domingo, 22 de setembro de 2024

Prisão de Glauber Braga gera problema para governador do Rio

PRISÃO

Glauber foi liberado junto com três estudantes da Uerj detidos na ação de desocupação do Pavilhão João Lyra Filho, no Maracanã. Os universitários estudam enfermagem, jornalismo e oceanografia.

Matéria do Correio do Brasil | Por Redação – do Rio de Janeiro | 21/09/2024

O deputado Glauber Braga (PSOL), embora tenha se identificado, foi preso pela tropa de choque da PM
 
O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) foi liberado na noite passada, após passar a tarde detido por defender estudantes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) em uma ação de despejo. Ao deixar a Cidade da Polícia, na Zona Norte da Cidade, o parlamentar disse que “hoje é um dia lamentável do ponto de vista do que foi feito, estudante lutando pelo direito de ficar na universidade e sendo recebido por bomba”. Glauber foi liberado junto com três estudantes da Uerj detidos na ação de desocupação do Pavilhão João Lyra Filho, no Maracanã. Os universitários estudam enfermagem, jornalismo e oceanografia.

A detenção de Braga gerou, ainda, um problema institucional para o governador do Estado do Rio, Cláudio Castro. O presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), enviou um ofício ao governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), solicitando a soltura do deputado e que suas prerrogativas do parlamentar fossem respeitadas.

O Pavilhão João Lyra Filho, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), no Maracanã, foi liberado pouco antes das 15h, com a entrada da tropa de choque da Polícia Militar, que cumpriu determinação da Justiça para liberação do prédio. A reitoria da universidade disse que na segunda-feira o prédio será avaliado para verificar o se necessita de reparo.

‘Lamentável’

Em nota, o deputado estadual Flavio Serafini, presidente da executiva estadual do PSOL/RJ, criticou a posição da universidade.

“É lamentável o que aconteceu na Uerj hoje. O deputado federal Glauber Braga, jornalistas e estudantes foram presos, em um episódio que jamais deveria ocorrer em uma universidade pública. A luta dos alunos por seus direitos precisa ser ouvida e respeitada, e não respondida com repressão. “Nossa solidariedade a Glauber, aos jornalistas e estudantes da Uerj. Repúdio a qualquer forma de violência que impeça o diálogo e o avanço da educação pública”, escreveu Serafini.

O coronel André Matias, do Comando de de Operações Especiais (COE), fez um relato da desocupação do prédio. Um policial que participou da desocupação ficou ferido ao manejar um artefato explosivo [bomba de efeito moral] da própria corporação. Ele foi levado para o hospital central da corporação, no Estácio e está fora de perigo. O comandante Matias explicou que o deputado federal Glauber Braga foi detido por atrapalhar o cumprimento do mandado judicial e que a Uerj já está totalmente desocupada. Além do deputado federal, três estudantes também foram detidos: um de enfermagem, outro de oceanografia e um terceiro de jornalismo.

— O deputado federal obstruiu o cumprimento do mandado judicial, inclusive se colocando entre a polícia e uma aluna que foi presa. A Uerj está oficialmente desocupada. Não tem mais alunos. Está entregue ao procurador da universidade. Os que participavam da ocupação saíram da universidade por conta própria. Fugiram da ocupação enquanto a Polícia Militar entrava. Eles saíram do local no momento em que a gente cumpria o mandado — disse o oficial.

Ocupação

A Uerj foi ocupada pelos estudantes no dia 26 de julho último. A ocupação do pavilhão foi uma forma de protesto contra mudanças nas regras para a concessão de bolsas e auxílios de assistência estudantil. Eles pedem a revogação do Ato Executivo de Decisão Administrativa 038/2024, que estabelece, entre outras medidas, que o auxílio-alimentação passará a ser pago apenas a estudantes cujos cursos tenham sede em campi que ainda não disponha de restaurante universitário. O valor do auxílio- alimentação será de R$ 300, pago em cotas mensais, de acordo com a disponibilidade orçamentária.

Mais cedo, em nota, o PSOL criticou a prisão de Braga e afirmou que o parlamentar foi alvo de uma ação ostensiva dos policiais militares, que teriam utilizado “bombas, caveirão e armas menos letais” contra os estudantes. Ainda de acordo com o texto do partido, o parlamentar teria apenas tentado defender a ocupação da violência policial.
 
 
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