No acumulado do ano, bioma já perdeu quase 4 mil km², cifra 10% maior do que mesmo período do ano passado. Números foram atualizados pelo INPE nesta sexta-feira (8)
Cristiane Prizibisczki | 8 de julho de 2022
Desmatamento e incêndios deixam Amazônia cada vez mais próxima do pontode não retorno. Foto: Vinícius Mendonça/Ibama |
O desmatamento na Amazônia bateu novo recorde em junho e chegou a 1.120 km², a pior cifra da série histórica do programa de alertas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), o Deter. A área perdida no mês é maior do que a cidade do Rio de Janeiro. Os números foram atualizados nesta sexta-feira (8) pelo Instituto.
No acumulado do ano, já foram derrubados 3.987 km² de floresta, número 10% maior do que o mesmo período do ano passado e também o pior de toda a série histórica do Deter, iniciada em 2016.
A área perdida entre janeiro e junho já representa 30% de tudo que foi desmatado no ano de 2021, quando 13.038 km² (taxa consolidada) de florestas vieram ao chão.
A expectativa de especialistas é que, se o desmatamento continuar no ritmo que está, a destruição na Amazônia chegue a 15 mil km² ao final do ano.
Historicamente, o desmatamento tende a crescer em anos de eleição, devido ao afrouxamento nas ações de fiscalização nas diferentes esferas de poder, com o intuito de beneficiar – ou não desagradar – o eleitorado.
Desmatamento nos estados
Segundo o Deter, sistema de alertas de desmatamento do INPE, em junho, o Amazonas foi o estado com maior área desmatada. No período, foram registrados 400 km² de derrubadas nesta unidade da federação, um salto de 82% em relação ao mesmo período do ano passado, quando 219 km² de floresta vieram ao chão no território amazonense.
O segundo lugar no ranking de desmatadores ficou com o Pará, com 381 km² perdidos. O número é 13% menor do que o mesmo período do ano passado, quando 438 km² de floresta foram desmatados no estado.
Rondônia novamente aparece em terceiro lugar no ranking, com 139 km². O número é 17% menor do que o mesmo período do ano passado, mas não menos ruim para este estado, que vem desbancando outras unidades com histórico de desmatamento, como Mato Grosso.
Junho é considerado o primeiro mês da estação seca na Amazônia, mas ainda não é o pior período do desmatamento, que acontece entre julho e setembro.
“É mais um triste recorde para a floresta e seus povos. Esse número só confirma que o Governo Federal não tem capacidade, nem interesse, de combater toda essa destruição ambiental, seja por ação ou omissões o que vemos é uma escalada inaceitável da destruição da floresta e do massacre de seus povos e defensores”, diz Rômulo Batista, porta-voz da campanha Amazônia do Greenpeace Brasil.
Cristiane Prizibisczki
Cristiane Prizibisczki é Alumni do Wolfson College – Universidade de Cambridge (Reino Unido), onde participou do Press Fellow... →
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