Por Ecodebate/09/08/2021 11:59
Covid-19 e outras doenças chegam até nós como consequência da degradação ambiental
Créditos da foto: (Reprodução) |
A preservação do meio ambiente nunca esteve tão em voga quanto
ultimamente, o assunto é de extrema importância, não só pela vida dos
seres vivos que ali habitam, mas também para a saúde ambiental do
planeta e do ser humano.
A degradação ambiental ocorre há anos, e
cada vez mais vemos de perto como esse descaso com as florestas
interfere diretamente na vida da população. Estudos científicos já
atestaram que o desmatamento gera uma cadeia de acontecimentos
complexos, criando meios para que diferentes patógenos mortais se
espalhem entre os humanos. Doença de Lyme e a malária, por exemplo,
surgiram a partir daí.
São 40 mil espécies de plantas, milhões de insetos e 400 mamíferos que estima-se ter na Amazônia,
floresta que ocupa sete milhões de quilômetros quadrados e faz parte de
nove países da América do Sul. O especialista em Gestão de Resíduos
Sólidos e fundador da Oceano Resíduos, Rafael Zarvos, alerta a
necessidade das pessoas entenderem que desmatamento e doenças estão
relacionados.
"Infelizmente, somos a única espécie capaz de
destruir e de ameaçar a nossa própria sobrevivência. A forma como a
sociedade está transformando o meio ambiente e reduzindo os habitats
naturais, faz com que animais silvestres e seres humanos se aproximem.
Isso potencializa o risco de transmissão de variados patógenos da
espécie deles para a nossa", explica Zarvos.
Doenças como a zika,
que somada a dengue e chikungunya contabilizaram um aumento de 248% do
número de casos no ano de 2019, é exemplo de enfermidade que veio da
cena rural para a urbana pelo avanço do desmatamento em áreas
florestais. "A destruição da natureza coloca em risco a nossa própria
existência. O coronavírus, por exemplo, responsável pela pandemia que
vivemos, é fruto do contato de humanos com morcegos", destaca Rafael.
Em
relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), é possível ver que a
cada quatro meses o ser humano tem uma infecção originária de problemas
relacionados ao meio ambiente, e que 75% das doenças são de origem
animal. O consumo de carne crua de animais silvestres, o desmatamento,
as mudanças climáticas e o tráfico ilegal de animais silvestres são
fatores que contribuem para facilitar o contágio de seres humanos por
patógenos que vivem na natureza e nas espécies que ali habitam.
"Cientistas
especulam que o vírus que desencadeará a próxima pandemia já está em
circulação, é só uma questão de tempo até sermos atingidos. Isso prova
que está mais do que na hora de prestarmos atenção no consumo de
produtos, além de pequenos hábitos do dia a dia que podem ser cruciais
para ajudar o meio ambiente e a nós mesmos", diz o especialista.
Zarvo diz, ainda que "Meio
ambiente, problema da destruição e pandemia. As pessoas precisam ter em
mente que uma coisa está relacionada com a outra. Infelizmente, somos a
única espécie capaz de de destruir e de ameaçar a nossa própria
sobrevivência. A destruição da natureza coloca em risco a sobrevivência
da espécie humana. A forma como a sociedade está transformando o meio
ambiente e reduzindo os habitats, faz com que animais silvestres e seres
humanos se aproximem. Isso potencializa o risco de transmissão de
variados patógenos aos seres humanos. Uma publicação recente da
biblioteca nacional de medicina aponta que existem cerca de 165 espécies
de doenças capaz de causar algum dano ao ser humano.
Relatório
da ONU mostra que a cada quatro meses a gente tem uma infecção
originária de problemas relacionados ao meio ambiente, sendo que 75% das
doenças que temos são de origem animal. O impacto no meio ambiente de
maneira negativa, acaba trazendo essas consequências que agora estamos
vendo na pele, que é a pandemia originada pelo novo coronavírus.
Em
relação ao desmatamento, florestas estão sendo derrubadas para pasto,
agronegócio. Mudanças climáticas, por conta da alteração da temperatura.
Inclusive, uma publicação que saiu hoje no jornal diz que a Groenlândia
atingiu um ponto irreversível no degelo depois de 40 anos, e resultará
no aumento de um milímetro por ano nos oceanos. Parece pouco, mas vai
gerar impactos negativos a quem mora em ilhas e perto da costa. Um
milímetro faz muita diferença. A partir do momento que você tem mudanças
climáticas com o aumento da temperatura, os micróbios começam a ter uma
sobrevida maior. Tráfico ilegal de animais silvestres. Todos esses
fatores contribuem, além do consumo da carne crua dos animais
silvestres. Em relação ao coronavírus, por exemplo, tudo indica que a
contaminação ocorreu pelo morcego no mercado chinês (mas ainda não está
comprovado).
Na história, para dar outro exemplo com
origem já comprovada, o HIV, o vírus da Aids. Tudo indica que ele teria
passado para o ser humano na década de 30 através de tribos africanas
que faziam caça e domesticação de chimpanzés e macaco verde. Passou-se
todas essas décadas, quando veio a explosão, e teoricamente, o marco
zero teria ocorrido nos anos 80 com um comissário americano que morreu
nos Estados Unidos após viagem. Posteriormente, descobriu-se que surgiu
na verdade em 1959, com registro de um rapaz no Congo que morreu de
doença não detectada, mas que teve seu sangue congelado para posterior
avaliação. Ebola é outro exemplo de doença originária de animais
silvestres, pois veio através do morcego de fruta.
A gripe
aviária, aqui no Brasil a Zika e por aí vai. Meio ambiente e doenças
estão correlacionados, é preciso tomar cuidado. De acordo com o
relatório da ONU, quanto maior a diversidade entre as espécies, mais
difícil fica essa contaminação, pois passa de uma espécie para outra até
chegar na gente. Se você elimina todas as espécies, ou se encurta a
distância entre elas, você tem o que estamos vivendo agora: uma
pandemia.
E a relação de lixo descartado incorretamente e
doenças? A Peste Negra é um exemplo de doença que veio da falta de
higiene. Se você descarta o lixo incorretamente, atrai vetores como o
rato, por exemplo, que vai se aproximar e é vetor de doenças. Saneamento
básico também".
*Publicado originalmente em 'Ecodebate'
https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Saude/Como-o-desmatamento-da-Amazonia-interfere-na-saude-da-populacao-/43/51277
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