sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

Identificados pecuaristas financiadores do golpe via Pix, que a polícia ainda não procurou

Marabá e Xinguara no Pá, em evidencia

Agenda do poder | Redação | Política | 20 de janeiro de 2023 - 08:35

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O Pix de uma loja de informática em Xinguara, no sul do Pará, era divulgado por fazendeiros da região para arrecadar verbas para atos antidemocráticos. 

Trechos de conversas de WhatsApp, obtidos pela Repórter Brasil, e vídeos publicados em redes sociais revelam o empenho de empresários para levantar recursos e manter acampamentos bolsonaristas no Pará e em Brasília (DF), onde radicais pediam intervenção militar contra a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A reportagem da Repórter Brasil foi publicada no UOL.

Os depósitos eram direcionados para a USA Brasil de Xinguara. Na cidade, a loja é associada ao empresário Ricardo Pereira da Cunha, conhecido como “Ricardo da USA Brasil”. Ele foi citado por um dos três envolvidos no atentado a bomba em Brasília em dezembro. 

Quando foi preso, George Washington de Oliveira Sousa disponibilizou à polícia os números de dois empresários do Pará para avisar do ocorrido — um deles era Cunha, segundo o jornal Correio Braziliense.

Cunha, que não é investigado pelo atentado, faz parte do Direita Xinguara, movimento conhecido por fazer campanha pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e espalhar outdoors atacando Lula e a esquerda. 

Segundo as conversas privadas acessadas pela Repórter Brasil, empresários ligados a esse grupo espalharam a vaquinha na conta da USA Brasil para financiar ações golpistas ao menos desde novembro.

Entre os empresários empenhados na arrecadação está Enric Juvenal da Costa Lauriano, que participou pessoalmente do ataque às sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro. 

“Ó que lindo, que lindo! O povo tomando aqui, ó!”, exclamou Lauriano, enquanto gravava a tomada do Congresso Nacional. As imagens foram transmitidas em seu Instagram. Lauriano não consta na lista de presos após o incidente de Brasília.

No dia 7 de novembro – pouco mais de uma semana após o segundo turno das eleições -, o empresário encaminhou em um grupo de WhatsApp o número de Pix da USA Brasil para “quem quiser ajudar nas despesas de Marabá” – onde fica o 52º Batalhão de Infantaria de Selva, um dos principais pontos de protestos bolsonaristas no Pará.

Em vídeo do final de novembro, Lauriano sugere atuar na organização da barraca do sul do Pará montada em frente ao quartel-general do Exército em Brasília. “Nosso acampamento está aqui para dar suporte e estrutura para aqueles que chegarem ainda. Não vamos arredar o pé daqui enquanto não resolverem essa situação que o Brasil vem vivendo”, declarou.

Em 2020, Lauriano tentou se eleger prefeito de Xinguara pelo PSL e, no ano passado, foi candidato a primeiro suplente de senador na chapa encabeçada por Flexa Ribeiro (PP-PA) — político ligado a uma associação que faz lobby pró-garimpo, inclusive para a mineração em terras indígenas. Lauriano declarou à Justiça Eleitoral patrimônio de R$ 3,3 milhões.

O empresário é dono da JP Construtora, mas está enveredando pelo garimpo. A Agência Nacional de Mineração lhe deu permissão, em agosto passado, para extrair minério de ouro no Pará por cinco anos.

A riqueza da família, porém, vem do boi. Enric é filho de Onício Lauriano, pecuarista com fazendas em pelo menos três municípios do sul do Pará. No mesmo grupo de WhatsApp em que o filho divulgou o Pix para as “despesas de Marabá”, Onício compartilhou, em 9 de dezembro, uma “rifa de um touro Senepol e uma bezerra Nelore em pro [sic] da manifestação em Brasília”. Com custo de R$ 200, a rifa vendeu mais de cem bilhetes. A arrecadação foi feita pela conta bancária da USA Brasil.

Na família, também Franklin Lauriano, irmão de Enric e coordenador do Direita Xinguara, tem postado vídeos em que desdenha da democracia. Em um deles, aparece em frente ao batalhão de Marabá, ajudando a puxar o coro “SOS Forças Armadas”. Vestia uma camiseta verde com os dizeres: “O Brasil que queremos só depende de nós.” No mesmo dia, ele pediu para outros pecuaristas apoiarem o acampamento.

 

https://www.agendadopoder.com.br/politica/identificados-pecuaristas-financiadores-do-golpe-via-pix-que-a-policia-ainda-nao-procurou/


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Um comentário:

Anônimo disse...

Tem que acabar com garimpeiro madeireiro que não plantou uma árvore e nem deixou nada de baixo da terra tem que acabar mesmo