terça-feira, 26 de março de 2019

Pará encolhe e perde 50 cidades de Marabá em nova revisão territorial do IBGE

Pará - Amazônia - Brasil

Mexida na malha não acarretou remanejamento populacional nem ajustes significativos na representação cartográfica dos limites municipais daqui, mas outros estados serão impactados.

Ao final, confira o novo tamanho dos municípios paraenses!

Ele continua sendo o segundo maior estado do Brasil, em extensão territorial, mas entre 2016 e 2018 perdeu 2.196 quilômetros quadrados de área. O Pará encolheu. A informação, levantada com exclusividade pelo Blog do Zé Dudu, foi divulgada nesta segunda-feira (25) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que fez a revisão da malha municipal do país.
A área por onde o território paraense se espalha caiu de 1.247.955,238 quilômetros quadrados na checagem de 2016 para 1.245.759,305 quilômetros quadrados na apuração com referência a 2018. É como se 50 cidades do tamanho de Marabá tivessem sumido do mapa, literalmente, devido a ajustes técnicos do órgão. O Brasil passou de 8.515.759,09 Km2 para 8.510.820,623 Km2, o equivalente a perder um pedaço de terra do tamanho de três cidades de São Paulo, que é a maior das Américas.
De acordo com o IBGE, na atualização da malha feita em 2018, destacam-se o refinamento do traçado da linha de referência da costa brasileira e de alguns limites fluviais entre os estados de Mato Grosso e Amazonas; Roraima e Amazonas; e Pará com Maranhão e Amazonas. Destaca-se também a adequação da divisa entre o Distrito Federal e Goiás, após estudos realizados em parceria pelo IBGE com os respectivos órgãos estaduais.
O redimensionamento dos valores de áreas está relacionado ainda à evolução das geotecnologias aplicadas no seu cálculo. Na prática, as alterações das áreas também refletem eventuais alterações territoriais nos limites político-administrativos por força de lei ou de medidas judiciais.
Aqui no Pará, no entanto, a mexida territorial não acarretou remanejamento populacional nem ajustes significativos na representação cartográfica dos limites municipais. Mas noutros estados, como Santa Catarina, o número de municípios impactados chegou a 140. O Maranhão, vizinho paraense, tem dez municípios com rearranjo populacional por causa da alteração na malha. Ao todo, 261 municípios foram revisados.

Quem perdeu e quem ganhou

O Blog fez um levantamento comparativo entre as revisões de malha de 2016 e 2018 e constatou que os municípios da região do Marajó e adjacências foram os que mais perderam terreno. Enquanto Marabá (15.128,058 Km2), Parauapebas (6.886,208 Km2), Santarém (17.898,389 Km2) e Belém (1.059,458 Km2), nomes mais famosos do estado, seguem do mesmo tamanho, o município de Soure perdeu quase 20% de seu espaço, sendo reduzido de 3.517,318 Kmpara 2.857,349 Km2.
Outro que diminuiu foi Salvaterra, que passou de 1.039,072 Km2 para 918,563 Km2. O único que aumentou discretamente de tamanho na checagem do IBGE foi Viseu, que passou de 4.915,073 Km2 para 4.939,254 Km2. Na prática, Viseu ganhou uma área equivalente ao tamanho da cidade de Altamira.
Dos 10 maiores municípios brasileiros, quatro são paraenses, inclusive o maior de todos, Altamira, com seus 159.533,328 Km2, área superior à de 104 dos 196 países reconhecidos atualmente pela Organização das Nações Unidas (ONU). Destacam-se também Oriximiná, 4º maior do Brasil com 107.603,436 Km2; São Félix do Xingu, 6º maior, com 84.212,932 Km2; e Almeirim, 8º maior, com 72.954,798 Km2.
Confira o novo tamanho dos municípios paraenses!
http://www.zedudu.com.br/para-encolhe-e-perde-50-cidades-de-maraba-em-nova-revisao-territorial-do-ibge/

sábado, 23 de março de 2019

Coordenadora do MAB é morta com requinte de crueldade em Tucuruí - Pará

 22/03/2019 às 21:36
Belém (PA) – “Ela era uma grande referência do MAB na região”, disse Cleidiane Vieira, que faz parte da coordenação regional do Movimento dos Atingidos pelas Barragens (MAB) sobre o assassinato da também coordenadora do movimento, Dilma Ferreira da Silva, 45 anos, que foi encontrada degolada, provavelmente por arma branca (faca ou terçado), por volta das 21h de quinta-feira (21) em sua casa no assentamento Salvador Allende, zona rural de Baião, no nordeste do Pará. A polícia chegou ao local do crime por volta da meia-noite desta sexta-feira (22).
Coordenador do MAB em Tucuruí, Roquevam Alves Silva disse à agência Amazônia Real que não existia conflito agrário no assentamento Salvador Allende, onde Dilma foi assassinada, junto com o marido dela, Claudionor Costa da Silva, 42 anos, e Hilton Lopes, 38 anos, um assentado. Os dois homens foram mortos provavelmente por arma branca e arma de fogo.
“O assentamento está regularizado há muito tempo. Só se for de posseiro para posseiro [o suposto motivo para o crime]. Aqui não vamos jogar a culpa ou procurar culpado que não seja o de fato. Da forma como ela foi assassinada, ela foi degolada. Há suspeitas de que ela foi estuprada e torturada, por isso tem que investigar muito para chegar aos criminosos. Não entendemos o motivo de tanta brutalidade”, revelou o coordenador.
Ele disse que os criminosos não usaram arma de fogo, como foi divulgado por sites de notícias de Tucuruí, cidade localizada a 60 quilômetros do assentamento Salvador Allende, no sudeste do Pará. Mas outras fontes consultadas pela reportagem dizem que há arma de fogo na cena do crime.  
Segundo a Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social do Pará (Segup), o crime é tratado pela polícia como “execução”, mas ainda não há uma linha de investigação para o motivo e nem pistas dos autores. A secretaria não informou que tipo de armas os criminosos usaram.
A secretaria é chefiada pelo ex-superintendente da Polícia Federal no Pará, delegado Ualame Machado. Ele atuou nas investigações da chacina de Pau D’Arco em que dez trabalhadores rurais foram assassinados por policiais, em 2017, e na morte da missionário Dorothy Stang, em Anapu, em 2005.
“A casa, onde também funcionava um mercadinho, estava toda revirada”, disse a Segup em nota, explicando que as investigações estão centralizadas na Superintendência de Tucuruí, com auxílio ao Núcleo de Apoio à Investigação.
Nem o secretário Ualame Machado e nem o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), fizeram declarações sobre as investigações da morte de Dilma Ferreira.
Para a CPT, Dilma é a primeira ativista pelo direito à terra a ser assassinada na Amazônia, em 2019. Nas redes sociais, a morte da coordenadora do MAB também chocou organizações de mulheres envolvidas no combate a violência e nas manifestações pelo Dia Internacional da Mulher, comemorado este mês.
Roquevam Alves Silva disse que Dilma era coordenadora regional do MAB desde 2005. “A Dilma era uma pessoa muito importante para o MAB, era uma representação muito importante da região. É [sua morte] uma perda irreparável. Apesar da história de que todo mundo é substituível, jamais será a mesma coisa que a companheira fez para o movimento”, disse ele, que afirmou que os assassinatos aconteceram por volta das 21h (do dia 21 de março), mas os familiares e amigos só souberam na manhã desta sexta-feira (22). Dilma não tinha filhos com o marido, mas deixou uma filha adulta do primeiro casamento.
Os corpos das três vítimas já passaram por necropsia no Instituto Médico de Legal de Tucuruí. Os restos mortais da liderança Dilma Ferreira Silva serão transladados para o sepultamento neste sábado (23) no estado do Maranhão, onde moram os familiares dela. Não há informações sobre os enterros de Claudionor Silva e Hilton Lopes.

Alagada da usina de Tucuruí



Dilma Ferreira da Silva tinha 45 anos e deixou uma filha adulta (Foto: MAB)

O assentamento Salvador Allende, onde vivia Dilma Ferreira da Silva, fica no km 50 da rodovia BR-422, a Transcametá, que corta o município de Baião, no nordeste do Pará.
Maranhense, Dilma e sua família foram atingidas pela construção da usina hidrelétrica de Tucuruí – obra considerada a maior no país, inaugurada em 1984, durante a ditadura militar. A obra desalojou mais de 6 mil famílias.  
“Dilma viu sua cidade ser alagada pela abertura das comportas. [Ela] vivenciou o descaso total no processo de reparação, passaram 30 anos desde o começo da obra sem nenhuma reparação”, informou o MAB.

Encontro com Dilma Rousseff

Ao ser comunicada a morte da coordenadora regional em Tucuruí do MAB, na manhã de sexta-feira (22), circulou nas redes sociais a foto dela ao lado da ex-presidente Dilma Rousseff (2011 a agosto de 2016). As duas Dilmas se conheceram em 2011, durante o Encontro Nacional de Mulheres do MAB, em Brasília (DF).
“Entendemos que a eleição da primeira mulher Presidente da República de nosso país coloca-nos a todas, num novo patamar de luta por nossos direitos e traz para todas as mulheres atingidas por barragens a esperança”, dizia a carta entregue por Dilma à presidente Dilma.
“Que a partir de Vossa sensibilidade de mulher, compreenda bem e nossa situação e possamos avançar na construção de um país mais justo, fraterno e igualitário.”
No documento encaminhado à presidência, o MAB solicitava “medidas estruturantes, de um processo participativo, de caráter popular, na definição da política energética nacional”, além da regulamentação de decreto assinado pelo então presidente Luís Inácio Lula da Silva sobre o cadastro de atingidos. Pedia ainda, “a elaboração de uma nova política nacional de tratamento das questões sociais e ambientais nas grandes obras deste país, além de uma série de medidas de caráter emergencial para pagar a histórica dívida que o Estado Brasileiro tem com os atingidos por barragens”.
“Dilma entregou nas mãos da presidente documento que pedia a criação de uma política nacional de direitos para atingidos por barragens”, conta Cleidiane Vieira.
“Essa é uma bandeira histórica do MAB. Hoje, a população atingida fica à mercê das empresas. Não há uma política de estado – nem a nível nacional nem a estadual.”
A política nacional pleiteada por Dilma Ferreira nunca foi implementada, apesar dela lutar nas mobilizações pela implantação de uma política de direitos para atingidos por barragens.

Conflito agrário


O Seminário Mulheres da Amazônia em 2015 (Foto: MAB)

Há um histórico de conflitos agrários na região, segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT). O assentamento Salvador Allende, diz a comissão em seu site, é fruto da ocupação da antiga fazenda Piratininga.
“O local foi ocupado há 12 anos por mais de 400 famílias sem-terra”, informou a CPT. “Desde então, até se tornar um assentamento, foram vários ataques de pistoleiros e conflitos com madeireiros.” Renato Lima, um dos títulos utilizados para se referir ao assentamento, era o nome do antigo proprietário da fazenda.
Em 2007, cerca de 480 famílias ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ocuparam a fazenda Piratininga, diz a CPT. No dia 6 de agosto daquele ano, um grupo de pistoleiros fez disparos contra o acampamento; não foram registradas vítimas.
Ainda segundo a CPT, dias depois, um grupo de 15 homens invadiu o acampamento, fazendo disparos e agredindo os trabalhadores rurais. Depois desse ataque, as famílias deixaram o local, mas retornaram, apesar das ameaças.
Nos anos seguintes, as famílias sem-terra seguiram denunciando os conflitos agrários na região e o desmatamento ilegal, além de reivindicar a desapropriação das terras para fins de reforma agrária.
Segundo histórico da CPT, em 2011, uma ação de reintegração de posse na fazenda despejou cerca de 50 famílias. Algum tempo depois, porém, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) iniciou a medição dos lotes, que deram origem ao assentamento Salvador Allende.
“A gente ainda não sabe ainda se a causa foi conflito agrário”, afirma o advogado José Batista, da CPT, uma vez que o assentamento está consolidado pelo Incra. 
A cidade de Pau D´Arco no dia da chacina na fazenda Santa Lúcia 1 (Foto: MPE do Pará)

Mortes no Pará


Casos recentes demonstram a recorrência de assassinatos envolvendo conflitos agrário no Pará. No dia 12 de março de 2018, Paulo Sérgio Almeida Nascimento foi morto a tiros na zona rural do município de Barcarena. Ele era segundo-tesoureiro da Associação dos Caboclos, Indígenas e Quilombolas da Amazônia (Cainquiama), organização que denunciou vazamentos das bacias de rejeitos da empresa Hydro-Alunorte, no início do ano passado.
Já no dia 15 de abril de 2018, foi assassinado o líder quilombola Nazildo dos Santos Brito, 33 anos, da comunidade Turê III, que fica entre os municípios de Tomé-Açu e Acará, no nordeste paraense. Ele vinha sendo ameaçado por denunciar crimes ambientais na região. Em janeiro deste ano, o Ministério Público do Estado do Pará denunciou o fazendeiro José Telmo Zani pelo assassinato do quilombola. Segundo moradores da comunidade, José Telmo fazia extração ilegal de madeira dentro do território quilombola e ameaçou Nazildo diversas vezes.  
Em 2017, dez trabalhadores rurais foram assassinados na fazenda Santa Lúcia, município de Pau D’Arco, no sul do Pará. A “chacina de Pau D’Arco”, como ficou conhecida, foi executada por policiais civis e militares, que foram denunciados pelo Ministério Público e devem ser julgados por um tribunal do júri com data a ser marcada.
Naquele ano, segundo levantamento da CPT, o Pará teve o maior número de assassinatos por conflitos no campo. De um total de 70 assassinatos, 21 foram no Pará, sendo que dez deles ocorreram na chacina de Pau D’Arco. (Colaborou Kátia Brasil)
 
 Os textos, fotos e vídeos publicados no website da Amazônia Real estão licenciados com uma Licença Creative Commons – Atribuição 4.0 Internacional e podem ser republicados na mídia com os créditos dos autores e da agência.  

http://amazoniareal.com.br/coordenadora-do-mab-e-morta-com-requinte-de-crueldade-no-para/




sexta-feira, 22 de março de 2019

Liderança do Movimento de Atingidos por Barragens é assassinada no Pará





Dilma Ferreira Silva foi assassinada na madrugada desta sexta-feira (22), na região limítrofe entre os municípios de Baião e Tucuruí, região sudeste do Pará. Dilma era uma das lideranças regionais do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), organização que luta pelo reconhecimento de direitos às populações ribeirinhas que habitam as áreas de influência de grandes projetos minerários e hidrelétricos por todo o país.

Em nota divulgada esta tarde, a Secretaria de Segurança Pública do Pará (Segup), confirmou o assassinato da militante. Além de Dilma Ferreira, foram assassinados também Claudionor Amaro Costa da Silva, 42 anos e Hilton Lopes, 38 anos, nascido em Baião. Eles estavam no Projeto de Assentamento Salvador Allende, distante cerca de 60 km do centro de Tucuruí.

Na casa onde os corpos foram encontrados também funcionava um pequeno comércio e estava completamente depredada. Dilma foi encontrada morta em sua cama, enquanto as outras duas vítimas estavam em frente ao comércio.

As investigações estão a cargo da Superintendência de Polícia Civil de Tucuruí e as motivações do triplo homicídio ainda são desconhecidas. Até o início da noite de hoje, os policiais destacados para investigar a cena do crime ainda não haviam retornado à sede do município.

Área de Conflito 

O assentamento Salvador Allende está instalado onde era a antiga fazenda Piratininga, ocupada pela primeira vez em 2007 e desapropriada em 2011. O pecuarista Renato Lima alegava ser o proprietário da gleba, mas averiguações feitas pelo Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra), comprovaram que se tratava de mais um caso de grilagem de terras públicas.  
Segundo o site Brasil de Fato, após denúncia do MAB, Helder Salomão (PT/ES), presidente da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM), cobrou que Helder Barbalho, governador do Pará, Ualame Machado, secretário de Estado de Segurança Pública e Defesa Social, e Gilberto Martins, procurador-geral de Justiça, tomem providências o mais rápido possível para apurar o assassinato. 

Helder Barbalho e Ualame Machado, em viagem a Santarém, até o momento não se pronunciaram sobre o assassinato de Dilma Ferreira.

Em nota publicada no site da Câmara dos Deputados, Salomão ainda solicitou no documento enviado aos demais membros da CDHM, que a comissão seja informada de todas as ações tomadas para apurar o crime. “Considerando as informações preliminares, podemos dizer que possivelmente os crimes são uma reação à luta dessas pessoas pelos direitos humanos”, afirma o deputado

Salomão reforça que a Comissão tem a atribuição de receber, avaliar e investigar as denúncias relativas a qualquer ameaça ou violação de direitos humanos. "Além disso, o assassinato de defensores de direitos humanos é uma grave violação dos compromissos internacionais assumidos pelo Brasil na Assembleia Geral das Nações Unidas”, frisa o deputado.



MAB pede Agilidade na Apuração

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) também se manifestou, denunciando o assassinato de Dilma e seus companheiros. Segue a nota do MAB. 

O Movimento dos Atingidos por Barragens está denunciando o assassinato de atingidos pela barragem de Tucuruí no Pará. Entre os atingidos está Dilma Ferreira Silva, da Coordenação Regional do MAB em Tucuruí.

Em 2011, Dilma participou de audiência com a presidenta da República Dilma Rousseff, entregando um documento onde pedia uma política nacional de direitos para os atingidos por Barragens e atenção especial as mulheres atingidas.

Segundo informações preliminares, a liderança foi assassinada junto ao esposo e familiares. O MAB ainda não sabe ao certo o numero de pessoas assassinadas e nem os motivos do crime.

O assassinato de Dilma é mais um momento triste para a história dos atingidos por barragens, que celebravam no dia de hoje o Dia Internacional da Água.

O MAB exige das autoridades a apuração rápida deste crime e medidas de segurança para os atingidos por barragens em todo o Brasil.

Queremos águas pra a vida, e não para a Morte!

https://ctpbr.blogspot.com/2019/03/lideranca-do-movimento-de-atingidos-por.html

quarta-feira, 13 de março de 2019

Ministério atualiza lista “secreta” de população urbana; veja maiores cidades do Pará

Blog fez levantamento completo do número de habitantes oficial nas cidades, algo desconhecido porque o IBGE não divulgada em suas estimativas anuais os recortes por situação de domicílio.

Foto do Blog Ze Dudu
Qual a população atual das cidades brasileiras e, em especial, das paraenses? Esta é uma pergunta que muitos pesquisadores e estudantes fazem, sem, contudo, ter base de referência oficial, uma vez que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) até divulga anualmente a estimativa da população do país, mas se nega a divulgar informações acerca do número de habitantes por situação de domicílio (urbanos e rurais). O instituto só discrimina urbano e rural em censos demográficos, realizados geralmente em anos terminados em zero, e nas contagens de população, feitas em meio de décadas — embora na década atual não tenha havido em função de cortes injustificados no orçamento para a empreitada.
Mas o Blog do Zé Dudu fez um levantamento inédito e exclusivo com números oficiais do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), que “chupou” dados do IBGE para abastecimento do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS). Ou seja, o IBGE faz, sim, o recorte da população urbana sob encomenda de outros órgãos, valendo-se de percentuais registrados no censo anterior, no caso, o de 2010.
Os números mais recentes disponíveis são de 2017, quando o Pará tinha 8,37 milhões de habitantes, dos quais 5,71 milhões moravam em cidades ou em distritos considerados urbanos. A população rural paraense totalizava 2,66 milhões de pessoas, o que faz do Pará um dos estados com maior concentração de população camponesa do Brasil.

Belém e Ananindeua: as “mega”

Pelo menos oito cidades paraenses já tinham, dois anos atrás, população superior a 100 mil habitantes. A maior delas, Belém, contava com 1,44 milhão de habitantes. Pouco menos de 12.500 moradores da capital são considerados rurais. Belém é uma das maiores metrópoles brasileiras e ocupa a 11ª colocação, atualmente, em tamanho. Demograficamente falando, está espremida entre Goiânia (GO) e Porto Alegre (RS), de acordo com a estimativa da população de 2018 do IBGE, a mais recente.
Mas os números estimados — que sofreram profunda revisão no ano passado em respeito à projeção para um horizonte até 2060 — são controversos. Belém, por exemplo, embora tenha 10 mil habitantes a menos que Goiânia, tem 13 mil eleitores a mais; e embora apareça 6 mil cidadãos maior que Porto Alegre, a capital gaúcha possui 110 mil eleitores à frente da paraense. No fim, apenas o censo demográfico de 2020 vai tirar as muitas dúvidas e lançar luz aos mistérios que envolvem o tamanho da população, que é um dos critérios para turbinar o caixa das prefeituras, estas as quais faturam mais do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), entre outras receitas, quanto maior for a população que tomar conta.
Depois da extremamente citadina capital do Pará, a maior população urbana é encontrada em Ananindeua (514,8 mil habitantes), com quem a metrópole se conurba para formar a Grande Belém (ou Região Metropolitana de Belém). Para fins de delimitação, apenas ruas e avenidas separam as cidades emendadas, que comungam dos mesmos problemas (como deficiência na infraestrutura e violência), mas bebem de fontes de receitas separadas — a Prefeitura de Belém fica com seus R$ 2,61 bilhões de arrecadação de um lado, enquanto a Prefeitura de Ananindeua patina com seus R$ 632 milhões de outro.

O crescimento de Parauapebas

Na sequência, aparecem Santarém (217,1 mil habitantes) e Marabá (216,5 mil habitantes), que duelam pelo título de terceira cidade mais populosa, com alta possibilidade da “Rainha do Tocantins” tomar o título da “Pérola do Tapajós” já no censo de 2020. No recenseamento de 2010, a cidade de Santarém tinha 19,5 mil moradores a mais que a cidade de Marabá.
Em 4º e 5º lugares aparecem Parauapebas (182,3 mil habitantes) e Castanhal (173 mil habitantes). Parauapebas, não é segredo, é a cidade do interior paraense que mais cresceu em número absoluto de moradores de 2010 para cá. Dentro da “Capital Nacional do Minério de Ferro”, nos últimos nove anos, ergueu-se praticamente uma cidade com quase 45 mil novos moradores — é como se uma área urbana do tamanho da riquíssima Barcarena tivesse emergido do nada dentro de Parauapebas, que ultrapassou Castanhal com folga.
Depois, ainda há a metropolitana Marituba (126,5 mil habitantes) e Tucuruí (105,2 mil), que completam o time das cidades com mais de 100 mil moradores. Essas cidades possuem consideráveis adensamentos urbanos e manchas interessantes quando vistas em mapas com recortes cartográficos, denotando o acelerado processo de expansão populacional, quase sempre — e frequentemente — desacompanhado de desenvolvimento e qualidade de vida no Pará.

O que estimativas não mostram

Entre 50 mil e 100 mil habitantes, há 12 outras cidades paraenses, algumas das quais espécie de muitas dúvidas quanto a seu real tamanho. Altamira, por exemplo, é o caso mais emblemático, por ter crescido desesperadamente à esteira da construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, entre 2012 e 2015, quando se deu o pico das obras. É esperado que a cidade de Altamira ultrapasse a de Tucuruí em tamanho nos resultados finais do censo de 2020, assim como se espera que a população do município (e não da cidade) de São Félix do Xingu seja corrigida para menor em relação ao número absurdo conferido no censo de 2010.
Nas contas do IBGE, São Félix do Xingu teria hoje aproximadamente 125 mil habitantes, mas outras estatísticas oficiais e com apurações inclusive mensais (como de eleitorado, mercado de trabalho, pobreza, educação e receita) passam na contramão e ao largo do contingente voraz discriminado pelas estimativas do órgão, que poderá ter a chance de rever a população municipal e constatar que São Félix nunca chegou sequer a 100 mil habitantes.
A mesma justiça — porém, para mais — deve ser feita com Canaã dos Carajás, para quem o instituto insiste em atribuir menos de 40 mil habitantes, quando, em verdade, o município recebeu metade disso apenas entre 2014 e 2016, período do pico das obras do projeto S11D, da multinacional Vale. Atualmente, a cidade de Canaã dos Carajás se comporta como uma área urbana de 50 mil habitantes, mas, nas contas do IBGE, seriam apenas 28 mil moradores citadinos. Canaã dos Carajás, entre 2000 e 2010, em cujo entremeio foi erguido o projeto Sossego, já aparecia no listão dos dez municípios brasileiros com maior expansão populacional. Em 2020 não será diferente.

A menorzinha de mil e poucos

Muito longe da badalação e das polêmicas das cidades grandes e das que se acham como tais, três cidadezinhas do Pará estão quase invisíveis no mapa. O trio não tem sequer 2.000 moradores. São cidades menos populosas que 30 dos 55 bairros de Parauapebas. Elas são Santarém Novo (1.922 habitantes), Bannach (1.196 habitantes) e São João da Ponta (1.169 habitantes).
Embora Bannach seja sempre reportado como o município menos populoso do Pará (e é), sua cidade não é a menor. Isso acontece porque a população da cidade é apenas uma parte do todo, que é a população do município. Entre os três municípios citados, inclusive, Bannach é quem tem a maior taxa de população urbana: 37,5% — enquanto Santarém Novo tem 29,5% e São João da Ponta, 19,6%.
O município com mais elevada taxa de população urbana é Ananindeua (99,8%), seguido de Belém (99,1%), Marituba (99%), Tucuruí (95,2%), Redenção (92,7%), Soure (91,4%) e Parauapebas (90,1%).
Os menos urbanos são Chaves (11,9%), Água Azul do Norte (19,5%), São João da Ponta (19,6%) e São João do Araguaia (19,7%). 3
Em valores absolutos, os municípios com maiores contingentes de população vivendo no campo ou em povoados considerados rurais são Santarém (79,3 mil habitantes), Barcarena (77,1 mil), Cametá (75,4 mil), São Félix do Xingu (63,2 mil), Abaetetuba (63,2 mil), Marabá (55,1 mil) e Moju (51,1 mil).
Confira a lista completa abaixo.
População dos Municípios e das Cidades – 2017: https://www.zedudu.com.br/wp-content/uploads/2019/03/Populacao-dos-Municipios-e-das-Cidades-2017-1.pdf

https://www.zedudu.com.br/ministerio-atualiza-lista-secreta-de-populacao-urbana-veja-maiores-cidades-do-para/

domingo, 10 de março de 2019

Desmatamento na Amazônia aumenta mais de 50% em janeiro

Suzana Camargo



sexta-feira, 1 de março de 2019

Ministério Público adquire ferramentas para investigar PCs e celulares

Soluções são fornecidas pela Cellebrite e incluem kit móvel para extrair dados 

de dispositivos


O Ministério Público do Estado de São Paulo anunciou nesta semana a aquisição de ferramentas para realizar investigações forenses em computadores e dispositivos móveis.
Conforme o órgão, as soluções adquiridas são fornecidas pela desenvolvedora especializada Cellebrite e tem o objetivo de melhorar a capacidade e a estrutura de investigação dos promotores e procuradores.
As novas ferramentas do MP-SP incluem um kit móvel para extrações de dados de dispositivos móveis e computadores, e soluções para análise rápida e precisa de dados e para a criação e compartilhamento de relatórios dinâmicos – veja uma lista completa das funcionalidades abaixo.
De acordo com o comunicado publicado pelo órgão em seu site, as solicitações para uso dessas soluções adquiridas poderão ser realizadas diretamente ao CAEX, e o suporte será dado pelo CTIC.
Funcionalidades
Confira abaixo as principais funcionalidades das ferramentas da Cellebrite adquiridas pelo Ministério Público de São Paulo:
•  A análise de grandes volumes de fontes de dados heterogêneos, de modo que os usuários poderão organizar, pesquisar, mapear, visualizar e gerenciar dados simultaneamente, identificando padrões, revelando conexões e descobrindo pistas com mais velocidade e maior precisão;
• Análise de arquivos lógicos e dados extraídos fisicamente, descoberta de indícios críticos e quebra de padrões, senhas ou bloqueios de PIN, superando os desafios de criptografia;
• Extração, preservação e análise de dados de redes sociais públicas e privadas, mensagens instantâneas, armazenamento de arquivos e outros conteúdos baseados em nuvem, e a respectiva pesquisa, filtragem e e classificação dos dados com facilidade para identificar rapidamente os suspeitos, vítimas, locais e muito mais;
• Criação e compartilhamento pelos membros do MPSP de relatórios dinâmicos, o que proporciona uma maneira simples e intuitiva de colaborar com integrantes da equipe que podem não ter acesso aos produtos de extração, decodificação e análise da Cellebrite;
• Possibilidade de implantação do uso das ferramentas de perícia digital em um PC, laptop, servidor ou outro hardware, na hipótese de perícia em laboratório ou investigação de campo;
• Kit móvel para extrações de dados de dispositivos móveis e computadores durante as operações.
• Extração física de dados e a extração de bloqueio de usuários de telefones fabricados com chipsets chineses, como MTK e Spreadtrum
IDG Now! agora é itmidiacom. Para ler mais notícias, acesse.

https://itmidia.com/ministerio-publico-adquire-ferramentas-para-investigar-pcs-e-celulares/