonizado no dia a dia.
* valeqvale.wordpress.com – inteiramente dedicado à maior mineradora do país, dona de Carajás, a maior província mineral do mundo.
* amazoniahj.wordpress.com – uma enciclopédia da Amazônia contemporânea, já com centenas de verbetes, num banco de dados único, sem igual.
* cabanagem180.wordpress.com – documentos e análises sobre a maior rebelião popular da história do Brasil.
Lúcio Flávio Pinto é jornalista desde 1966. Sociólogo formado pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo, em 1973. Editor do Jornal Pessoal, publicação alternativa que circula em Belém (PA) desde 1987. Autor de mais de 20 livros sobre a Amazônia, entre eles, Guerra Amazônica, Jornalismo na linha de tiro e Contra o Poder. Por seu trabalho em defesa da verdade e contra as injustiças sociais, recebeu em Roma, em 1997, o prêmio Colombe d’oro per La Pace. Em 2005 recebeu o prêmio anual do Comittee for Jornalists Protection (CPJ), em Nova York, pela defesa da Amazônia e dos direitos humanos. Lúcio Flávio é o único jornalista brasileiro eleito entre os 100 heróis da liberdade de imprensa, pela organização internacional Repórteres Sem Fronteiras em 2014. Acesse o novo site do jornalista aqui www.lucioflaviopinto.com.
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