Reportagem Especial / Trocas
A convite da Federação da Flona, o Tapajós de Fato foi até o território para falar sobre como a comunicação popular é uma ferramenta de defesa do território, além de ajudar na preparação dos jovens na campanha.
Por: Darlon NeresFonte: Tapajós de Fato | 16/03/2023 às 12h13
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| Tapajós de Fato |
Na comunidade de Pini, localizada às margens direita do rio Tapajós, no período de 13 a 14 de março foi realizada a formação de jovens moradores da Floresta Nacional do Tapajós, que vão executar a campanha “Não Abra Mão da Sua Terra”, em parceria com a Federação da Flona e o Sindicato dos Trabalhadores Rurais do município de Belterra, visando a importância de defender o território e os avanços de atividades irregulares que podem futuramente trazer problemas ao meio ambiente e a saúde do moradores.
A campanha será executada com a participação de 20 jovens moradores da unidade de conservação e visitará as comunidades e escolas do entorno da flona e comunidades centrais.
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| jovens participantes da capacitação/ Foto: Tapajós de Fato |
A federação da Flona realizou um processo seletivo e recebeu diversas inscrições de jovens, porém para o projeto somente 20 foram selecionados. A campanha em parceria com Sttr de Belterra, tem o objetivo de preparar os jovens a despertarem para conhecerem a história da Flona e das lutas locais. A programação teve vários momentos, como: criação da Flona, lutas atuais e perspectivas de futuro, comunicação popular, e uso das ferramentas digitais na defesa do território.
O Tapajós de Fato conversou com Adria Paz, da Federação da Flona do Tapajos, que relata como foi está sendo para a federação executar a campanha.
“A ideia da campanha surgiu de um projeto conjunto que temos com STTR de Santarém, sabendo que a campanha é uma bandeira de luta do sindicato, esse projeto tem o objetivo de fortalecer as instituições e o povo que mora na Flona, e considerando que o futuro são os jovens, e a campanha já e executada pela juventude como no caso do Pae Lago Grande, a federação achou importante motivar a juventude da Flona para estar realizando a campanha, tanto no entorno da unidade de conservação como nas escolas polos das comunidades”.
Adria comenta sobre a campanha entorno da flona, “no entorno da é muito atingido pela soja, pelo agronegócio, e internamente nas escolas para que a gente desperte a consciência ambiental da juventude desde muito cedo, serão visitadas 5 comunidades do entorno e feitas atividades em 3 escolas polos das comunidade”.
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| Momentos da Formação/ Foto: Tapajós de Fato |
O Tapajós de Fato ouviu o jovem Orleando Nobre, que participou da formação em comunicação e vai a campo na realização da campanha.
“Enquanto jovem e cidadão nós temos a missão de levar a importância dos jovens manterem preservado nossas florestas e nossa unidade de conservação, como proteger ela da soja, porque a soja é nosso principal inimigo, se a gente não lutar em defesa do nosso território ela vai acabar entrando e vai acarretar diversos problemas no convívio, saúde, e ao meio ambiente. Por isso a importância de levar essa mensagem de não abrir mão das suas terras, para os moradores da Flona”.
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| Orleando Nobre/ Foto: Tapajós de Fato |
O jovem comenta ainda sobre a formação, “eu sempre tive curiosidade de ter mais informações relacionados às lutas dos movimentos sociais, que ajudam a proteger nossas áreas, eu me inscrevi no edital e fui selecionado, e essa formação passou pra nós muitos conhecimentos na área que a gente vive e sobre comunicação e como ela nos ajuda a defender nosso território das ameaças que nos cercam”.
Adriene Oliveira, moradora da comunidade de Pini e participante da formação, também falou sobre o momento de formação para a juventude. “Pra gente aprender e entender mais a importância da nossa Flona, questão de saber informações da campanha não abra mão da sua terra, pois nós temos que ter conhecimentos para ir a campo repassar as informações, e precisamos primeiro conhecer o lugar onde estamos e pisamos, a equipe do Tapajós de Fato foi importante para mostrar como a gente também já faz comunicacao, e agora só colocar em prática o que fizemos, os textos, podcasts, redes sociais, e fotografia”.
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| Adriene Oliveira/ Foto: Tapajós de Fato |
O tema de comunicação popular e suas práticas ficou na responsabilidade da equipe do Tapajós de Fato e a editora-chefe Isabelle Maciel, comenta como foi esse momento.
“Essa formação, essa troca de saberes que a gente teve a oportunidade de fazer com os jovens da Flona foi extremamente importante, primeiro porque é a primeira vez do Tapajós de Fato na Flona, e gente se fez presente em mais um território da nossa região e isso é importante pra gente. Ter esse contato com os jovens desse território rico em belezas naturais, em projetos, e saber que juventude da Flona também se movimenta é muito importante, e a gente poder colaborar com essa movimentação dessa juventude é algo que faz a gente cumprir com o papel do Tapajós de Fato”.
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| Isabelle Maciel Editora-Chefe do Tapajós de Fato / Foto: Tapajós de Fato |
“O Tapajós de Fato além de ser um veículo de comunicação também tem esse trabalho de formação, trocas, principalmente com os jovens, e ao longo desses dois dias a gente fez essa troca de conhecimentos, ouviu os jovens mas também conversou com eles apresentando como a gente utiliza a comunicação como uma ferramenta de defesa dos territórios, apresentado as possibilidades de diversas ferramentas, mostrando que ninguém melhor que eles que são do território para falarem do território, ficamos grato pelo convite da federação e esperamos outros momentos”, finaliza Isabelle Maciel.
O que é a Flona?
A Floresta Nacional do Tapajós é uma unidade de conservação (UC) federal da natureza localizada no Pará, criada através do Decreto n° 73.684, de 19 de fevereiro de 1974 em regime militar. Possui atualmente área de 527.319 hectares. A UC abrange os municípios de Aveiro, Belterra, Placas e Rurópolis, no Oeste do Estado do Pará.
O objetivo da Unidade de Conservação é o uso múltiplo sustentável dos recursos florestais e a pesquisa científica, com ênfase em métodos para exploração sustentável de florestas nativas (Lei. 9.985/2000). O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) é o órgão gestor da Unidade junto a Federação da Flona.
A gestão da UC é realizada com base nas diretrizes do Plano de Manejo. As comunidades, bem como os demais atores sociais envolvidos, direta ou indiretamente na gestão da UC, são representadas no Conselho Consultivo, criado em 2001.
A Floresta Nacional possibilitou o acesso e promoção do uso sustentável dos recursos naturais pelos moradores da unidade. O Manejo Florestal Comunitário, realizado em uma área especialmente reservada para esse fim, é uma importante referência de uso sustentável da floresta.
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| Mapa da Flona/ Foto: ICMBIO |
Além do Manejo Florestal destacam-se diversas iniciativas de uso sustentável com envolvimento comunitário, tais como: extração do látex, extração de óleos de andiroba e copaíba, produção do couro ecológico a partir do látex, biojóias, móveis artesanais, comercialização de frutas in natura (açaí), produção de polpas e licores, produção de farinha, produção de mel, criação de peixes e turismo de base comunitária.
Residem na UC 1.050 famílias e cerca de 4 mil moradores, distribuídas em localidades ao longo da rodovia BR-163 (lotes com assentados do Incra, proprietários e posseiros), em 23 comunidades e três aldeias indígenas da etnia Munduruku. As comunidades e aldeias estão localizadas ao longo dos rios Tapajós e Cupari, são elas: São Domingos, Maguari, Jamaraquá, Acaratinga, Jaguarari, Pedreira, Bom Jesus, Piquiatuba, Marituba, Nazaré, Bragança, Novo Marai, Marai, Pini, Tauari, Chibé, Takuara, Prainha I, Prainha II, Itapaiúna, Paraíso, Jutuarana, Itapuama, São Francisco das Chagas, São Francisco do Godinho e Uruará.
A unidade apresenta mais de 160 quilômetros de praias e uma grande diversidade de paisagens: rios, lagos, alagados, terra firme, morros, planaltos, floresta, campos, açaízais, etc. As belas praias do Rio Tapajós, as trilhas entre a mata, as grandes árvores como a Sumaúma Vovó, a presença de população tradicional e indígena oferecem aos visitantes a oportunidade de interagir com a natureza e com a cultura local.
Além disso, a cobertura florestal fortemente preservada, o Rio Tapajós com suas águas verdes e mornas, e a enorme beleza cênica da região tornam a Floresta Nacional do Tapajós uma das unidades de conservação mais visitadas na região norte do Brasil.
A criação da FLONA no começo não podia ter moradores, porém quando a unidade de conservação foi criada, já existiam famílias dentro do território, então houve uma grande mobilização para que as famílias permanecessem na área, e pudessem usar os recursos naturais, protegendo a floresta e sua biodiversidade. Em tantas lutas que os moradores fizeram, eles então permanecem no local. Do outro lado da Flona está a maior expansão de soja em Santarém, inclusive em comunidades que se desligaram da Flona, para entregar as suas terras para o agronegócio.
Campanha Não Abra Mão da Sua Terra
A campanha: “Não Abra Mão de Sua Terra” é uma das bandeiras de luta do STTR de Santarém e teve seu início pela primeira vez em 2009. Naquela época, nos municípios de Santarém, Belterra e Mojuí dos Campos, que compõem hoje a região metropolitana de Santarém, a monocultura da soja expandiu-se pela região, por conta disso, os trabalhadores e trabalhadoras rurais estavam perdendo suas terras e o sindicato, em parceria com outras organizações, teve a iniciativa de realizar algo que pudesse chamar a atenção desses agricultores e agricultoras que estavam deixando suas terras e cedendo espaço para que a soja ganhasse território.
No ano de 2022 a campanha foi realizada no Projeto de Assentamento Agroextrativista Pae Lago Grande, visitando mais de 150 comunidades do território.
Neste novo ciclo, a campanha pretende levar informações dos interesses dos grandes empreendimentos para a Floresta Nacional do Tapajós-FLONA e comunidades do entorno.
https://www.tapajosdefato.com.br/noticia/1081/juventude-da-floresta-nacional-do-tapajos-recebe-formacao-em-comunicacao-popular-como-preparacao-para-a-campanha-nao-abra-mao-da-sua-terra
Obs: Pode ser assinado ou anônimo.
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