quarta-feira, 13 de julho de 2022

Escolas escancaram a desigualdade no acesso à Internet no Brasil

 

O TIC Educação 2021, divulgado nesta terça-feira, 12/07, pelo CETIC.br/NIC.br, escancara a desigualdade no acesso à Internet nas escolas brasileiras. Pela primeira vez,a pesquisa ouviu os professores e não os gestores das escolas, e um ponto relevante foi constatado: se 1,5 milhão de professores disseram terem tido algum tipo de formação para dar as aulas remotas, outros 800 mil disseram que não tiveram qualquer tipo de orientação das escolas. Maior parte das aulas aconteceu por meio de aplicativos gratuitos e pelas redes sociais.

A reclamação dos professores com relação à velocidade de acesso à Internet também foi unânime. A maior parte dos professores usou o acesso Wi-Fi das escolas - considerado de baixa velocidade -ou o próprio pacote de dados 3G ou 4G. E que por muitas vezes, o que permitiu transmitir o ensino foi a voz tradicional pelo telefone celular.

Ana Paula Lobo* ... 12/07/2022 ... Convergência Digital


“As escolas rurais ainda têm uma questão a mais em relação à conectividade. Em algumas regiões onde estão localizadas as escolas, não há acesso à internet de boa qualidade ou mesmo não há acesso à internet. A oferta de planos de banda de larga e de conexão nessas regiões é mais limitado. Então, de fato, nas escolas rurais, nós temos uma situação mais crítica em relação ao uso das tecnologias”, afirmou a coordenadora da pesquisa, Daniela Costa.

O TIC Educação 2021 aponta que, no segundo ano da pandemia, a maioria dos professores afirmou que a escola onde atua ofereceu aulas e atividades aos alunos na modalidade híbrida (91%), combinando estratégias educacionais tanto remotas quanto presenciais. Dois quintos (39%) mencionaram que a escola onde lecionam tiveram aulas totalmente remotas, porcentagem superior à oferta de aulas integralmente presenciais (12%) no período pesquisado.

Quanto ao apoio oferecido pela escola ou rede de ensino para a realização das atividades remotas, a maioria dos professores (60%) afirmou ter recebido acesso gratuito a aplicativos, plataformas e recursos educacionais. As proporções foram menores entre os professores de escolas municipais (49%) se comparadas àquelas dos que atuam em escolas estaduais (74%) e particulares (70%).

A reclamação por mais conectividade é comprovada nesse item. Ao serem indagados sobre os meios de conexão,  os professores de escolas estaduais foram os que mais reportaram a oferta, pela rede de ensino, de chip de celular ou custeio do plano de dados e voz (18%) -- nas municipais a porcentagem foi de apenas 7%. Já 26% dos docentes afirmaram não ter recebido nenhum tipo de apoio, percentual que foi maior entre os professores que lecionam em escolas municipais (34%) e entre escolas rurais (36%).

O uso de materiais impressos foi a principal estratégia adotada pelos professores para a comunicação e envio de atividades para os alunos. Entre os docentes de escolas públicas, destacaram-se os materiais didáticos e as atividades disponíveis nos sítios dos governos, das prefeituras ou das secretarias de educação, recurso adotado por 80% dos professores das instituições estaduais e 62% das municipais.

Plataformas de aulas síncronas e que exigem maior capacidade de banda foram mais citadas por professores de escolas estaduais (82%) e particulares (91%) do que por escolas municipais (54%). Além do envio e da recepção de atividades, os professores também fizeram uso de estratégias para tirar dúvidas dos estudantes. Novamente destacaram-se as atividades impressas, mencionadas por 93% dos docentes, e também o uso de aplicativos de mensagem instantânea (91%) e do telefone, pela voz, (83%).

O levantamento traz uma triste constatação: a defasagem na aprendizagem dos alunos figura entre os desafios enfrentados por professores de todos os estratos, inclusive das escolas particulares. A grande maioria (93%) apontou o problema durante a coleta de dados. Entre as medidas para apoiar os estudantes, a maior parte dos entrevistados mencionou a combinação de aulas de recuperação presenciais e remotas com o uso de tecnologias digitais (58%), com porcentagem menor entre os que lecionam em escolas municipais. Outro recurso muito citado foi o agrupamento de alunos por nível de aprendizagem (55%). No total, 19% dos professores não destacaram nenhuma atividade.

"No levantamento realizado em 2020 com gestores escolares, uma proporção similar desses educadores destacou o problema da falta de dispositivos e de conectividade. Embora tenham sido implementadas políticas públicas de apoio aos estudantes e professores, o que podemos observar é que no segundo ano de pandemia dificuldades semelhantes continuaram a ser identificadas, agora pelos professores", lamentou Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br|NIC.br. 

A TIC Educação, de âmbito nacional, entrevistou, por telefone, 1.865 professores que representam os docentes de escolas públicas e particulares, urbanas e rurais do país. As entrevistas foram feitas entre setembro de 2021 e maio de 2022.

 

https://www.convergenciadigital.com.br/Inclusao-Digital/Escolas-escancaram-a-desigualdade-no-acesso-a-Internet-no-Brasil-60824.html 

 

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