PRISÃO
Glauber foi liberado
junto com três estudantes da Uerj detidos na ação de desocupação do
Pavilhão João Lyra Filho, no Maracanã. Os universitários estudam
enfermagem, jornalismo e oceanografia.
Matéria do Correio do Brasil | Por Redação – do Rio de Janeiro | 21/09/2024
O deputado Glauber Braga (PSOL), embora tenha se identificado, foi preso pela tropa de choque da PM |
O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) foi liberado na noite passada, após passar a tarde detido por defender estudantes da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) em uma ação de despejo. Ao deixar a Cidade da Polícia, na Zona Norte da Cidade, o parlamentar disse que “hoje é um dia lamentável do ponto de vista do que foi feito, estudante lutando pelo direito de ficar na universidade e sendo recebido por bomba”. Glauber foi liberado junto com três estudantes da Uerj detidos na ação de desocupação do Pavilhão João Lyra Filho, no Maracanã. Os universitários estudam enfermagem, jornalismo e oceanografia.
A detenção de Braga gerou, ainda, um problema institucional para o governador do Estado do Rio, Cláudio Castro. O presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), enviou um ofício ao governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), solicitando a soltura do deputado e que suas prerrogativas do parlamentar fossem respeitadas.
O Pavilhão João Lyra Filho, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), no Maracanã, foi liberado pouco antes das 15h, com a entrada da tropa de choque da Polícia Militar, que cumpriu determinação da Justiça para liberação do prédio. A reitoria da universidade disse que na segunda-feira o prédio será avaliado para verificar o se necessita de reparo.
‘Lamentável’
Em nota, o deputado estadual Flavio Serafini, presidente da executiva estadual do PSOL/RJ, criticou a posição da universidade.
“É lamentável o que aconteceu na Uerj hoje. O deputado federal Glauber Braga, jornalistas e estudantes foram presos, em um episódio que jamais deveria ocorrer em uma universidade pública. A luta dos alunos por seus direitos precisa ser ouvida e respeitada, e não respondida com repressão. “Nossa solidariedade a Glauber, aos jornalistas e estudantes da Uerj. Repúdio a qualquer forma de violência que impeça o diálogo e o avanço da educação pública”, escreveu Serafini.
O coronel André Matias, do Comando de de Operações Especiais (COE), fez um relato da desocupação do prédio. Um policial que participou da desocupação ficou ferido ao manejar um artefato explosivo [bomba de efeito moral] da própria corporação. Ele foi levado para o hospital central da corporação, no Estácio e está fora de perigo. O comandante Matias explicou que o deputado federal Glauber Braga foi detido por atrapalhar o cumprimento do mandado judicial e que a Uerj já está totalmente desocupada. Além do deputado federal, três estudantes também foram detidos: um de enfermagem, outro de oceanografia e um terceiro de jornalismo.
— O deputado federal obstruiu o cumprimento do mandado judicial, inclusive se colocando entre a polícia e uma aluna que foi presa. A Uerj está oficialmente desocupada. Não tem mais alunos. Está entregue ao procurador da universidade. Os que participavam da ocupação saíram da universidade por conta própria. Fugiram da ocupação enquanto a Polícia Militar entrava. Eles saíram do local no momento em que a gente cumpria o mandado — disse o oficial.
Ocupação
A Uerj foi ocupada pelos estudantes no dia 26 de julho último. A ocupação do pavilhão foi uma forma de protesto contra mudanças nas regras para a concessão de bolsas e auxílios de assistência estudantil. Eles pedem a revogação do Ato Executivo de Decisão Administrativa 038/2024, que estabelece, entre outras medidas, que o auxílio-alimentação passará a ser pago apenas a estudantes cujos cursos tenham sede em campi que ainda não disponha de restaurante universitário. O valor do auxílio- alimentação será de R$ 300, pago em cotas mensais, de acordo com a disponibilidade orçamentária.
Mais cedo, em nota, o PSOL criticou a prisão de Braga e afirmou que o parlamentar foi alvo de uma ação ostensiva dos policiais militares, que teriam utilizado “bombas, caveirão e armas menos letais” contra os estudantes. Ainda de acordo com o texto do partido, o parlamentar teria apenas tentado defender a ocupação da violência policial.
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