segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

No ano em que Trump pode voltar à presidência, Câmara dos EUA aprova lei garantindo sigilo das fontes de jornalistas

 

Internacional

Entrada em vigor depende da passagem pelo Senado, que votará a legislação complementar
De Londres e de São Paulo, notícias, ideias e tendências em jornalismo, informação, desinformação e plataformas digitais| Redação MediaTalks 22.01.2024


Foto: Unsplash 

Londres – Depois de um longo processo de tramitação, a Câmara dos Representantes dos EUA finalmente aprovou por unanimidade o projeto de lei, HR 4250, que ficou conhecido como PRESS Law, destinado a proteger o sigilo das fontes da imprensa, um requisito fundamental para as reportagens investigativas que muitas vezes dependem de informantes.

PRESS é a sigla para o nome completo da lei: Protect Reporters from Exploitative State Spying Act (ou Lei de Proteção aos Repórteres da Espionagem Exploratória do Estado, em tradução livre).

Com ela, o governo federal fica impedido de obrigar jornalistas a revelarem a origem das informações que utilizarem em suas matérias, proibição extensiva a plataformas digitais e empresas de telefonia. 

O projeto ainda precisa tramitar no Senado, que aprovará a legislação complementar, mas a passagem pela Câmara foi saudada por organizações de mídia e de liberdade de imprensa, que já demonstram preocupação com declarações pouco amistosas do candidato Donald Trump sobre a mídia durante a campanha.

O que diz a lei do sigilo das fontes

Os EUA já têm leis estaduais dispondo sobre a proteção das fontes, mas esta será a primeira lei federal regulamentando o direito dos jornalistas de se recusarem a revelar quem deu informações para uma reportagem.

O novo dispositivo, aprovado na sessão de 18 de janeiro, proíbe o governo federal de obrigar jornalistas e prestadores de serviços de telecomunicações (por exemplo, empresas de telefonia e internet) a divulgar determinadas informações protegidas, exceto em circunstâncias limitadas, como para prevenir o terrorismo ou a violência iminente.

Ele protege contra a divulgação qualquer informação que identifique uma fonte, bem como quaisquer registos, conteúdos de uma comunicação, documentos ou informações obtidas ou criadas por jornalistas no decurso do seu trabalho.

Além disso, o projeto de lei protege “terceiros específicos, como operadoras de telecomunicações ou empresas de redes sociais”, de serem obrigados a fornecer testemunho ou qualquer documento que consista num registo, informação ou outra comunicação que seja armazenada por terceiros em nome de um jornalista. 
 
Leia também | Repórteres Sem Fronteiras quer lei para proteger sigilo das fontes se Trump voltar à presidência dos EUA

Repórteres Sem Fronteiras fez lobby a favor da lei

Segundo a organização de liberdade de imprensa Repórteres Sem Fronteiras, que fez lobby a favor do projeto, a lei federal vai ajudar a proteger os jornalistas que correm o risco de pena de prisão, multas ou outras punições por se recusarem a revelar as suas fontes em tribunais federais ou em inquéritos do Congresso.

Agora, a entidade cobra aprovação rápida do da lei do sigilo das fontes no Senado, em um momento sensível no país, com a possível eleição de Donald Trump para voltar à presidência este ano.

Trump tem uma relação de animosidade com a imprensa, e em várias ocasiões fez ameaças interpretadas como tentativas de censura ou de perseguição a jornalistas e veículos críticos.

“O Senado tem uma nova oportunidade de dar um impulso há muito esperado à liberdade de imprensa americana, ao aprovar um projeto de lei que goza de apoio bipartidário quase unânime. Uma lei federal de proteção à imprensa como a PRESS Act é uma proteção de bom senso que qualquer pessoa que valorize a Primeira Emenda deveria acolher”, disse Clayton Weimers, Diretor Executivo da RSF nos EUA.

A RSF lembrou que uma versão anterior da Lei PRESS chegou a ser aprovada na Câmara em 2022, mas não foi incluída no pacote geral de gastos daquele ano, devido às objeções de um único senador .

A Presidente da News Media Alliance, Danielle Coffey, disse que a nova lei fornece uma salvaguarda vital para o trabalho da imprensa livre na cobertura de assuntos importantes para as comunidades, sem medo de interferência ou intimidação por parte do governo.

A organização, que reúne mais de 2 mil empresas jornalísticas norte-americanas, informou que vai acompanhar a tramitação no Senado.

O texto completo da lei pode ser visto aqui
 
 
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https://mediatalks.uol.com.br/2024/01/22/nova-lei-nos-eua-vai-proteger-sigilo-das-fontes-da-imprensa/?UTM%C2%AC_source=MC  


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Um comentário:

Anônimo disse...

Aqui no Brasil, a importãcia de regulamentar as redes sociais, É combater o abúzo e crimes de calunia. As fayknws alimentadas pela a onda bolsonarista...