O pai de santo Diogo Luis Cardoso e o administrador de hospital Fernando Rodrigues de Carvalho integraram um esquema que agiu em pelo menos quatro estados
19 de fevereiro de 2022, 12:44 h Atualizado em 19 de fevereiro de 2022, 13:43
247 - Diálogos entre o pai de santo Diogo Luis Cardoso e o administrador de hospital Fernando Rodrigues de Carvalho viraram uma das maiores provas de corrupção envolvendo Organizações Sociais. O Pai Diogo, como é conhecido, vive em Curitiba (PR) e dizia ser mensageiro de Exu Caveira, entidade que o ajudaria a conhecer os homens e seus destinos. Ele atendia pelo WhatsApp e tinha Carvalho entre os fiéis que lhe encomendavam trabalhos contra desafetos.
De acordo com reportagem do jornal O Estado de S.Paulo, o administrador de hospital foi recrutado pelo médico Cleudson Montali, líder do esquema de corrupção que agia em quatro estados, agora condenado a 200 anos de prisão. O grupo agiu em 27 cidades e desviou R$ 500 milhões.
Uma das mensagens na mira de investigadores é de 2 de julho de 2018. "O senhor poderia ver com Exu como estão as coisas de negócios para mim? Eu ‘tô’ vendo um hospital em Araucária (PR)", escreveu Carvalho. Diogo respondeu cerca de 30 minutos depois. "Nossa, transmissão de pensamento. Acabei de falar de você com Exu".
No dia seguinte, Carvalho consultou o guia sobre uma licitação. "Fio, pai acendeu velas de novo a Exu agora pouco pra você".
Mais diálogos
Em 18 de setembro, pouco antes de assumir a direção do esquema no Hospital de Carapicuíba (SP), Carvalho disse que "o secretário ligou". O guia respondeu: "kkkkk. Eita toda sorte do mundo ‘pras’ coisas de São Paulo".
"Queria ver com Exu também se o Cleudson está botando fé em mim para dividir ou se sou só funcionário pra trabalhar pra ele", continuou Carvalho.Diogo respondeu: "Tá, fio, passa o nome completo do cara". Carvalho insistiu: "Tem coisa que gira muito dinheiro, até 70 mil por mês ‘pra’ dividir, fora o salário".
Negócio cresce
Quando os trabalhos cresceram, Carvalho disse que iam pegar um hospital em Osasco (SP). "Contrato de 9 milhões mês".
O grupo começou a atuar no Pará, onde Carvalho afirmou que os participantes do esquema iriam "ganhar muito dinheiro".
As divergências começaram, em abril de 2019, quando Carvalho relatou que um colega estava "envolvido com o negócio do Pará e ‘tá’ saqueando o hospital de Osasco". "Está pondo dinheiro na mão dos Cleudson ... E muito. Não se sustenta. Vai dar m...'.
O pai de Santo respondeu. "Vou dar um jeito nisso. Vixi, perigoso isso". Carvalho demonstrou preocupação. "Tá muito esquisito. Muito dinheiro, muito fácil. Os caras que ele pôs lá não conhecem nada". O guia disse: "Logo a casa deles cai, ‘cê’ quer ver".
Lucro sobe na pandemia
Os lucros aumentaram na pandemia. Cleudson montou hospitais de campanha e "pôs no bolso dez milhões".
"Pai, o Cleudson é muito safo. É bandido mais que os de Osasco. Aqui (Pará) está junto com o governador", disse. E revelou que cobraram R$ 107 milhões no hospital do Pará. "Não custava 50".
Em dezembro de 2020, ele escreveu: "Ô pai, a reunião ontem
foi até uma comédia, dessa vez aqui o Exu errou feio, tá".
https://www.brasil247.com/brasil/corrupcao-confessada-a-pai-de-santo-e-a-exu-por-whatsapp-vira-prova-de-corrupcao-em-esquema-de-organizacoes-sociais
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