domingo, 15 de maio de 2022

Jornal da polícia


Imagem Ilustrativa
 
Fotos de sete cadáveres ilustram a edição de hoje do caderno de polícia do Diário do Pará. Fotos bem abertas - e aberrantes. Nada de novo: desde que foi criado, o tabloide sangrento faz sensacionalismo com as imagens de pessoas (pobres ou qualificadas previamente - sem o direito de defesa e esclarecimento - de bandidos) para atrair leitores mórbidos e vender exemplares. Não sei se há algo parecido na imprensa mundial. Acho que não há mais.

Além de ser recurso comercial, o caderno se tornou o porta-voz dos policiais, provavelmente dos piores policiais das corporações estaduais, principalmente da PM, a fonte de todas as informações do repórter quase único do jornal, JR. Avelar. Mas, acima de tudo, o legitimador das intervenções violentas, arbitrárias e sem controle dos policiais violentos, das turmas de extermínio daqueles considerados bandidos. Quem lê a publicação deve ter constado a repetição do enredo: os marginais perseguidos reagem aos policiais, atiram contra eles, invariavelmente sendo mortos, enquanto os agressores não sofrem qualquer ferimento.

A fórmula pronta está numa das matérias da edição de hoje. Apesar de cercado por vários policiais (o número certo é omitido), que chegaram em um veículo e em motos, o bandido Diego Darley investiu contra eles atirando com um revólver artesanal. Morreu, é claro. Foi em Santa Izabel do Pará, na Grande Belém.

Em Capanema, os executados foram dois de quatro bandidos perseguidos. Um foi preso logo que os policiais chegaram ao local, sem ter reagido. Um quarto fugiu. E dois estavam entocados num buraco na parede da casa em que se abrigaram, numa área da periferia da cidade; A princípio, não reagiram. Surpreendentemente, começaram a atirar quando o reforço pedido pelos policiais que já estavam no local chegou. Morreram, pois.

O jornal do governador Helder Barbalho e do senador Jader Barbalho também apoiou a execução de cinco bandidos que invadiram a residência do vice-prefeito de Cachoeira do Piriá e nela fizeram reféns (que liberaram quando fugiram). JR Avelar não diz se a execução (a tiros, pedradas e golpes de terçado) foi pela população revoltada ou a mando do vice-prefeito, cujo nome não informa.

E assim segue o Diário do Pará, morgue sensacionalista e porta-voz dos policiais truculentos.

 

https://lucioflaviopinto.wordpress.com/2022/05/14/jornal-da-policia/  


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