domingo, 17 de julho de 2022

Família, amigos e conhecidos de garimpeiro morto pelo Tático desmentem que ele fosse bandido

 

Durante o enterro Jesiael Silva Lucena, na manhã deste sábado (16), a comoção dominava a todos. Quem conhece a família, garante que a vítima não era bandido, muito menos de facção. E sim trabalhador 
 
Blog do Zé Dudu | Publicado em 16/07/2022 | às 18:17

Na manhã deste sábado (16), foi sepultado, no Cemitério Jardim da Saudade, em Parauapebas, o corpo do jovem garimpeiro Jesiael da Silva Lucena, de 24 anos de idade. Ele perdeu a vida em intervenção policial militar, na margem do Rio Azul, na região da Vila Sansão, território de Marabá, na última quarta-feira (13), fato noticiado no Blog Zé Dudu.

Após ter circulado a matéria nos veículos de comunicação, com base nas informações da Polícia Militar, relatando que a vítima seria integrante em uma facção criminosa e que no local estaria ameaçando os guardas florestais da empresa de vigilância que presta serviços para mineradora Vale, a família procurou a Imprensa local para refutar as acusações de que Jesiael Lucena e os garimpeiros detidos eram integrantes de grupo criminoso e que estariam ameaçando os guardas da empresa, conforme denunciou o supervisor dos vigilantes à Polícia Militar.

Amigos, empresários e um professor que conheciam Jesiael desde criança participaram do velório que ocorreu na Vila Paulo Fonteles e na manhã deste sábado (16), e acompanharam o cortejo até o cemitério onde sobre forte comoção.

O empresário José Vieira da Costa, conhecido como Zezão, morador da Vila Paulo Fonteles, onde residia o garimpeiro morto, disse que conhece a família, pais e o irmão de Jesiael Lucena, há 23 anos e afirma ter absoluta certeza de que ele não era bandido: “Era um trabalhador, um pai de família que deixou três filhinhos, trabalhava dia e noite para sobreviver, para pagar as contas e os funcionários dele e do irmão”, assegurou Zezão, que fez uma importante declaração: “As únicas armas que eles tinham no garimpo eram duas por forazihnas, e nenhuma estava carregada. O rapaz pedindo [pra não atirarem] com as mãos para cima, para que eles foram matar o pai de família?”. 

O professor Virgílio de Jesus Oliveira, de quem Jesiael Lucena e o irmão foram alunos, na também na Vila Paulo Fonteles, afirma que conhecia o rapaz e diz que eles sempre tiveram “garra e vontade de trabalhar para dar o sustento para suas famílias”. “E a gente ouvir esses relatos, a respeito deles, dá uma tristeza, porque são jovens que estavam ali, em busca do sustento”.

Josias Nunes Lucena, pai de Jesiael, garante que as duas espingardas encontradas no local estavam descarregadas. E fez uma importante observação: “Como e que os vigilantes dizem para a polícia que ali havia um grupo de bandidos de facção, armados? Quem foi que já viu um grupo de facção trabalhando dentro daquela mata, desde às 6 horas da manhã? E armado com duas espingardas por fora?”.

Um dos garimpeiros, que pediu para ter a identidade preservada, temendo pela vida, relatou que, por volta das 13h30, todos já estavam se retirando da área, quando os policiais do Grupo Tático chegaram. Contou que Jesiael estava levando a espingarda, descarregada, e, quando viu os policiais, imediatamente levantou os braços, num gesto de rendição, mesmo assim, foi baleado no peito. Ele também negou que os homens do grupo tenham ligação alguma com facção criminosa. Tanto assim, que, após prestarem depoimento à Polícia Civil, todos foram liberados. 

Resta, agora, ao 23º BPM e à empresa de vigilância da mineradora Vale se manifestarem sobre o caso. O espaço está aberto.  

(Caetano Silva)

 

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