domingo, 4 de agosto de 2024

Brasil demonstra exemplar postura diplomática na eleição venezuelana

 

EDITORIAL 247

Tradição brasileira de busca pela solução pacífica de conflitos não é meramente retórica 

BRASIL 247 EDITORIAL | 04 de agosto de 2024, 05:37 h | 201 Partilhas 

Fotos ilustrativas Celso Amorim e Lula

As recentes eleições presidenciais na Venezuela, que culminaram com a provável vitória de Nicolás Maduro, colocaram o Brasil em uma posição de interesse na arena internacional.

Entende-se o papel do Brasil, liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu assessor internacional Celso Amorim, na busca por um consenso hemisférico sobre a legitimidade da eleição.

O Brasil, em parceria com Colômbia e México, tem procurado demandar da Venezuela um fluxo de informações transparente que garanta credibilidade aos números divulgados pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela.

A estratégia era construir um consenso que reconhecesse Maduro como o provável vencedor de forma inequívoca. O próprio presidente venezuelano reconheceu e agradeceu o esforço dos três países.

Essa abordagem construtiva também incluiu esforços para envolver os Estados Unidos, na esperança, talvez vã, de formar uma frente conjunta com a Casa Branca, para legitimar o resultado eleitoral.

A boa-fé brasileira não pode ser usada como uma armadilha na política latino-americana. A posição dos Estados Unidos, onde o presidente Joe Biden inicialmente aplaudiu os esforços do Brasil, contrasta com a subsequente atitude de seu secretário de Estado, Anthony Blinken, que acusou fraude na apuração e declarou unilateralmente vitória para o candidato da oposição Edmundo González, aliado da extremista Maria Corina Machado. Esse descompasso nas declarações revela uma fragilidade na coordenação internacional e um risco de utilização da posição cautelosa do governo brasileiro em benefício de interesses desestabilizadores. A demora na apresentação das atas eleitorais no país não implica que o poder eleitoral esteja querendo fraudar os resultados para beneficiar um candidato. Seja como for, as atas serão apresentadas, checadas e daí, com transparência, os países poderão reconhecer ou não a vitória de Maduro.

Em contraste, o Brasil demonstrou um exemplar papel diplomático em relação à crise envolvendo a Venezuela e a Argentina. A expulsão dos diplomatas argentinos pela Venezuela deixou um vácuo. Os argentinos solicitaram e o Brasil prontamente preencheu, assumindo a representação diplomática no país vizinho. Até o descontrolado Milei agradeceu.

Vale destacar que tal atitude foi adotada apesar dos reiterados e inaceitáveis ataques pessoais do presidente argentino Javier Milei a Lula.

O episódio evidenciou o tradicional compromisso do Brasil com a cooperação com foco nas necessidades das populações envolvidas, mesmo quando não são cidadãos brasileiros os diretamente afetados.

Lula e a chancelaria brasileira puderam mostrar nesse episódio que suas atitudes em defesa de diálogo e paz como forma na resolução de conflitos não são meramente retóricas, mas um verdadeiro compromisso com a diplomacia, neste caso com a estabilidade regional.

Ao lidar com tanto espírito diplomático na crise gerada pelo descontrolado presidente Javier Milei, o Brasil do presidente Lula reafirma seu papel como referência de maturidade na política internacional. Lula, mais uma vez, evidencia sua rara dimensão de estadista.

Num contexto complexo, a atitude brasileira serve como um modelo de como a diplomacia pode e deve ser conduzida com integridade e visão clara, doutrinária, de longo prazo. Uma abordagem que implica priorizar a paz e a cooperação na América Latina, apesar das distinções que sempre ocorrem entre os interesses das nações.


Tags

Lula   Celso Amorim   Venezuela

 

Brasil demonstra exemplar postura diplomática na eleição venezuelana


Comentários, Avaliações, Ponto de Vista, Criticas, Elogios e Sugestões!

Obs:

Pode ser assinado ou anônimo se assim preferir


Nenhum comentário: