segunda-feira, 4 de julho de 2022

PF: Força-tarefa de Segurança Pública será instalada no Pará

 

Anúncio é feito pelo superintendente da PF, Fábio Andrade. Ação será concretizada com um ACT em julho

Foto: Filipe Bispo / O Liberal

As ações de prevenção e combate ao crime organizado, envolvendo tráfico de drogas, garimpo ilegal, lavagem e falsificação de dinheiro, crimes relacionados à pedofilia e outros, serão intensificadas a partir deste mês de julho, por meio da integração de órgãos e instituições nas esferas federal, estadual e municipal no Pará, por meio de uma força-tarefa de Segurança Pública. Quem adianta as informações sobre essa estratégia é o superintendente regional da Polícia Federal no Pará, delegado Fábio Marcelo Andrade. "A nossa intenção é firmar um Acordo de Cooperação Técnica (ACT) até 22 de julho", destaca Fábio Andrade, natural do Rio de Janeiro, com experiência no combate ao tráfico de drogas e outras ações policiais, além de ter atuado no sistema de segurança no Rio de Janeiro durante a Copa do Mundo em 2014. Entre as ações da PF em tela, está o projeto de instalação de uma delegacia no município de Itaituba, no sudoeste do Pará. Em 2021, foram 298 prisões efetuadas no Estado.

O reforço na cobertura de ações da PF a partir da Força-Tarefa deverá intensificar em muito o combate à criminalidade no Pará, que em 2020 registrou apreensão de 1.754 quilos de drogas; 1.828 quilos, em 2021; 404 quilos, até junho de 2022. O valor total de bens apreendidos (carros, terrenos, etc) no Estado é de: R$ 21.957.037,88, em 2020; R$ 43.953.024,00, em 2021; R$ 23.780.192,63, até junho de 2022.

Inquéritos

Em 2021, a PF instaurou 89 inquéritos (tipo penal) relacionados à pesquisa, lavra e extração de recursos minerais sem autorização (garimpo). Até agora, em 2022, 47 inquéritos desse tipo foram instaurados. Com relação à moeda falsa, foram instaurados 39 inquéritos em 2021 e 20 em 2022 até agora.

Em 2021, foram cumpridos 380 mandados de busca no Estado; em 2022, até agora, foram 244. Em 2021, 67 operações foram realizadas e, em 2022, 25. Em 2021, foram 72 ações de apoio a operações e 15 em 2022. Prisões em flagrante: 187 em 2021 e 55 em 2022. Outras prisões foram 111 em 2021 e 35 até agora em 2022. Na soma total de prisões (em flagrante e outras), foram 298 em 2021 e 90 em 2022 até agora. A Superintendência Regional da PF no Pará é a primeira colocada no Índice de Produtividade Operacional (IPO) no Brasil. Esse é o Índice que apura as operações, investigações, e o Pará é destaque no cenário nacional.         

Diferença

"Eu saí pela primeira vez do Rio de Janeiro para um Estado que é intenso", ressalta o superintendente Fábio. Após contrair a covid-19 no Pará em 2021,  Fábio Andrade ficou em recuperação e, depois, em dezembro assumiu a função na  PF no Pará. Nesse período que antecedeu ao começo do trabalho, o superintendente refletiu sobre a importância capital das pessoas na Polícia, e, a partir disso, buscou concretizar ações para fortalecer a atuação do quadro profissional na corporação, considerando, como diz, que o Pará recebe muitos policiais recém-empossados, inclusive, com 20 anos de idade, em um ambiente totalmente diferente da terra-natal.

"Passei muitos anos na DRE (Delegacia de Repressão a Entorpecentes), no Rio de Janeiro, e uma coisa que eu trouxe de lá é o trabalho integrado. No Rio de Janeiro, as melhores operações que nós desenvolvemos por lá fizemos com a integração entre a Polícia Federal, Polícia Civil, Polícia Militar, Polícia Rodoviária, Sistema Penal, Marinha, Exército, Aeronáutica. Então, assim, o trabalho integrado vai fazer diferença nesse Estado tão grande", destaca.

PF pretende ampliar cobertura de ações no Pará, afirma superintendente Fábio Andrade
PF pretende ampliar cobertura de ações no Pará, afirma superintendente Fábio Andrade (Foto: Filipe Bispo / O Liberal)

"Por exemplo, nós estamos criando a Força-Tarefa de Segurança Pública no Estado. A gente acredita que por meio dessa Força-Tarefa nós vamos conseguir desenvolver um trabalho ainda melhor. Porque, isoladamente, cada extensão sabe o que faz. A Polícia Civil sabe o que faz, a Polícia Rodoviária sabe o que faz, a Polícia Militar sabe o que faz. Nós sabemos também fazer o nosso dever de casa. Mas existem situações nas quais a integração colabora efetivamente no combate ao crime organizado. Então, os infratores da lei têm que começar a se preocupar. Porque se, isoladamente, a gente sabe trabalhar e a gente oferece esse retorno para a sociedade, juntos nós seremos imbatíveis", enfatiza.

Como repassa o superintendente, a partir de conversações com o secretário de Estado de Segurança Pública e Defesa Social, Ualame Machado, a ideia é começar o quanto antes, a patir do ACT. "Assim que estiver pronta essa parte formal, nós começaremos a operar aqui dentro da Superintendência. A ideia é que tenhamos policiais da Polícia Civil, da Polícia Militar, Polícia Rodoviária; também colocaremos todas as instituições que compõem a Segup, Detran, Corpo de Bombeiros. A gente está vendo a possibilidade de  convidar para a Força-Tarefa a SEAP (Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Para), porque dentro da SEAP também tem muitos dados de Inteligência que a gente não pode desprezar", adianta´

Acerca da participação das Forças Armadas nesse conjunto de órgãos, o superintendente Fábio Andrade destaca que elas são colaboradoras especiais, porque reúnem muitos dados para subsidiar o planejamento e execução de ações policiais. Ele lembrou que recentemente foi deslanchada a Operação Ágata que resultou na apreensão de grande quantidade de minério manganês.

Na operação Ágata Norte, em junho, foi feita a maior apreensão de minério ilegal no país. Foram capturadas 202 mil toneladas de manganês, cobre e cassiterita, em Vila do Conde, em Barcarena (PA). O balanço total da operação encerrada em 9 de junho foi estimado em R$ 201,4 milhões em materiais ilícitos apreendidos. Como informou o Governo Federal, foram apreendidos, ainda, 309 kg de cocaína, 2.850 kg de pescado, 218 m³ de madeira, 7.600 caixas de cigarro, 77 embarcações, 20 veículos, 13 armas, 188 munições, 5 motosserras, e 1.200 litros de combustível.

Foi interceptada uma embarcação que transportava 26 kg de maconha e 600 pílulas de ecstasy, sendo encontradas 12 pessoas de origem cubana que saíram do Suriname em direção ao Brasil. Da ´operação participaram órgãos federais e estaduais do Pará, Amapá e Maranhão.

Escola

É esse sistema de ações, de forma integrada que o superintendente da PF pretende viabilizar no Pará em parceria direta dos gestores dos órgãos de Segurança Pública.

"O caminho aqui, no Pará, é a integração, operacional, de Inteligência", reitera. Fábio Andrade exemplifica a proposta, pontuando que houve um caso de tráfico de entorpecentes em um navio, e, então, a PF solicitou o apoio do Corpo de Bombeiros com seus mergulhadores, no que foi atendida.

"O Pará é uma escola maravilhosa", observa o superintendente. Ele explica que no Rio de Janeiro para ir até Campos dos Goitacazes se demorava três horas de viagem em uma rodovia privatizada. Na outra direção, deslocando-se para São Paulo pega-se a via Dutra, também uma rodovia privatizada. No caso, 200, 300 km. Agora, no Pará, roda-se 1 mil km e se está dentro da circunscrição de uma delegacia. E se tem uma estrada, depois, uma estrada de chão, rio, lugar em que se segue a pé, na selva. Acaba sendo, então, como pontua Fábio Andrade, uma dificuldade bem expressiva, mas também, um desafio imenso, porque se tem que contar com a colaboração de outros atores.

Como, por exemplo, na falta de helicóptero, faz-se parceria com uma instituição que dispõe desse tipo de veículo, e por aí vai. "Com a integração, nós temos a capacidade de chegar aonde for necessário; porque sozinho, eu não consigo", salienta. Os desafios na realidade amazônica, no Pará, em particular, transforma os jovens policiais em guerreiros, como frisa o superintendente.

O garimpo ilegal é um problema recorrente no cenário amazônico, mas para se fazer uma investigação correta e completa há necessidade de planejamento para se agir. A PF tem agido com essa sistemática, ou seja, deslanchando operações e planejando outras para frente. Esse desafio vale para garimpo ilegal e desmatamento em terras indígenas.

No combate ao tráfico de drogas no Pará, a Superintendência tem tido apoio do Grupo Especial de Investigações Sensíveis (Gise), ligado à Brasília (DF). A PF, como pontua o superintendente, está atenta a crimes relacionados à pedofilia e tem informações de que pessoas, no Pará, produzem conteúdos perversos.

Sobre dinheiro falso em circulação, Fábio Andrade lembra que há duas semanas a PF fez três operações sobre moedas falsas, resultando em dois flagrantes. A PF tem aprendido cédulas falsas no Pará e conta com um laboratório próprio para análise do assunto.

A Superintendência tem investigação em andamento acerca de contrabando de armas, ou seja, tráfico e utilização de armas dentro da cidade por parte de criminosos. "Esse é um dos temas da Força-Tarefa de Segurança Pública, repressão ao tráfico internacional de armas e venda e compra de armas de forma ilegal local", salienta. O trabalho escravo é uma frente de atuação dos policiais federais, como ocorreu recentemente no Arquipélago do Marajó. O Ministério Público do Trabalho tem sido um parceiro nesse tipo de ação.

Delegacia

Na prevenção e combate ao crime, a PF tem pela frente como maior dificuldade a logística, mas para superá-la, a Superintendência Regional mantém contato direto com a Direção e Geral e busca viabilizar ações estratégicas para o Estado. Além da sede em Belém, a PF conta com quatro delegacias descentralizadas: Santarém, Altamira, Marabá e Redenção.

No contexto da Operação Guardiões do Bioma, do Ministério da Justiça, abrangendo ações contra o desmatamento e garimpo ilegal, "tem uma região chamada Itaituba a que nós estamos muito atentos, com muita força para conseguir inaugurar uma delegacia lá". Então, se nós conseguirmos emplacar a Delegacia de Itaituba ( na região sudoeste do Pará) eu acho que vai ser uma conquista muito importante para o Estado, para a Polícia Federal como um todo".

A maior dificuldades para o combate à criminalidade, nas várias frentes de atuação de criminosos, é a logística, como pontua o superintendente da PF. Mas, a Superintendência conta com o apoio da Direção Geral e de parceiros para encaminhar ações, inclusive, a entrada em funcionamento da Força-Tarefa de Segurança Pública.

https://www.oliberal.com/belem/pf-forca-tarefa-de-seguranca-publica-sera-instalada-no-para-1.556712

 

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