quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Morreu ‘sem reconhecer crimes’: imprensa internacional repercute óbito de Alberto Fujimori

DITADOR

Ex-ditador do Peru (1990-2000), falecido nesta quarta-feira (11/09), cometeu crimes contra humanidade, como massacres contra civis e esterilização forçada de mulheres indígenas e pobres

Redação Opera Mundi | São Paulo |  12 de setembro de 2024, | às 12:00




O ex-ditador do Peru Alberto Fujimori morreu na última quarta-feira (11/09), aos 86 anos de idade, decorrente de problemas de saúde causados por um câncer que sofria há cerca de quatro anos.

Trazendo o retrospecto político do ex-governante, que chegou a ser eleito de forma legítima em 1990, o jornal peruano La Republica destaca que Fujimori “morreu sem reconhecer seus crimes”.

O periódico refere-se às diversas violações aos direitos humanos cometidas durante o seu governo (1990-2000), como os massacres de Barrio Alto (1991) e La Cantuta (1992), pelos quais ele foi condenado pela Justiça em 2009.

Fujimori também foi considerado culpado de promover, durante sua ditadura, um programa de esterilização forçada de mulheres residentes em comunidades indígenas e em bairros pobres de Lima e outras zonas metropolitanas do país.

A imprensa peruana ainda ressalta que apesar das condenações que recebeu, Fujimori morreu sem ser culpado pelo massacre de Pativilca, em 1992. “O de Pativilca está pendente”, destaca.

O La Republica lembra que, condenado a 25 anos de prisão pelos crimes contra a humanidade, o ex-ditador foi solto em dezembro passado por “razões humanitárias”, devido ao seu quadro de saúde. O jornal ainda mencionou que “o próprio Fujimori, sua defesa jurídica e seu ambiente familiar e político costumavam alegar o péssimo estado das condições do ex-presidente para promover sua libertação”.

Keiko Sofia Fujimori Higuchi/Facebook
Fujimori morreu por problemas de saúde causados por um câncer que sofria há cerca de quatro anos

“Ele é, como aponta o historiador José Ragas, um dos personagens mais polarizadores que o Peru já teve. Também é verdade que o seu regime era autoritário, profundamente corrupto e violador dos direitos humanos”, escreve o jornal.

O argentino Clarín lembra que os massacres de Barrios Altos e La Cantuta foram “execuções a sangue frio” pelo ex-presidente, classificado como “um autocrata”, que governou com “mão de ferro”.

“Ele acabou com a guerrilha maoísta Sendero Luminoso, prendendo seus principais líderes e liquidando toda a resistência armada”, narra o periódico.

De acordo com o Clarín, seu governo foi baseado em “violações dos direitos humanos, corrupção e a anulação de grande parte da legalidade constitucional” após realizar um golpe de Estado

Já a BBC, da Inglaterra, destaca a morte de Fujimori, o presidente peruano “que foi para a prisão por violações aos direitos humanos”.

“Poucas figuras na história do Peru polarizaram tanto o país como Fujimori”, escreve a matéria. Para os seus simpatizantes, ele salvou o país de um duplo mal: a guerrilha e o colapso económico. Para os seus críticos, ele era um autoritário que abusou das instituições democráticas e dos direitos humanos para se manter no poder”, afirma o jornal.



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