Pouco mais de um mês após as mortes de Bruno Pereira e Dom Phillips, o Vale do Javari sofre agora com a presença de garimpeiros. De acordo com a UNIVAJA, servidores da base de proteção etnoambiental da FUNAI no rio Jandiatuba foram ameaçados por homens armados na 6a feira (15/7). “Os homens armados perguntaram quantos funcionários (dentre eles, indígenas do Povo Matis) estavam trabalhando naquela base, com clara intenção de assediar os servidores”, disse a UNIVAJA em nota.
Suspeita-se que a ameaça esteja relacionada com uma ação de fiscalização do garimpo feita na região em fevereiro e março passados. A ação, que contou com a participação de Bruno, mapeou os principais pontos de presença do garimpo, bem como o fluxo da atividade garimpeira no rio Jandiatuba. De acordo com a UNIVAJA, essas informações foram repassadas à FUNAI e à Polícia Federal, mas não houve ação subsequente do poder público para coibir o garimpo ilegal no Vale do Javari.
“Nesse contexto de insegurança, após mais de um mês dos assassinatos de Bruno e Dom, a UNIVAJA vem alertar que nenhuma providência concreta foi tomada para atuação ativa e preventiva do Estado brasileiro através de suas instituições competentes em relação à segurança das pessoas (indígenas e não-indígenas) do Vale do Javari”, destacou a entidade. Carta Capital e O Globo repercutiram a notícia.
Enquanto isso, no rio Madeira, as balsas de garimpo voltam a dominar a paisagem no município de Autazes (AM), mais de seis meses após a retirada dos garimpeiros da região pela Polícia Federal. A Amazônia Real sobrevoou a área, localizada no entorno das comunidades ribeirinha Rosarinho e indígena Urucurituba, onde avistaram cerca de duas dezenas de embarcações enfileiradas. Estima-se que mais de cem pessoas estejam trabalhando nessas balsas. A reportagem também identificou focos de desmatamento dentro da área habitada pelos indígenas do Povo Mura.
Ainda no Madeira, o g1 reportou a decisão do Tribunal de Justiça de Rondônia que derrubou parte do decreto do governo estadual que autorizou a exploração de ouro no rio. O decreto, publicado em janeiro de 2021 pelo governador Marcos Rocha, regulamentou a atividade garimpeira no Madeira, derrubando restrições antigas e atropelando exigências relativas ao licenciamento ambiental. Para o Ministério Público de RO, no entanto, o decreto é inconstitucional, já que decretos executivos no Estado só poderiam regulamentar ou complementar leis já existentes. Além disso, o texto contraria “o compromisso internacional do Estado brasileiro na Convenção de Minamata e de disposições legais que regulam o uso de mercúrio e de cianeto na extração de minério”.
Em tempo: Na Folha, Rafael Balago abordou a manifestação de um grupo de parlamentares dos EUA que encaminhou carta ao secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, pedindo que o país cobre do Brasil providências adicionais nas investigações sobre as mortes de Bruno e Dom no Vale do Javari. O texto também cobra a Casa Branca por mais pressão sobre as autoridades brasileiras para combater o desmatamento na Amazônia e a presença de grupos e atividades criminosas na floresta.
ClimaInfo, 20 de julho de 2022.
Suspeita-se que a ameaça esteja relacionada com uma ação de fiscalização do garimpo feita na região em fevereiro e março passados. A ação, que contou com a participação de Bruno, mapeou os principais pontos de presença do garimpo, bem como o fluxo da atividade garimpeira no rio Jandiatuba. De acordo com a UNIVAJA, essas informações foram repassadas à FUNAI e à Polícia Federal, mas não houve ação subsequente do poder público para coibir o garimpo ilegal no Vale do Javari.
“Nesse contexto de insegurança, após mais de um mês dos assassinatos de Bruno e Dom, a UNIVAJA vem alertar que nenhuma providência concreta foi tomada para atuação ativa e preventiva do Estado brasileiro através de suas instituições competentes em relação à segurança das pessoas (indígenas e não-indígenas) do Vale do Javari”, destacou a entidade. Carta Capital e O Globo repercutiram a notícia.
Enquanto isso, no rio Madeira, as balsas de garimpo voltam a dominar a paisagem no município de Autazes (AM), mais de seis meses após a retirada dos garimpeiros da região pela Polícia Federal. A Amazônia Real sobrevoou a área, localizada no entorno das comunidades ribeirinha Rosarinho e indígena Urucurituba, onde avistaram cerca de duas dezenas de embarcações enfileiradas. Estima-se que mais de cem pessoas estejam trabalhando nessas balsas. A reportagem também identificou focos de desmatamento dentro da área habitada pelos indígenas do Povo Mura.
Ainda no Madeira, o g1 reportou a decisão do Tribunal de Justiça de Rondônia que derrubou parte do decreto do governo estadual que autorizou a exploração de ouro no rio. O decreto, publicado em janeiro de 2021 pelo governador Marcos Rocha, regulamentou a atividade garimpeira no Madeira, derrubando restrições antigas e atropelando exigências relativas ao licenciamento ambiental. Para o Ministério Público de RO, no entanto, o decreto é inconstitucional, já que decretos executivos no Estado só poderiam regulamentar ou complementar leis já existentes. Além disso, o texto contraria “o compromisso internacional do Estado brasileiro na Convenção de Minamata e de disposições legais que regulam o uso de mercúrio e de cianeto na extração de minério”.
Em tempo: Na Folha, Rafael Balago abordou a manifestação de um grupo de parlamentares dos EUA que encaminhou carta ao secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, pedindo que o país cobre do Brasil providências adicionais nas investigações sobre as mortes de Bruno e Dom no Vale do Javari. O texto também cobra a Casa Branca por mais pressão sobre as autoridades brasileiras para combater o desmatamento na Amazônia e a presença de grupos e atividades criminosas na floresta.
ClimaInfo, 20 de julho de 2022.
https://climainfo.org.br/2022/07/20/garimpeiros-ameacam-agentes-da-funai-no-vale-do-javari/
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