sábado, 27 de fevereiro de 2021

Cadastro Único: Quem pode fazer a inscrição? Descubra as regras!


Cadastro Único: Quem pode fazer a inscrição? Descubra as regras!

GLAUCIA ALVES EM 26 DE FEVEREIRO DE 2021, ÀS 15:53


PONTOS - CHAVE
  • O Cadastro Único é usado pelo Governo Federal para identificar e ajudar as famílias que estação em situação de vulnerabilidade social;
  • As inscrições no CadÚnico são realizadas pelos representantes do Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) do município;
  • O cadastro é efetuado com um representante da família, maior de 16 anos, e que resida no mesmo domicílio que os demais componentes familiar;
Cadastro Único é usado pelo Governo Federal para identificar e ajudar as famílias que estação em situação de vulnerabilidade social. Sendo assim, os agentes do CRAS identificam essas famílias e realizam a inscrição no CadÚnico.



O Cadastro Único inscreve famílias que estão em situação de pobreza ou de extrema pobreza.

Com esses dados, tanto o Governo Federal, como estados e municípios, tentam melhoras as condições dessas famílias, através da implantação de políticas públicas.

As inscrições no CadÚnico são realizadas pelos representantes do Centro de Referência da Assistência Social (CRAS) do município.

Esses realizam visitas às famílias que são consideradas vulneráveis economicamente para realizar a inscrição.

  • Mesmo assim, as famílias que estão dentro dos requisitos no CadÚnico e que ainda não receberam a visita dos representantes do CRAS em suas residências, devem comparecer ao Centro e solicitar o cadastramento.

    É importante destacar que o cadastro é efetuado com um representante da família, maior de 16 anos, e que resida no mesmo domicílio que os demais componentes familiar.

    É recomendado que o representante seja uma mulher que possua CPF ou Título de Eleitor.

    O representante familiar irá responder o questionário sobre todos os integrantes e informar todos os dados necessários, como nome completo, idade, altura, peso, endereço, renda mensal, telefone para contato, entre outros.

    O cadastro é realizado pelos municípios e estados, de forma conjunta. Sendo que, os municípios fazem o cadastro no CRAS e repassam os dados para o estado que realiza o cruzamento das informações com os bancos de dados disponíveis.

    O Estado, por sua vez, repassa as informações para o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) que é gestor responsável. Por último, o MDS passa os dados para a Caixa Econômica Federal que é o agente operador que mantém o Sistema de Cadastro Único.

    Documentos necessários para o Cadastro Único

    • Certidão de Nascimento;
    • Certidão de Casamento;
    • CPF;
    • Carteira de Identidade (RG);
    • Certidão Administrativa de Nascimento do Indígena (RANI);
    • Carteira de Trabalho;
    • Título de Eleitor;
    • Comprovante de endereço (conta de água ou luz atual).

    As famílias indígenas e quilombolas, que não possuam qualquer um dos documentos de identificação mencionados acima, poderão apresentar o Registro Administrativo de Nascimento Indígena (RANI).

    É importante lembrar que o Cadastro único deve estar sempre atualizado, para que as famílias não percam o direito de receber os benefícios de assistência social, como o Bolsa Família.

    Sendo assim, caso haja alguma mudança, como endereço ou nascimento de um filho, o responsável familiar deve comparecer ao CRAS e realizar a atualização dos dados.



Critérios do Cadastro Único

Desde 2007 o CadÚnico é usado para identificar as famílias brasileiras mais necessitadas.

Com isso, contempla as famílias em situação de pobreza, ou seja, que tenha uma renda mensal per capita de até meio salário mínimo (R$ 550 em 2021) ou total de até três salários mínimos (R$ 3.300 este ano).

Cadastro Único: Quem pode fazer sua inscrição? Descubra as regras!

Benefícios sociais do Cadastro Único

  • Água para todos;
  • Aposentadoria para pessoa de baixa renda;
  • Auxílio emergencial;
  • Bolsa estiagem;
  • Bolsa Família;
  • Bolsa Verde – Programa de Apoio à Conservação Ambiental;
  • Carta Social;
  • Carteira do Idoso;
  • Casa Verde e Amarela;
  • Crédito Instalação;
  • Fomento – Programa de Fomento às Atividades Produtivas Rurais;
  • Isenção de Taxas em Concursos Públicos;
  • Passe Livre para pessoas com deficiência;
  • Pro Jovem Adolescente;
  • Programa Brasil Alfabetizado;
  • Programa Brasil Carinhoso;
  • Programa de Cisternas;
  • Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – PETI​;
  • Programa Nacional de Crédito Fundiário;
  • Programa Nacional de Reforma Agrária;
  • Tarifa Social de Energia Elétrica;
  • Telefone Popular;

Como dito anteriormente, os estados e municípios também utilizam esses dados para contemplar as famílias mais necessitadas em suas políticas sociais. Por esse motivo, vale salientar a importância de ter os dados sempre atualizados.

Fim do Cadastro Único

O governo pretende tirar dos municípios o poder de cadastrar os novos beneficiários de programas sociais pelo CRAS. A ideia é evitar fraudes e reduzir os custos com políticas de proteção social.

Dessa maneira, a proposta é que os próprios cidadãos efetuem o seu cadastro, assim como o atualize, por meio de um aplicativo que será desenvolvido para o celular, assim como aconteceu para o auxílio emergencial.


Glaucia Alves

Glaucia AlvesGláucia Alves, formada em Letras-Inglês pela Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). Foi professora por 7 anos. Esse ano começou a trabalhar como redatora e como corretora de redação. Atualmente, trabalha na equipe do portal FDR e realiza consultoria de redação on-line.

https://fdr.com.br/2021/02/26/cadastro-unico-quem-pode-fazer-sua-inscricao-descubra-as-regras/

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

Qual a importância do rádio para a liberdade de imprensa? Veja respostas de jornalistas da América Latina

 Por Teresa Mioli / 12 fevereiro, 2021



O Dia Mundial do Rádio está comemorando seu 10º aniversário este ano.

A Assembleia Geral da ONU adotou o Dia Internacional em 2012 e o tema deste ano é "Novo Mundo, Novo Rádio: Evolução, Inovação e Conexão”.

Na LatAm Journalism Review (LJR), queríamos nos juntar à celebração deste dia. Para fazer isso, perguntamos a jornalistas de rádio da América Latina e do Caribe por que o rádio é importante para a liberdade de imprensa na região. Suas respostas podem ser encontradas abaixo e em nossas redes sociais:

“O rádio não cumpre apenas a função essencial de informar, educar e divertir. É um poderoso instrumento ao serviço da população, em tempos de conflito ou de paz, chega a locais remotos, diferencia-se pela interação com o público, fornece informação instantânea, é acessível e permite ao ouvinte realizar outras atividades simultâneas."

Maria Gloria Alarcón, Rádio Ñanduti - Paraguai


"Nesta celebração do Dia Mundial do Rádio, considero valioso enfatizar a relação entre o rádio e a liberdade de imprensa, a partir da própria profissão do jornalismo e sua estreita relação com a liberdade de imprensa. O rádio é importante neste sentido, pois é um dos meios de comunicação que podemos encontrar mais facilmente e, graças ao valor da sua imediatez, diversidade de vozes, opiniões e pensamentos, pilares fundamentais na construção da liberdade de imprensa."

Juan Felipe Reyes Espitia, Rádio Caracol - Colômbia


"Acredito que o rádio ganha importância nos nossos tempos, quando os meios jornalísticos tendem a se digitalizar e caem na tentação de deixar de lado o público que não consegue acessar a internet. Aí entra o rádio, que se conecta com as pessoas nos territórios mais remotos da nossa região."

Isabella Reimi, El Pitazo - Venezuela


"O rádio é um veículo ágil e direto. É um veículo que atinge a massa. É barato de se fazer, é barato de se consumir. E tem uma força muito grande na prestação de serviço à população. Por isso, a liberdade de imprensa no rádio é essencial para a população ter uma fonte de informação segura e confiável."

Marcus Lacerda, Rádio Bandnews FM Rio - Brasil


"O rádio é um importante meio de comunicação para a liberdade de imprensa porque permite a defesa de outros direitos humanos e abre a possibilidade de que as pessoas possam acessar um meio de comunicação, principalmente em um regime autoritário como o que temos na Nicarágua, onde a população não consegue se expressar livremente."

Júlio López, Onda Local - Nicaragua


“O rádio que assume um compromisso com o jornalismo, com a verdade, é vital para informar e exercer o direito à liberdade de imprensa. Ampla e gratuita, o rádio não exige pagamento, internet ou telefone e às vezes nem eletricidade, para levar a voz humana por geografias e comunidades muitas vezes distantes. No rádio, a energia deve responder sem cortes, ao vivo e direto. O rádio é o meio onde nos falamos e nos ouvimos, e um daqueles espaços, cada vez mais escassos, onde o diálogo é sempre possível.”

Paula Molina, Radio Cooperativa - Chile


"Desde sempre ouvi que o rádio tinha sido condenado e estava com dias contados após o surgimento da internet e das redes sociais. A internet nunca ocupará o ofício do jornalismo que é baseado na informação. É bem verdade que o mundo vive uma onda de desinformação, e muitos tentam colocar a imprensa contra a sociedade, como uma inimiga do povo. Mas o jornalismo é, na verdade, pautado sobre a ética em informar, ainda com nossas imperfeições, mas sempre acrescentando, corrigindo erros e com a responsabilidade crescente de informar a verdade. Nesse contexto, o rádio vive um período excepcional porque é uma época de mudanças rápidas no mundo tecnológico. Sem dúvida, o rádio é um meio de comunicação de massa importantíssimo para liberdade de imprensa, por ser o mais popular e o de maior alcance. A confluência das mídias só ampliou a participação cada vez maior do público ouvinte de rádio."

Douglas Ritter, CBN-SP - Brasil 


"O rádio é importante para a liberdade de imprensa porque ainda é o meio mais imediato de comunicação de massa que permite tratar uma variedade de questões e de forma concisa ou extensa com o menor custo.  O rádio permite o cultivo da criatividade para dar vida às imagens com palavras, música e efeitos sonoros.

Com a convergência da tecnologia de rádio terrestre convencional com as modernas tecnologias de mídia social, o rádio meramente ganhou um impulso adicional para ser inovador e criativo.  Os fundamentos de produção e apresentação da produção de rádio permanecem exclusivos para este meio e assim serão por muito tempo ainda.

Pare para pensar sobre isso!  Você não pode assistir TV ou acompanhar as redes sociais enquanto dirige, cozinha ou limpa!

Holisticamente, a radiodifusão será simplesmente um sonho sem a espinha dorsal da tecnologia de transmissão e recepção de sinais sem fio, possível apenas por grandes inventores como Heinrich Hertz, a quem nomeamos nossas frequências para o espectro do qual dependem as tecnologias de televisão, satélite e telefone celular".

Denis Chabrol, News-Talk Radio Guyana 103.1 FM - Guiana

 



https://latamjournalismreview.org/pt-br/articles/aqui-esta-o-que-jornalistas-de-radio-da-america-latina-e-do-caribe-disseram-a-ljr-sobre-a-importancia-do-radio-para-a-imprensa-liberdade/


sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Governo e Prefeitura entregam novo Hospital de Campanha de Santarém.

 19 de fevereiro de 2021

Com a presença do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, o governo estadual reforçou a estratégia de combate à Covid-19 no oeste do Pará, nesta quinta-feira (18), com a entrega pelo governador Helder Barbalho do novo Hospital de Campanha de Santarém. São mais 60 leitos clínicos exclusivos para tratamento de Covid-19 na região.

Eduardo Pazuello cumpriu agenda no município, e esteve presente à cerimônia. Uma parceria entre o Estado e a Prefeitura de Santarém, em mais uma estratégia para conter o avanço da pandemia no oeste paraense, a proposta é que o hospital funcione como uma retaguarda à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do município, que já se tornou um hospital exclusivo para atendimento de casos do coronavírus. O Hospital de Campanha de Santarém atenderá também pacientes do Hospital Regional.

“Hoje nós damos mais um passo importante na ampliação da oferta de leitos para tratamentos específicos de Covid com a abertura deste hospital de campanha, que certamente colaborará, tanto com o sistema de Santarém, quanto reforçará as estruturas já montadas na região”, disse Helder Barbalho.

Hospital de campanha funcionará como uma retaguarda à Unidade de Pronto Atendimento (UPA)

O prefeito de Santarém, Nélio Aguiar, reiterou a importância da parceria entre os entes. “É importante colocar esse hospital de campanha para funcionar, porque dá uma grande retaguarda para nossa UPA. O desafio é muito grande. Todas as providências tomadas pelo governo do Estado, em conjunto com a prefeitura de Santarém, foram rápidas e acertadas”, disse ele.

Estrutura – O hospital está montado na Escola Maria Uchoa Martins, no bairro Floresta, a 800 metros do Hospital Regional do Baixo Amazonas.

A unidade tem 60 leitos clínicos, sete enfermarias – cada uma com sete leitos -; uma enfermaria com 16 leitos; uma sala de estabilização, com quatro leitos; posto de enfermagem; farmácia; almoxarifado; estar médico e de enfermagem; uma sala do Núcleo Interno de Regulação; necrotério; sala de paramentação; refeitório; cozinha; administrativo; vestiários femininos e masculinos; descanso equipe; faturamento; departamento pessoal; expurgo; psicossocial e resíduos. 

Ministro elogiou a postura do Governo e Município por traçarem estratégias rápidas de combate ao vírus

Eduardo Pazuello elogiou a postura do Governo e município de Santarém por traçarem estratégias rápidas e com retorno imediato à população. “É muito bom nós chegarmos num estado, verificarmos a gestão e verificarmos a união de esforços de todos os níveis de gestão, de governo, e observar que essa estrutura do hospital de campanha, aproveitando uma escola, já com a estrutura física pronta e adaptar ela. Isso é uma economia de recursos e um resultado claro de oferta, de aumento de oferta de leitos”, afirmou.

“Estou muito satisfeito com o que vi aqui no Pará, já tinha vindo em outros momentos e já conversei com o governador e parlamentares, estão no caminho certo. Nós temos que acompanhar dessa forma, está muito bom. Parabéns pelo trabalho do governador, dos secretários, de toda a equipe”, ponderou Eduardo Pazuello.

A unidade tem 60 leitos clínicos, com sete enfermarias

Visita Hospital Regional – O governador também mostrou ao ministro a estrutura do Hospital Regional do Baixo Amazonas. Helder Barbalho explicou como funciona a dinâmica do Regional para casos de Covid-19.

“Tivemos um retorno extremamente positivo da visita do ministro Pazuello e do governador Helder nas instalações do Hospital Regional do Baixo Amazonas, unidade que tem sido fundamental na estratégia do Governo do Pará no enfrentamento à pandemia no Baixo Amazonas. Demonstramos que as ações implementadas estão obtendo sucesso. Temos certeza que a união de esforços dos governos federal, estadual e municipal fortalecerá o conjunto de ações para a continuidade do enfrentamento da Covid-19 em nossa região”, afirmou o diretor Hospitalar, Hebert Moreschi.

Helder Barbalho, prefeito Nélio Aguiar e ministro Pazuello visitaram ainda o Hospital Regional do Baixo Amazonas

Leitos – Nesta segunda onda de contágio da Covid-19 no oeste do Pará, o governo do Estado abriu 250 leitos, entre UTI e clínicos, nos Hospitais Regionais de Santarém (96), Itaituba (129) e 9 de Abril (25), em Juruti.
Por conta da alta demanda, neste mês de fevereiro, a Sespa viu a necessidade de abrir mais 24 leitos no Hospital Regional do Baixo Amazonas, sendo 14 clínicos e 10 de UTI. Esses leitos clínicos são temporários e atenderão até que o Hospital de Campanha de Santarém funcione em sua totalidade. A proposta é manter os leitos UTI e ainda ampliar a quantidade para 20 leitos no total.

UPA de Santarém – A Secretaria de Estado de Saúde (Sespa), em conjunto com a Secretaria de Saúde de Santarém, tem reduzido o número de ocupações na Unidade de Pronto Atendimento do município. Isso tem sido feito por meio de transferências mais céleres de pacientes para hospitais de referência em Covid-19 na região oeste, onde o contágio da doença é agudo.

O trabalho iniciou do mês de fevereiro, quando os diretores da Sespa, em conjunto com a prefeitura, identificaram um fluxo acima do esperado na UPA, mesmo com leitos à disposição da população.

Com o aval da Prefeitura, técnicos da 9ª Regional de Saúde da Sespa foram para dentro da Unidade, para entender quais os problemas e porque os pacientes não estavam sendo regulados. Foi identificado que era necessário realinhar a estratégia do núcleo interno de regulação da UPA e, desde então, os processos de internação passaram a ser mais céleres, mesmo com o fluxo intenso de atendimento na unidade, que já virou um hospital exclusivo para atendimento de casos de Covid-19.

Informações Agência Pará | Fotos: Pedro Guerreiro


https://saviobarbosa.com.br/governo-e-prefeitura-entregam-novo-hospital-de-campanha-de-santarem/

Covid-19 mata Aruká Juma, último ancião de seu povo

  

Aruká sobreviveu ao massacre dos Juma, na década de 1960, mas não resistiu ao novo coronavírus; entidades cobram responsabilidade da Funai

Aruká Juma | ISA

Morreu, nesta quarta-feira (17/2), o último ancião do povo Juma. Aruká Juma estava internado há cerca de um mês devido ao agravamento do quadro de Covid-19. Aruká deixa três filhas, Mandeí, Maitá e Borehá, além dos netos Bitaté, Puré, Kunhãvé, Kuaimbu, Kajubi, Thiago Tembu, Mborep, Morangüi, Tejuvi, Anaíndia, Poteí; bisnetos, parentes e amigos.

Aruká começou a apresentar sintomas ainda em janeiro e ficou alguns dias internado em Humaitá (AM). Em 26 de janeiro foi hospitalizado novamente e, no dia 2 de fevereiro, foi transferido para o Hospital de Campanha de Porto Velho (RO).

Aruká foi um dos sete sobreviventes do massacre no rio Assuã, no sul do Amazonas, em 1964. O ataque foi perpetrado por comerciantes de Tapauá interessados na sorva e na castanha do território Juma. Mais de 60 pessoas foram assassinadas, em mais um triste capítulo na história de sucessivos massacres que atingiram o povo Juma ao longo dos séculos.

No fim dos anos 1990, Aruká conquistou o reconhecimento de seu território e virou um símbolo de luta e resistência dos povos indígenas da Amazônia. Estima-se que no século XVIII existiam 15 mil indivíduos do povo Juma. A expansão das frentes extrativistas trouxe consigo a violência, e os Juma se viram reduzidos a poucas dezenas na década de 1960. Em 2002 restavam apenas cinco indivíduos: um pai com suas três filhas e uma neta. Os Juma são falantes de uma língua Tupi-Kagwahiva, a mesma dos povos Uru-eu-Wau-Wau, Amondawa, Tenharim e Parintitim.

O antropólogo Edmundo Peggion, que trabalhou com os Juma durante anos, descreveu Aruká como um homem respeitado. “Um homem que detinha muito respeito. Uma pessoa séria, que carregava no semblante toda a experiência de sofrimento, e que trazia com ela a tradição Tupi-Kagwahiva”, afirmou.

Em 1998, os Juma foram transferidos para a Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau, onde as filhas de Aruká, Mandeí, Maitá e Borehá, se casaram com indígenas Uru-Eu. Anos depois, a família retornou à Terra Indígena Juma. Dois parentes de Aruká faleceram na TI Uru-Eu-Wau-Wau depois da mudança. Hoje, cerca de 17 indígenas habitam a TI Juma. Além de Aruká, outros sete Juma foram contaminados, mas estão em recuperação.

Para Jordeanes do Nascimento Araujo, Professor de Antropologia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), a morte de Aruká deve entrar na conta da Fundação Nacional do Índio (Funai). “Essa contaminação é fruto de total negligência da Funai, que não tem até agora um plano de contigência”, disse. Ele critica o fato de o órgão não ter feito nada para impedir a contaminação de um grupo pequeno, de 17 pessoas. “É a continuidade do extermínio do povo Juma”, lamentou.

A Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e o Observatório dos Povos Indígenas Isolados emitiram uma nota sobre o episódio.

Aruká Juma | ISA

Por: Clara Roman
Fonte: ISA


Covid-19 mata Aruká Juma, último ancião de seu povo – Amazônia.org (amazonia.org.br)

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

ESTREIA!!! SERGIO MORO: A CONSTRUÇÃO DE UM JUIZ ACIMA DA LEI (Documentário)


Documentário: a Construção de um Juiz acima da Lei, Realizado por Luis Nassif, Marcelo Auler, Cintia Alves e Nacho Lemus, do Jornal GGN, o documentário é um registro histórico de uma série de violações a direitos e garantias constitucionais que marcaram a trajetória de Sergio Moro na magistratura.

O Jornal GGN lança na noite desta segunda-feira (8), a partir das 20h em seu canal no Youtube, o documentário “Sergio Moro: A construção de um juiz acima da lei”, um projeto de jornalismo independente realizado por Luis Nassif, Marcelo Auler, Cintia Alves e Nacho Lemus.

O documentário é um registro histórico de uma série de violações a direitos e garantias constitucionais que marcaram a trajetória de Sergio Moro na magistratura. Ao longo de 74 minutos, o vídeo expõe alguns dos métodos heterodoxos usados pelo ex-juiz, a partir do depoimento de personagens que acompanharam os casos escabrosos de perto.

A imparcialidade de Moro foi colocada em xeque e virou assunto de repercussão nacional em função dos julgamentos do ex-presidente Lula, mas os excessos cometidos pelo ex-juiz não começaram na Lava Jato. Muito antes da operação que atingiu a Petrobras estourar na mídia, ministros de tribunais superiores tomaram conhecimento de que havia um “juiz investigador” em Curitiba desde os tempos de Banestado, mas pouco fizeram para barrar o comportamento transgressor de Moro.

Os questionamentos em torno da construção artificial da competência de Moro para julgar a Lava Jato, o papel de setores da imprensa que inflaram o movimento lavajatismo para derrubar um governo progressista, a postura vacilante da Suprema Corte e o alinhamento em outros tribunais são alguns dos pontos abordados no documentário, que se estende da formação de Moro até sua passagem pelo Ministério da Justiça a convite do extremista de direita Jair Bolsonaro.

 

Fonte: Brasil 247


https://www.xapuri.info/vazajato/documentario-um-juiz-acima-da-lei/

sábado, 6 de fevereiro de 2021

“Nas redes sociais, as pessoas optam por vitórias simbólicas em vez de reais” | Estilo

 BrasilDestaque

 Portal Gongogi




James Williams trabalhou por uma década no Google, até 2016, depois fez um doutorado em Oxford e começou a analisar como seu setor estava mudando o mundo. Desde a eleição de Trump, a narrativa das más consequências das redes em nossas vidas cresce. O último caso popular foi o documentário da Netflix, The Social Dilemma, em que aparece Tristan Harris, ex-colega de Williams. “Ele tem se dedicado mais a evangelizar, e eu, à escrita e à academia”, diz.

Williams, 39 anos, é agora pesquisador do Centro Uehiro de Ética Prática, da Universidade de Oxford, embora more na Rússia por causa do trabalho de sua mulher. Da Rússia ele fala pelo Zoom com o EL PAÍS: “Não prestamos atenção um no outro quando usamos o Zoom. A maioria das pessoas olha para si mesma. Ou para um ponto negro, a câmera”, afirma.

Em 2017 publicou Stand Out of Our Light (Saia de nossa luz), que agora está traduzido para o espanhol com o título de Clics contra la Humanidad (editora Gatopardo). A grande preocupação de Williams é a nossa atenção. Ele quer que rebatizemos a “era da informação” como a “era da atenção”. Quando a informação é abundante, a escassez é de atenção. As redes sociais querem nos roubar algo essencial para o nosso desenvolvimento, embora ainda saibamos muito pouco sobre suas consequências em nossa espécie.

Williams não busca culpados para os problemas que as tecnologias nos causam. Não há ninguém excepcionalmente mau que dirija os desígnios da humanidade. É um acúmulo de decisões: “É um problema sistêmico”, diz ele.

Pergunta. Seus ex-colegas de Google te odeiam?

Resposta. Pelo contrário. Ao falar sobre essas questões, as pessoas te colocam na narrativa de que você escapou de um lugar terrível. Mas eu mantenho contato com muita gente. Muitos concordam com o que eu digo. O problema não são as pessoas, mas as estruturas, os modelos de negócios.

P. O Vale do Silício não é o mal.

R. Seria interessante abandonar a narrativa de que estamos lutando contra um monstro. Isso torna mais difícil para nós conseguirmos uma tecnologia melhor. Os designers e os engenheiros dessas empresas não tentam piorar nossas vidas.

P. Ouve-se muito a célebre frase: “as melhores mentes de nossa geração se esforçam para colocar um anúncio bem diante do seu nariz”.

R. Nós realmente deveríamos querer que mais pessoas inteligentes entrassem nesse setor para mudá-lo. O problema é como. Mas poderia ser pior: o Vale do Silício poderia estar cheio de pessoas como aquelas que trabalharam em indústrias do fumo. Poderiam querer explorar pessoas e ter permissão para isso.

P. E por que o Vale do Silício não entende melhor o problema?

R. É uma mistura de superotimismo e ignorância. No Vale do Silício, muita gente não entende de fato o que criou. Parte é distanciamento de um tipo de crítica, parte é otimismo, parte é não entender. É um problema de filosofia: o que eles querem fazer pelo mundo. O caso do Facebook é interessante. Há uma dissonância estranha. Todos os anos, Zuckerberg vem com uma nova visão sobre o que querem fazer pelo mundo e fala com palavras grandiosas. Seria melhor se ele se graduasse em filosofia para se aprofundar e se esclarecer.

Apoie a produção de notícias como esta. Assine o EL PAÍS por 30 dias por 1 US$

Clique aqui

P. Qual o problema que há com nossa atenção?

R. Temos uma quantidade delimitada de tempo aqui na Terra. Queremos escrever uma história sobre nós e, para isso, a atenção é fundamental. Se tivermos controle de nossa atenção, podemos escrever a história da maneira que quisermos. Agora, nosso controle sobre a atenção está drasticamente prejudicado.

P. Do fosso digital, passamos para o fosso da atenção: os pobres sofrem mais com sua atenção?

R. Se uma pessoa pobre entra no supermercado e tem que ficar pensando se o dinheiro chega para a compra de certas coisas, são muitas as decisões que tem que tomar. Mas se você não precisa pensar nisso, pode ser mais zen, passear pela loja e comprar o que quiser. Ou as pessoas que têm filhos e precisam estar atentas a mil coisas, acabam exaustas no fim do dia. Então, quando você está livre, é mais fácil cair em um buraco negro no Reddit ou no YouTube e isso te tirar duas horas. Acontece comigo.

P. O cansaço de ter sempre que tomar decisões nos faz baixar a guarda da nossa atenção?

R. Há ambientes mais exigentes cognitivamente. Há um grande exemplo na história da mulher perdida em uma ilha deserta onde um lobo a persegue e tenta matá-la. Ela tem que construir uma casa e conseguir comida, mas o lobo não a deixa em paz. Tem que estar atenta ao lobo: sua autonomia e sua capacidade de atenção são minadas por esse lobo incansável. Há muitos lobos em nossas vidas: relacionamentos, preocupações financeiras. A moral da história é que quanto mais tecnologias tentam capturar e direcionar nossa atenção, menos capacidade temos para esse espaço e para pensar sobre quem somos, o que queremos fazer.

P. Mas a tecnologia também pode ajudar.

R. Está claro que há maneiras pelas quais a tecnologia melhora nosso bem-estar: poder falar por vídeo com minha família em Seattle enquanto moro em Moscou, por exemplo. Nem sempre conseguimos fazer isso perfeitamente, mas existem ambientes para os quais a evolução nos otimizou. Agora vivemos em um ambiente no qual essa otimização em vez de ser aproveitada é explorada. Além disso, toda essa paisagem mudou muito rapidamente sob nossos pés: com as tecnologias anteriores, tivermos décadas ou mais para nos acostumar.

P. A TV, filmes?

R. E mais atrás, a imprensa. No final do século XIX, o chefe dos telégrafos canadenses falava sobre qual era o melhor meio, e disse: nada pode competir com a instantaneidade. Isso se reflete na ansiedade que sentimos agora: projetamos nossas vidas para competir com a instantaneidade, e não pode ser. Antes tínhamos uma ideia de quais eram os problemas que tínhamos diante de nós. É como se estivéssemos num desses games de marcianos e de repente o tamanho e a enxurrada de naves se multiplicam exponencialmente. Não podemos responder.

P. Seu livro é de 2017. Estamos em 2021. Estamos piores?

R. É uma sensação agridoce porque o que eu contava foi se amplificando. As coisas não estão melhorando. Escrevi o livro depois de 2016. As tendências ainda estão aí e houve outras esferas em que apareceram coisas: a ética da inteligência artificial, os efeitos dos dispositivos nas crianças.

P. Mas ainda não sabemos o que acontece com as crianças.

R. Certo. Tenho um filho que acaba de fazer 3 anos. Posso dizer o que faço com meu filho, mas não é algo prescrito, a gente improvisa: estamos construindo a canoa enquanto nadamos.

P. E o que você faz?

R. Uso um projetor porque ele tira a TV do centro da sala. A possibilidade de ligá-la não existe mais. O projetor também serve para ver a luz refletida em vez da projetada. Nós permitimos que use dispositivos móveis, mas com foco em áudio. Às vezes, um vídeo, mas nunca algo escolhido por um algoritmo. Também faço isso com ele e que seja algo especial, não habitual. Na verdade, eu me preocupo com o dia em que seus amigos comecem a ter contas nas redes sociais e ele queira ter uma. Espero que tenhamos uma conversa.

P. Uma de suas principais queixas é que não temos palavras para abordar esse problema.

R. Sim, mesmo as “redes sociais” parecem ter uma finalidade social quando são papel adesivo para nossa atenção. Não temos vocabulário para essas categorias porque até o e-mail é uma rede social. Outros conceitos em falta são os referentes a influenciar. Uma das grandes aspirações do jovem de hoje é ser um influencer, sem nenhum propósito específico. Ainda está muito pouco elaborado: que tipo de influências são essas, persuasão, manipulação, coerção. Buscar palavras faz parte do meu trabalho desde que terminei o livro. Durante a pandemia, por exemplo, surgiu “doomscrolling”. É fascinante.

P. Você insiste em que não é nossa culpa, que é impossível se defender. Somos como soldados ante exércitos de tanques.

R. Há um espaço para o autocontrole. Mas não é o suficiente. Também é frustrante porque você não tem suficiente força de vontade e diz a si mesmo que precisa de mais força de vontade. Assim como as mudanças climáticas, são problemas sistêmicos e nós os reenquadramos como individuais e nos perguntamos se estamos fazendo o suficiente. Ou gritamos uns para os outros entre gerações: “Os boomers destruíram tudo”. Nossa psicologia quer encontrar bodes expiatórios para nossos problemas. É psicologicamente reconfortante pensar que descobrimos de quem é a culpa e se pudéssemos somente rebaixar seu status tudo estaria resolvido. Os depoimentos no Congresso dos Estados Unidos são para isso: a grande lição de Zuckerberg atrás do microfone no Senado é vê-lo ali, fraco, indefeso. Não se trata de resultado, e sim de baixar o nível de alguém. Mas a solução para tudo isso não é atribuir culpa, o que não significa que não haja quem tenha culpa. A solução não é sairmos da Internet, mas consertar os problemas sistêmicos.

P. Você também não gosta de falar em vícios.

R. Tem gente que poderia ser descrita assim, mas há uma classificação clínica para falar de vício e não é o mesmo que quando na linguagem coloquial nos queixamos de que usamos muito alguma coisa. Não é que você seja viciado ou não, existem vários níveis: compulsão, habituação, perda de controle, manipulação. Temos que falar de um modo com mais nuances.

P. A indignação moral das redes também não ajuda.

R. Eu separaria a ira da indignação moral. Existem boas razões para estar com raiva. O problema é quando a ira se transforma em vingança, que não é voltada para a justiça e para a resolução do problema, mas para rebaixar alguém, destruir alguém simbolicamente, que o demitam, por exemplo. É o que hoje se chama de “cancelar” alguém. Se o Black Lives Matter chama a atenção para as injustiças e desigualdades sociais para melhorar a situação, isso é válido. O desafio surge quanto ao que fazemos com isso. As dinâmicas que temos agora nas redes sociais são muito boas para trazer as coisas para o centro das atenções da sociedade e incensar essa raiva, mas não são boas para nos dar uma distância deliberativa para alcançar a Justiça. Vimos isso na Primavera Árabe: derrubaram o ditador, mas essa dinâmica não serviu para construir algo depois. Nas redes sociais, as pessoas optam por vitórias simbólicas em vez de reais.

P. E Trump?

R. O populismo e a ascensão de Trump estão enraizados em uma ansiedade real sobre a queda dos salários, ver a qualidade de vida de seus pais quando compraram uma casa. Agora, este sistema de mídia te mostra de um jeito íntimo as pessoas mais bem-sucedidas do mundo e você se compara a elas, não a alguém da sua cidade. No meio de tudo isso, lançamos esta bomba de redes sociais e mídia digital globais. Ampliou isso ao extremo.

P. As redes dificultam a criação de políticas públicas equilibradas?

R. Priorizam a emoção. Os políticos fazem coisas para que pessoas que eles não conhecem não gritem com eles no Twitter, em vez de fazer o melhor, após avaliar bem.

P. Propõe várias soluções no livro: melhores medições.

R. Seria uma das melhores soluções. Agora maximizam as interações, mas como seria se otimizassem por bem-estar em vez da coleta de dados?

P. Também considera positivos os bloqueadores de anúncios.

R. É uma das coisas que mais avançaram na reforma da publicidade. É uma das poucas alavancas que as pessoas têm, é um escudo para a sua atenção.

P. Fica a sensação de que a Internet é uma ótima tecnologia para publicidade.

R. As grandes plataformas são empresas de publicidade. Se você se pergunta por que tem algo na frente do seu nariz, é provável que no final a resposta esteja relacionada com a publicidade.