Rastreando o dinheiro
De acordo com Leonardo Sobral, gerente de certificação florestal do Instituto Imaflora, o comércio ilegal de madeira nativa gera impactos ambientais, econômicos e sociais – sendo que, “Nos três pilares, as perdas são irreparáveis.” Com destaque para as perdas de floresta, biodiversidade, e serviços ecológicos, além de dinheiro que poderia abastecer os cofres públicos, há ainda a perda de condições de vida dos povos que dependem das florestas em pé. Mas o que move esse comércio é o interesse de algumas pessoas e empresas em obterem ganhos financeiros, sem se preocuparem que seja de forma destrutiva, desleal e insustentável. Para dar ‘nome aos bois’, diversas organizações da sociedade civil vêm rastreando o fluxo do dinheiro associado às atividades de desmatamento ilegal no Brasil.
A Global Witness, por exemplo, um instituto internacional de pesquisa sobre direitos humanos, já identificou que grandes bancos internacionais, como BlackRock, HSBC e Santander, têm emprestado ou investido bilhões de dólares em empresas que estão desmatando a Amazônia brasileira em grande escala. Martha Marcuson, porta-voz da Global Witness, explica que “As instituições financeiras que aportam nestas empresas são cúmplices na destruição da floresta e nos abusos de Direitos Humanos associados.”
Porém, os principais cúmplices da exploração predatória de madeira e seus impactos negativos são instituições brasileiras. Instituições como Banco do Brasil, BNDES, Bradesco e Itaú se destacam na lista de bancos que financiam empresas madeireiras, entre outras do setor florestal, que apresentam “risco de desmatamento”, de acordo com estudos da coalizão internacional Florestas e Finanças. Estes bancos alegam adotar critérios de melhores práticas ambientais, sociais e de governança em seus planos de investimento, conhecido como ESG – embora pareça mais ESG-washing.
Aliás, o financiamento de empresas que desmatam, feito por bancos nacionais e estrangeiros, aumentou 40% desde que o Acordo de Paris foi estabelecido, em 2015. Isto indica que os compromissos para controlar a degradação ambiental e as mudanças climáticas ainda não estão sendo levados a sério por instituições do setor privado.
“O setor privado precisa entender seu papel dentro desse ecossistema e buscar diminuir o impacto ambiental de suas operações,” diz Bruno Hisamoto, pesquisador do Instituto ClimaInfo e especialista em negociações ambientais internacionais. Mas destaca que o maior entrave no combate ao desmatamento e comércio ilegal de madeira, é a falta de fiscalização e ação do governo brasileiro.
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