O povo no poder. Essa foi uma das maiores conquistas para os participantes da Revolta da Cabanagem, que ocorreu na província do Grão-Pará, região que hoje compreende os estados do Amapá, Pará, Amazonas, Rondônia e Roraima, entre os anos de 1835 e 1840, durante o Período Regencial (1831-1840).
Por Rosa Alexandre - AID - Comunicação Social | 24/01/2022 15h04 - Atualizada em 24/01/2022 18h26
Cabanagem, por Benedito MelloFoto: Ozeas Santos (AID/Alepa)
Esse período foi marcado por agitações políticas e revoltas com interesses diferentes, influenciadas após D. Pedro I abdicar do trono brasileiro, em 07 de abril de 1831, em favor de seu filho Pedro II, que, por ser menor de idade, não pôde assumir o cargo.
O Brasil passou a ser comandado por regentes. Nem sempre os
presidentes das províncias nomeados pelos regentes agradavam a população
local.Isso aconteceu no Grão Pará, que recebia pouca atenção do governo
central e era comandado por Bernardo Lobo de Sousa, um presidente
autoritário, que foi morto pelos revoltosos na primeira fase da Revolta
da Cabanagem.
A Revolta da Cabanagem recebeu este nome porque a maioria dos
rebeldes morava em cabanas às margens dos rios dessa grande região.
Melhoria de suas condições sociais e econômicas, e a disputa pelo poder
político estavam entre as principais reivindicações dos rebeldes
indígenas, mestiços, negros, comerciantes e fazendeiros. Estava em jogo,
portanto, a independência da região do domínio português.
A Revolta da Cabanagem durou cinco anos e foi uma das mais
violentas do Período Imperial, pois morreram aproximadamente 30 mil
pessoas na capital e no interior da Província.
Nessa batalha estavam entre os mortos lideres cabanos (Félix
Clemente Malcher) e o presidente da Província (Bernardo Lobo de Sousa).
Malcher foi o primeiro líder, mas ao assumir o poder, traiu os cabanos. Essa rebelião popular teve ainda como líderes os irmãos Francisco e Antônio Vinagre, Eduardo Angelim e o cônego Batista Campos, um dos mentores do movimento.
Foto: Agência Pará (AID/Alepa)
Muitos historiadores acreditam que foi a primeira rebelião que o povo tomou o poder mesmo que temporariamente. Dentre os motivos do fracasso da Revolta da Cabanagem estavam traições e a disputa interna entre os líderes cabanos.
A tropa enviada em 1840 pelo Governo Central pôs fim na rebelião.
Matança das populações ribeirinha, indígena, quilombola e membros da
elite local, bem como a desorganização do tráfico de escravos e
crescimentos dos quilombos estavam entre as consequências da Revolta dos
Cabanos.
Esse momento histórico não pode ser esquecido pela população do
Pará que ganhou em 1985, durante do governo de Jader Barbalho, o
Memorial da Cabanagem, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, única
obra dele no Pará.
Foto: Agência Pará (AID/Alepa)
Foto: Agência Pará (AID/Alepa)
O Memorial da Cabanagem representa a luta heroica do povo cabano. Nesse memorial, estão os restos mortais dos principais líderes cabanos.
A Assembleia Legislativa do Estado também não deixou de homenagear esse fato histórico paraense ao denominar em seu artigo 1° que "A Assembleia Legislativa do Estado do Pará tem sua sede na Capital do Estado e funciona no Palácio Cabanagem, conforme a Resolução n. 4/74.
No plenário Newton Miranda, onde são apreciadas e votadas as proposições de interesse da população paraense, a obra pintada por Benedito Mello sobre o movimento da Cabanagem tem lugar de destaque. "É uma obra importante para relembrar de uma passagem marcante da nossa história ", afirma o presidente do Pode Legislatívo, deputado Chicão.
Deputado Chicão, Presidenta da Alepa Foto: Ozeas Santos (AID/Alepa)
A tela também inspirou a escolha do nome "Palácio Cabanagem", para a sede do legislativo paraense.
Foto: Ozeas Santos (AID/Alepa)
A Praça Batista Campos é outra homenagem que Belém presta à Revolta da Cabanagem, em especial, ao mentor da Revolta, o cônego e jornalista Batista Campos.
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