Foram identificados 613 documentos produzidos pela CIA, 111 pelo Departamento de Estado, além de outras dezenas feitos por diversas agências
Matéria 247 |18 de julho de 2024, 11:24h | Atualizado em 18 de julho de 2024, 11:42 h
Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Ricardo Stuckert/PR) |
247 - A Agência de Inteligência dos Estado Unidos (CIA) e o Departamento de Estado foram os maiores responsáveis pela produção de documentos dos diferentes órgãos do governo estadunidense que monitoraram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por mais de cinco décadas. O monitoramento foi divulgado pelo jornalista e escritor Fernando Morais, biógrafo do presidente Lula, por meio de pedidos protocolados em 2019 e que, segundo a Folha de S. Paulo, abrangem o período de 1966 a 2019.
Ao todo foram produzidos 819 documentos, totalizando 3.300 páginas de registros. Até agora, foram identificados 613 documentos produzidos pela CIA, 111 pelo Departamento de Estado, 49 pela Agência de Inteligência da Defesa, 27 pelo Departamento de Defesa, além de 8 do Exército Sul dos EUA e 1 do Comando Cibernético do Exército. Ainda se aguardam respostas do FBI, NSA [Agência de Segurança Nacional] e da Rede de Combate a Crimes Financeiros (FinCEN). O prazo para resposta é de 20 dias úteis, prorrogáveis por mais 20, para informar se os dados serão fornecidos.
Os documentos detalham, entre outros aspectos, a relação de Lula com a ex-presidente Dilma Rousseff (PT), com autoridades do Oriente Médio e da China, além de planos militares brasileiros e dados sobre a produção da Petrobras. Os registros cobrem desde a ascensão de Lula no movimento sindical durante a ditadura militar até pouco após sua prisão injusta em 2018. Em 2013, o ex-analista da NSA Edward Snowden revelou documentos da agência indicando que a então presidente Dilma Rousseff e a Petrobras foram espionadas pelos órgãos de inteligência dos EUA.
Apesar do vasto acervo, Morais ainda não teve acesso à íntegra dos documentos e não há informações colhidas no atual mandato de Lula, iniciado em 2023. "Sabemos que o governo norte-americano analisou de perto o cenário político brasileiro nas últimas décadas, e o Lula é um dos personagens mais marcantes e importantes da história da América Latina", disse Morais. Ele ressaltou estar ciente de que o governo dos EUA pode vetar trechos que considera arriscados para a segurança do Estado.
Lançado em 2021, o primeiro volume da biografia de Lula, escrito por Morais, deve ganhar um segundo volume, atualmente em produção, que incluirá as novas informações obtidas dos registros estadunidenses.
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