Fotomontagem feita utilizando as fotos de: Rodrigo Souza/Pexels |
Além do presidente, serão responsabilizados os ministros da Saúde, Marcelo Queiroga, e do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni.
O relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), confirmou nesta sexta-feira (15) o que já havia anunciado na semana passada. Ele vai propor o indiciamento de Bolsonaro por 11 crimes no relatório final. São delitos como homicídio comissivo por omissão, crime de epidemia, infração de medida sanitária, charlatanismo, crimes de responsabilidade e genocídio contra a população indígena. A apresentação do voto do relator está mantida para terça-feira (19).
Além do presidente, serão responsabilizados os ministros da Saúde, Marcelo Queiroga, e do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni. Queiroga poderá ser enquadrado no crime contra a saúde pública e usurpação da função pública. Já Onyx será indiciado pela obstrução de investigação e falsificação de documentos.
Em entrevista à GloboNews, o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse que o ministro Queiroga se converteu ao negacionismo. “O Queiroga que prestou depoimento no começo da CPI não é o Queiroga de hoje. Criamos esperança no Queiroga original, que lá atrás disse que máscara poderia ser tão eficaz quanto vacinação e, hoje, diz que máscara não pode ser obrigatória”, afirmou.
Os filhos do presidente também estão na mira do relator por propagar notícias falsas a favor do chamado “kit covid”. O senador Flávio Bolsonaro e o deputado federal Eduardo Bolsonaro serão responsabilizados pelo crime de infração de norma sanitária. Já Carlos Bolsonaro é apontado como “chefe do gabinete do ódio”.
Nesta reta final dos trabalhos, a CPI vai ouvir na segunda-feira (18) o integrante do Conselho Nacional de Saúde (CNS), Nelson Mussolini, que é membro da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias do Sistema Único de Saúde (Conitec).
Os senadores querem saber se houve interferência no órgão por parte do governo Bolsonaro para adiar a análise de um estudo sobre o uso de medicamentos considerados ineficazes para o tratamento da Covid-19.
Vítimas
Em reunião virtual nesta sexta-feira (15), os senadores também decidiram ouvir as vítimas da pandemia do coronavírus. Serão cinco testemunhas por região que representarão as famílias das mais de 600 mil pessoas mortas por causa da doença.
“É uma forma de se dar voz a milhares de outras famílias brasileiras que foram dilaceradas pela covid-19″, justificou o vice-presidente da CPI, autor do requerimento.
Representado o Norte do país, a enfermeira amazonense Mayra Pires Lima perdeu a irmã, que deixou quatro filhos, por conta da crise da falta de oxigênio de Manaus. Do Nordeste, a CPI tomará o depoimento de Geovana Dulce. Órfã da Covid, a jovem de 19 anos, perdeu a mãe e terá a guarda da irmã de 10 anos, sendo a nova chefe da família.
Representante do Sudeste, Kátia Shirlene Castilho dos Santos perdeu pai e mãe por causa da doença. Ela acompanhou a mãe em sua internação na Prevent Senior, em São Paulo, e o tratamento recebido pelo chamado “kit covid”. Do Sul, Rosane Brandão é vítima direta da pandemia, perdeu o marido para a doença. Ele era professor da Universidade Federal de Pelotas. A vítima do Centro-Oeste é Jarquivaldo Bites Leite que se encontra em tratamento com graves sequelas. Por impedimento médico de viajar de avião, virá de carro com acompanhante.
“Além deles, estará presente o senhor Antônio Carlos, da ONG Rio de Paz e o senhor Márcio Antônio, taxista que também perdera seu filho para a Covid-19”, diz Randolfe. “O testemunho dessas pessoas é de extrema importância, uma vez que nos aproxima da dor do outro e dá voz a milhares de outras famílias que foram dilaceradas por essa pandemia”, completou.
por Iram Alfaia | Texto em português do Brasil
Exclusivo Editorial PV / Tornado
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