Ibama informou que a equipe técnica atualmente está avaliando a conformidade do EIA/Rima (Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental) do projeto
Matéria de: Agenda do Poder | Escrito por César Fernandes |Geral | 31 de maio de 2024 – 23:48
A Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) concordou recentemente, em 24 de maio, com a permissão de localização para a construção da maior unidade de beneficiamento de urânio do Brasil, projetada para Santa Quitéria (CE), a cerca de 220 km de Fortaleza.
Neste momento, segundo informações da coluna de Carlos Madeiro, do UOL, prosseguem os estudos para verificar a segurança nuclear e radiológica do empreendimento. Contudo, o avanço dessa etapa tem aumentado o receio entre os moradores locais e organizações que se opõem à instalação do empreendimento.
O temor reside no potencial aumento da radiação na região, que já apresenta índices acima da média devido à própria presença do minério, além da preocupação com o consumo de grandes volumes de água pela unidade.
Operada pela INB (Indústrias Nucleares do Brasil) e pela Galvani Fertilizantes, o consórcio Santa Quitéria assegura que o projeto é seguro e não oferece riscos. Atualmente, a exploração de urânio no país ocorre apenas em Caetité (BA), tendo ocorrido anteriormente em Poços de Caldas (MG).
De acordo com a Cnen, essa autorização permite ao consórcio iniciar os preparativos para a construção da unidade. O projeto visa a explorar a área da fazenda Itatiaia, com 4.042 hectares, para a extração de fosfato (com reservas de 8,9 milhões de toneladas) e urânio (com 80 mil toneladas) ao longo de duas décadas, com um investimento previsto de R$ 2,3 bilhões.
“A concessão foi realizada após avaliação do Relatório do Local pelo corpo técnico da Cnen de diversos aspectos, incluindo geográficos, geológicos, hidrológicos, hidrogeológicos, geotécnicos, sismológicos, meteorológicos, de processos operacionais, de gerência de rejeitos e de proteção radiológica ambiental. A Cnen considerou que o Requerente, nesta primeira etapa, atendeu de forma satisfatória os requisitos”, afirma a nota da Cnen.
Segundo relato de Patrícia Gomes, 32 anos, filha de agricultores e residente no assentamento Queimadas, localizado a cerca de 4 km da jazida, a população ficou desanimada com a notícia da aprovação da licença.
– Recebemos com muita tristeza, mas já sabíamos da sinalização positiva da Cnen. Eles são favoráveis ao projeto, e desde as audiências públicas a gente já vem notando isso – lamenta Patrícia.
Na região, há agricultores familiares e pequenos pecuaristas que produzem alimentos e criam animais. A maior esperança dos moradores para impedir o avanço do projeto reside no Ibama, que será responsável por emitir o parecer final.
– Estamos nesse fio de esperança e de confiança no servidor público imparcial para que esse projeto seja definitivamente descartado. Resistimos em defesa da vida, da biodiversidade e dos nossos já escassos recursos hídricos – declara Patrícia Gomes.
Procurado, o Ibama informou que a equipe técnica atualmente está avaliando a conformidade do EIA/Rima (Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental) do projeto. Esta é a terceira tentativa do consórcio, após duas frustradas em 2004 e 2014. Essa análise, segundo o órgão, está sendo conduzida de forma independente e paralela à emissão da licença pela Cnen para o projeto.
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