segunda-feira, 25 de julho de 2022

Ex-cunhado denuncia que viu “caixas de dinheiro vivo” na casa de Bolsonaro na Barra; “você só vê o Jair destruindo pacotão de dinheiro”, descreve

 

Caso vai ser contado em livro da repórter investigativa Juliana Dal Piva que sai em setembro
 
Gustavo Kaye | Manchete Política·24 de julho de 2022 - 17:04 | Última atualização: 24 de julho de 2022 - 17:16

A editora Zahar vai lançar, em setembro, um pouco antes das eleições de outubro, o livro “O Negócio do Jair, A História Proibida do Clã Bolsonaro”, da jornalista, repórter investigativa e colunista do UOL Juliana Dal Piva. A obra é resultado de mais de três anos de investigação sobre o suposto envolvimento do presidente Jair Bolsonaro (PL) e sua família no esquema de “rachadinha” — entrega de salários de assessores na Assembleia Legislativa do RJ e Câmara Federal.
 
Livro está em pré-venda

A informação é do colunista e repórter do jornal O Globo Lauro Jardim em sua coluna de hoje, domingo, (24), no jornal impresso e no blog on line.

Lauro diz que o livro, “ao ser escrito por Juliana Dal Piva, é garantia antecipada de apuração obsessiva e cuidadosa, e que o texto traz revelações sobre a relação do presidente com André Siqueira Valle, o ex-cunhado demitido do gabinete de Bolsonaro por não devolver a quantia exigida pelo então deputado.

Segundo Lauro, Juliana detalha que o cunhado Valle viu caixas de dinheiro vivo dentro da casa de Bolsonaro na Barra da Tijuca no período em que vivia com a irmã e seu marido. Outros ex-funcionários também relatam ter visto quantias graúdas de dinheiro em espécie na residência do casal.

Eis um trecho do livro: “André seguia a rotina combinada, mas não gostava de entregar tanto dinheiro ao cunhado. Passou a desabafar com amigos, em sigilo, que aquilo era errado. E observou com atenção algumas caixas de dinheiro vivo que o casal guardava em casa. Certa ocasião, contou: “Pô, você não tem ideia como que é. Chega dinheiro…Você só vê o Jair destruindo pacotão de dinheiro. ‘Toma, toma, toma’. Um monte de caixa de dinheiro lá [na casa]. Você fica doidinho”. Quem frequentava aquela casa não conseguia ignorar tanta grana. Marcelo Nogueira também viu muitas notas por lá. O casal mantinha um cofre no quarto, bem abastecido quando das campanhas eleitorais.”

O livro promete fazer muito barulho antes das eleições, segundo algumas pessoas que já tiveram acesso às revelações da repórter, muito respeitada no jornalismo investigativo.

Já é sabido que o presidente Jair Bolsonaro demitiu o ex-cunhado André Siqueira Valle do cargo de assessor por não entregar a maior parte do seu salário para um suposto esquema de rachadinha. O caso teria ocorrido quando Jair Bolsonaro ainda era deputado federal e foi revelado por gravações da irmã do assessor, Andrea Siqueira Valle, obtidas pelo UOL.

André Siqueira é irmão da segunda mulher de Bolsonaro, Ana Cristina Siqueira Valle. Bolsonaro se casou com ela em 1998 e desde então pelo menos 18 parentes de Ana Cristina foram nomeados a cargos em seu gabinete ou no dos filhos Carlos e Flávio.

As nomeações são alvos de investigação por um suposto esquema de funcionários fantasmas e rachadinhas que chegam a 90% do valor do salário dos nomeados.

De acordo com as gravações, André se negou a entregar parte do seu salário e então foi demitido a pedido de Bolsonaro.

“O André deu muito problema porque ele nunca devolveu o dinheiro certo que tinha que ser devolvido, entendeu? Tinha que devolver R$ 6.000, ele devolvia R$ 2.000, R$ 3.000. Foi um tempão assim até que o Jair pegou e falou: ‘Chega. Pode tirar ele porque ele nunca me devolve o dinheiro certo’. Não sei o que deu pra ele”, conta Andrea em um trecho do áudio.

Além dos áudios, Andrea teria revelado em pelo menos outras duas ocasiões a fontes próximas a ela o esquema de desvio de salários operado no gabinete de Jair, segundo a reportagem.

André trabalhou no gabinete de Jair Bolsonaro entre novembro de 2006 a outubro de 2007. Neste período seu salário era de 6.010,78 reais. Apenas nos últimos 15 dias, em uma breve mudança de cargo antes de ser exonerado, passou a receber metade deste valor, cerca de 3 mil reais.

Antes de ser nomeado no gabinete de Jair Bolsonaro, André também ocupou cargo no gabinete de Carlos Bolsonaro, entre 2001 e 2005 e depois de fevereiro de 2006 até novembro daquele ano, quando foi nomeado por Jair.

Já a irmã Andrea, autora das gravações, é o centro da investigação de esquema de rachadinha no gabinete de Flávio Bolsonaro. Ela ocupou cargos nos gabinetes de Jair, Carlos e Flávio durante vinte anos.

De acordo com a investigação, no período em que ocupou os cargos, Andrea frequentava academias três vezes ao dia e fazia bicos de faxineira. Enquanto esteve no gabinete de Flávio, ela ainda teria sacado em dinheiro mais de 98% dos seus vencimentos, 663 mil reais.

 

https://www.agendadopoder.com.br/manchete/caixas-de-dinheiro-vivo-na-casa-de-bolsonaro-na-barra-da-tijuca-sao-denunciadas-por-seu-ex-cunhado-em-livro-de-reporter-investigativa/?utm_source=newsletter&utm_medium=email&utm_campaign=destaques_desta_manha_no_agenda_do_poder&utm_term=2022-07-25 

 

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