Um dos principais suspeitos do desaparecimento confessou na 4ª feira ter ajudado a ocultar corpos
Poder360 16.jun.2022 (quinta-feira) - 20h57
Indígena discursando durante vigília feita pelos funcionários da Funai em homenagem a Dom e Bruno
Diversas entidades ambientais se manifestaram e estão cobrando o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) depois de um dos principais suspeitos do desaparecimento do jornalista Dom Phillips e do indigenista Bruno Pereira, Amarildo da Costa Oliveira, ter confessado à PF (Polícia Federal) a morte dos 2.
Amarildo declarou ter ajudado a ocultar os corpos do jornalista e do indigenista, depois de terem sido assassinados. O suspeito, conhecido como “Pelado”, disse à PF que sabe a localização dos corpos, conforme apurou o Poder360. Falou também que não foi o responsável pelas execuções, que teriam sido por tiro de arma de fogo.
Organizações criticaram a ausência de fiscalização e controle da região do Vale do Javari, no Estado do Amazonas –onde Dom e Bruno estavam desaparecidos desde 5 de junho.
UNIVAJA
A Univaja (União dos Povos Indígenas do Vale do Javari), instituição responsável por notificar o desaparecimento de Bruno e Dom, afirmou que a morte dos 2 é uma “perda inestimável”.
A organização destaca ter sido a responsável por encontrar a área que, posteriormente, passou a ser alvo das investigações de Polícia Federal, Exército, Marinha e Corpo de Bombeiros.
Segundo a Univaja, o assassinato do jornalista e do indigenista constitui um “crime político”, já que ambos eram defensores dos direitos humanos e morreram desempenhando atividades em prol dos povos indígenas.
O movimento indígena relembrou que enviou diversos ofícios sobre uma quadrilha de pescadores e caçadores profissionais, vinculados a narcotraficantes, ao Ministério Público Federal, à Polícia Federal e à Funai (Fundação Nacional do Índio), mas que as providências não foram tomadas com a “devida rapidez” e que, por isso, Phillips e Pereira foram mortos.
Em nota, os indígenas do Vale do Javari manifestam sua preocupação e afirmam que Bruno Pereira não era a única pessoa ameaçada. Eis a íntegra (533 KB).
WWF
A organização WWF também se manifestou sobre o caso. Em nota, a instituição fez uma crítica direta ao discurso do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), promovendo a soberania da Amazônia, mas que, na realidade, a floresta é marcada por diversas organizações criminosas relacionadas ao narcotráfico, garimpo, grilagem, caça e pesca ilegais
“Enquanto nos discursos oficiais ‘a Amazônia é nossa’ e ‘não abrimos mão de nossa soberania’, na prática o que vemos são assassinatos brutais sem esclarecimento ou punição.”
Segundo o WWF, o governo brasileiro abandonou a Amazônia por um “projeto sem sentido de destruição da floresta e de extermínio de seus povos”.
O comunicado afirma que houve relutância por parte do Estado em iniciar as buscas por Dom e Bruno, chamando a demora de “descaso do governo” com a Amazônia e os defensores dos povos indígenas. Além disso, a organização destacou que o Brasil é o 4º país do mundo que mais mata ativistas ambientais, de acordo com levantamento da própria ONG. Eis a íntegra (65 KB).
COIAB
A Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira) lamentou a morte do indigenista e do jornalista.
Em nota, a entidade reforçou a presença de atividades ilegais em territórios indígenas e pediu para que as investigações sobre o crime fossem ampliadas e que fosse feita uma fiscalização “efetiva” no Vale do Javari.
“Esses atentados não ficarão impunes. Nós, povos e organizações indígenas permaneceremos vigilantes e cobrando o Estado brasileiro para que se faça justiça”, diz o documento. Eis a íntegra (396 KB).
RAPS
A Raps (Rede de Ação Política pela Sustentabilidade) destacou que a região do Vale do Javari sofre com “a ausência de fiscalização e controle”, o que reflete na presença do narcotráfico e de outras atividades.
Segundo a instituição, a morte de Phillips e Pereira serve de alerta para a sociedade. O comunicado fala ainda da necessidade para garantir a segurança do local, enfatizando que o crime não é um “caso isolado”. Eis a íntegra (319 KB).
ANISTIA INTERNACIONAL
A diretora-executiva da Anistia Internacional Brasil, Jurema Werneck, também falou sobre a morte de Bruno e Dom.
No site oficial da anistia, Werneck afirmou que o Brasil é um dos países que “mais mata ambientalistas e defensores dos direitos humanos”. Segundo a diretora, isso é consequência de uma política que promove ataques à legislação ambiental e desmantela instituições de proteção aos direitos dos indígenas.
Werneck disse ainda que o governo Bolsonaro não pode “fechar os olhos para os crimes que acontecem na Amazônia” e que é dever do Estado brasileiro proteger aqueles que protegem os direitos dos povos indígenas.
OBSERVATÓRIO DO CLIMA
A coalizão de organizações da sociedade civil brasileira Observatório do Clima publicou em seu site oficial uma nota de pesar lamentando a morte do indigenista e do jornalista.
Segundo a nota, o crime tem cúmplices na gestão Bolsonaro: o Palácio do Planalto e as Forças Armadas. O observatório diz que o governo reagiu ao desaparecimento com “a mesma crueldade” com que tratou as mortes durante a pandemia.
A organização apontou que o Exército adiou “o quanto pôde” o início das buscas e que o atual presidente da Funai, Marcelo Xavier, “lavou as mãos”.
O observatório disse ainda que Bolsonaro culpou as vítimas. “A necropolítica, marca do atual governo, também está presente nas mortes de Dom e Bruno”, disse.
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